O Grêmio perdeu em dois erros infantis. O primeiro do seu lateral direito, que do alto da sua experiência, achou que era adequado usar o calcanhar para afastar a bola de dentro da área. Resultado: Gol de Dátolo. O segundo aconteceu num escanteio. Falha de posicionamenteo e de marcação. A defesa do Grêmio estava amontoada dentro da pequena área. Perto da marca do pênalti havia quatro colorados acompanhados de longe por três gremistas. Resultado: Gol de Fabrício.
A partida teve poucos momentos de bom futebol. O Grêmio teve raríssimos momentos de alguma fluência no jogo. Foi levemente superior no início do segundo tempo, quando inclusive marcou o gol de empate (Falta bem batida por Fernando que Werley aproveitou o rebote). O Inter teve facilidade nos momentos pós marcação de gol. Afora isso o jogo foi nivelado por baixo.
Eu tenho dificuldade em aceitar que um dos melhores atletas gremistas em campo tenha sido Pará, jogando improvisado na lateral esquerda. Além dele, tiveram atuações dignas de algum registro: Victor, Werley, Gilberto Silva e Fernando. Os demais ficaram devendo. Alguns ficaram devendo bastante.
Não gostei muito de nenhum dos dois esquemas proposto por Luxemburgo. No 4-3-3 o Grêmio pouco atacou e na hora de defender os avantes pouco contribuíam, criando espaços entre ataque e defesa. No segundo tempo, apesar de uma leve melhora com a entrada de Marquinhos, o Grêmio seguiu marcando de forma frouxa no meio campo.
O Grêmio perdeu porque jogou pior que o Inter. Foi mal no jogo e errou demais. A participação dos gândulas não gerou nenhum prejuízo direto para o Grêmio, mas isso não quer dizer que seja aceitável que os gandulas atuem de forma ativa em favor do time da casa. A situação não é nova, mas a FGF nada fez, se omitindo do debate sobre a validade da ação. Pro meu gosto os gandulas deveriam ser neutros, assim como o juiz (teoricamente) é.
Mas no futebol a malandragem do lado vencedor nunca é criticada, e sim exaltada. Não duvido que o Luxemburgo estaria sendo elogiado pelo mistério criado caso fosse o Grêmio o vencedor da partida.
O resultado da partida foi justo, mas é preciso dizer que Márcio Chagas foi mal no Grenal. O primeiro erro se credita muito mais ao assistente, que marcou impedimento inexistente de Miralles no início do jogo (o argentino costuma “dar azar” com a arbitragem em Grenal). Os lances de pênaltis protestados me pareceram jogadas normais. Na área do Grêmio me pareceu que a bola sequer tocou na mão de Werley, e na área colorada o toque me pareceu involuntário. O fato de não ter mostrado cartão amarelo para Guiñazu é quase cômico, e o cartão amarelo para Moledo é bem questionável (O zagueiro colorado não impediu uma “oportunidade clara de gol da equipe adversária, quando um jogador se movimenta em direção à meta adversária, mediante infração punível com tiro livre”?).
Mas o mais grave para mim foi a questão dos acréscimos dados. Não pelos minutos faltantes em si, uma vez que o Grêmio nada faria nesse tempo, mas sim pelo fato de que Márcio Chagas mostrou que cedeu as pressões criadas pelo setores identificados com o co-irmão. E cedeu somente no Grenal, somente no Beira-Rio. Nesse mesmo Gauchão, esse mesmo juiz deu sete minutos de acréscimo em Santa Cruz. Hoje, estranhamente, economizou no tempo de descontos de modo a fazer até o Maurício Saraiva se envergonhar.
Os gandulas e a arbitragem caseira talvez sejam um ônus que o Grêmio suportou por ser a equipe visitante. E foi a equipe visitante porque fez menos pontos no segundo turno. E fez menos pontos no segundo turno, porque fez pouco caso da tabela que o obrigava jogar em casa em menos ocasiões do que o seu principal rival. Os detalhes também fazem a diferença no final.
Enfim, foram muitos os erros cometidos. Erros que causaram a eliminação do Grêmio no Gauchão. Menos mal que não é ali que reside o objetivo do clube no ano. Há tempo hábil para se repensar e trabalhar para que esses erros não se repitam em competições mais importantes.
Fotos: Richard Ducker (Ducker.com.br) e Lucas Uebel (Grêmio.net)
Inter 2×1 Grêmio
Técnico: Dorival Júnior.
GRÊMIO: Victor; Gabriel, Werley, Gilberto Silva e Pará; Fernando, Souza, Marco Antônio e Bertoglio (Leandro, 28’/2T); Miralles (Marquinhos – Intervalo) e André Lima (Marcelo Moreno – Intervalo)
Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Campeonato Gaúcho 2012 – Segundo Turno –
Data: 29 de abril de 2012, domingo, 16h00min
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre-RS
Público: 22.239 (18.921 pagantes)
Renda: R$ 561.140,00.
Árbitro: Márcio Chagas da Silva
Auxiliares: Altemir Hausmann e Paulo Ricardo Conceição.
Cartões amarelos: Sandro Silva, Leandro Damião, Jackson e Rodrigo Moledo (Inter); Pará, Bertoglio, Gilberto Silva e Werley (Grêmio).
Gols: Dátolo (aos 35min/1º tempo); Werley (aos 10min/2º tempo) e Fabrício (aos 31min/2º tempo);