“Dois triunfos espetaculares rubricou o Grêmio Porto Alegrense, na tarde de anteontem.
O primeiro deles, que constituiu, igualmente uma grande surpresa para o nosso público, foi a solene inauguração do Estádio Olímpico, situado à avenida Carlos Barbosa.
A nova Baixada suplantou em muito a imaginação popular, evindenciando um conjunto de linhas harmoniosas e as mais amplas e confortáveis instalações.
Com capacidade para cerca de 50.000 pessoas, todos os que compareceram ao Estádio ficaram otimamente situados, podendo torcer e vibrar perfeitamente instalados, sentados e sem o constraginmento habitual em nossas arquibancadas.
E foi um acontecimento impressionante e que perdurará por certo, na retina do público, o majestoso e bem organizado desfile que deu início às solenidades.
Via-se, inicialmente, um menino simbolizando o Mosqueteiro, que acompanhava, uma encantadora garota, a qual durante o longo desfile, executava repetidas acrobacias, sob aplausos entusiasticos.
Sob o dístico – O Grêmio de ontem – viam-se as bandeiras nacional, riograndense e do Grêmio conduzidas, respectivamente pelos atletas Ilse Gerdau, Pedro Mayerski e o veterano campeão dr. Augusto Maria Sisson. Seguiam-se os dirigentes gremista, destacando-se o grandes beneméritos da construção do Estádio: Saturnino Vanzelotti, Alfredo Obino e Silvio Toigo Filho, que constituem, hoje em dia, sem favor algum, o “tri de ouro” da família tricolor.
Sucederam-se atletas de todos os atuais departamentos tanto masculinos como femininos e o “Grêmio do futuro”, onde se viam meninos e meninas, que estão dando os primeiros passos na senda esportiva.
Sócios fundadores, ex-presidentes, diretores antigos todo o Grêmio, emfim, estava presente na pista olímpica, acompanhados por delegações dos clubes co-irmãos, todos com os seus respectivos pavilhões.
Ao som do Hino Nacional, foi hasteada a Banderia Brasileira e , logo após, o general Ernesto Dorneles, governador do Estado, desmanchava o laço de fita tricolor, dando por inaugurado o Estádio Olímpico.
D. Vicente Scherer, arcebispo metropolitano, deu a bênção do ritual, seguindo-se diveros oradores, sendo o discurso oficial proferido pelo dr. Ari Delgado, ex-jogador, atualmente prestimoso membro da diretoria.
Todas essas solenidades foram muito aplaudidas, constituindo, em conjunto, um espetaculo grandioso e agradavel ao mesmo tempo.
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A renda das bilheterias esteve aquém do calculo previsto.
Tão somente Cr$ 442.640,00 passaram pelos “bordereaux”, acusando uma assitência de 35.511 pessoas.
Deve se ressaltar, entanto, que mais de 18.000 espectadores entraram gratuitamente, o que veio prejudicar em muito o montante da arrecadação.
Outro espetáculo magnifico era o representando pelas filas de torcedores, que, desde, o meeio-dia, se comprimiam ao redor da grandiosa Baixada.
Por vários quilometros se estendiam os esportistas, a esppera do instante de penetrarem no Estadio, indo as “bichas” desde a avenida Carlos Barbosa e rua da Azenha e José de Alencar, até além da Igreja do Menino Deus.
Nada mais será preciso escrevermos, para justificar o sucesso que alcançou a inaguração do monumental Estádio Olímpico do Grêmio Porto-Alegrense.” (Correio do povo – 21 de setembro de 1954)