Todos os jogos eram válidos pelo interminável Gauchão de 1994, disputado por 23 equipes, em turno e returno por pontos corridos (vejam só, pontos corridos não é sinônimo de organização).
Além do certame estadual, o Grêmio ainda disputou naquele ano a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro, a Supercopa e a Copa Conmebol, tendo assim realizado mais de 95 partidas na temporada. Isso determinou este acumulo de jogos atrasados.
Os adversários daquela tarde eram o Aimoré, Santa Cruz e Brasil de Pelotas, que corriam risco de ser uma das NOVE equipes rebaixadas.
O público foi de 758 pessoas, sendo que destas 247 eram pagantes. A renda foi de R$ 690,00. Certamente foi um dos menores públicos da história do Estádio Olímpico.
Um fato curioso é que em novembro do mesmo ano o Grêmio já tinha se visto em situação parecida, quando enfrentou São Paulo, que fez uma jornada dupla que também envolveu o Sporting Cristal.
“O Grêmio concentrou 42 jogadores, utilizou 34* deles em três jogos diferentes e deu um nó no cerébro do roupeiro Hélio, responsável pelas trocas de calções, camisetas e chuteiras. “O pior é que estes três jogos juntos não valem um”, resmungou ele no intervalo do segundo para o terceiro.” (Zero Hora – 12 de dezembro de 1994)
“Às 15h chegou a delegação do Brasil, de Pelotas, time que faria o terceiro jogo, às 18h. Os dois vestiários para os visitantes estavam lotados e o técnico Ernesto Guedes viu-se obrigado a levar seus comandados para as sociais do Olímpico. Pagou Picolé para a turma e engordou o número de torcedores das sociais.” (Zero Hora, 12 de dezembro de 1994)
“Aos 5 minutos do segundo jogo o calor atingiu o pico. Sensação térmica de 48 graus (10 a mais que a temperatura máxima oficial registrada ontem em Porto Alegre). O médico José França dos Santos, da Sociedade Gaúcha de Medicina do Esporte, acomodado atrás de uma das goleiras com seus aparelhos que mediam temperatura, irradiação solar e condições de evaporação, sentia o impulso de invadir o gramado e pedir o fim do jogo: “Não há nenhuma condição para a prática de esporte”, repetia. Fosse um esporte individual e competição já teria sido interrompida, garantia, apontando para o termômetro que só por volta das 17 horas começou a reduzir sua indicação de calor.
O árbitro do primeiro jogo, Wily Tissot, foi sensível à tortura imposta pelo clima aos jogadores e, aos 23 minutos do segundo tempo, tomou uma atitude inédita: paralisou o jogo e mandou todo mundo tomar água. O público, reconhecendo a boa iniciativa, aplaudiu-o. Ao lado da defesa feita por Murilo no pênalti cobrado por Eládio, do Aimoré, aquele foi o momento mais saudado no jogo inicial do domingão.” (Zero Hora, 12 de dezembro de 1994)
A popular Terezinha Morango, furúnculos impedindo acomodação nas cadeiras, preferiu circular em meio ao povo. E Sidiomar da Rosa, torcedor do Brasil, conseguiu ingressar nas sociais de bicicleta, após pedá-la durante 12 horas de Pelotas até Porto Alegre.(Zero Hora, 12 de dezembro de 1994)“Maqueiros ganharam o triplo (total de R$ 54,00 a ser dividido entre três), gandulas ganharam o triplo (R$ 72,00 para ser dividido entre 12) e fiscais da federação reclamaram que para eles só seria pago o equivalente a uma partida. Tratamento desigual, razão de revolta. Até os cavalos utilizados pela Brigada Militar foram tratados com mais condescendência, pois durante o jogo de nº 2 foram substituídos. Os cães não, estes ficaram o tempo todo. Tratamento desigual, outra vez.” (Zero Hora, 12 de dezembro de 1994)
Técnico: Zeca Rodrigues
AIMORÉ: Rogério; Martins, Aládio, Márcio Haubert e Marquinhos; Aílton, Clóvis e Lindomar (Oberti); Leco, Márcio Cruz e Ânderson.
Técnico: Celso Freitas
Horário: 14h00min
Árbitro: Willy Tissot
Auxiliares: Sérgio Chagas e José Pessi
Técnico: Zeca Rodriges
SANTA CRUZ: Gilmar; Édson D´Avila, Itamar, Alamir e Varta (Mauro); Carlos, Sídney e Áureo; Caio (Alceu), Paulo Roberto e Eldor.
Técnico: Tadeu Menezes
Horário: 16h00min
Árbitro: Leonardo Gaciba
Assistentes: Roberto Scherer e Carlos Bitencourt.
Cartão Vermelho: Eldor (Santa Cruz)
Gols: Agnaldo (pênati) aos 4 minutos (1×0), Paulo Roberto aos 13 (1×1) e Carlos Miguel aos 20 minutos do primeiro tempo (2×1); Paulo Roberto aos 5 minutos (2×2), Ayupe aos 11 minutos (3×2), Áureo aos 15 minutos (3×3) e Fabinho aos 47 minutos do segundo tempo (4×3)
Grêmio 1 x o Brasil de Pelotas
GRÊMIO: Aílton Cruz; Jairo Santos, César, Cristiano e Duda; André Vieira, Wallace e Émerson (Jacques); Carlinhos, Ciro (Juliano) e Cristiano Júnior.
Técnico: Luis Felipe Scolari
BRASIL-PEL: Cássio; Júnior, Silva, Rogério e Marcelo; Marquinhos, Dido (Sassia) e Jabá; Nazarildo (Netinho) Cléber e Martins.
Técnico: Ernesto Guedes
Árbitro: Paulo Felipe
Assistentes: Paulo Iguariassá e Vilso Petry
Cartão Vermelho: Juliano (Grêmio)
Gol: Jacques, aos 22 minutos do segundo tempo
Público: 758 (247 pagantes)
Renda: R$ 690,00
As imagens são da Zero Hora e da Placar.
November 11, 2011 at 11:13 am |
Haja paciência pra aguentar 10 meses de campeonato estadual.
Que disposição dos torcedores, especialmente o xavante que foi de bike pro Olímpico.
Pros estudantes cada jogo saiu uma fortuna: 50 centavos…