
Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)
Em 06 de maio de 1997, Grêmio e Guaraní do Paraguai se enfrentaram no Olímpico pela partida de volta das oitavas de final da Libertadores daquele ano. O tricolor venceu por 2×1 no tempo normal. Paulo Nunes abriu o placar no primeiro tempo. Ovellar empatou aos 41 minutos do segundo tempo e Rodrigo Gral, já nos descontos, aproveitando um balão dado antes do meio de campo por Roger.
Como o Grêmio devolveu o placar da ida, a classificação foi decidida nos pênaltis. E foi a disputa de pênaltis mais bizarra que eu já vi no estádio (lembro claramente da corrida estranha de Rodrigo Gral antes de errar a sua cobrança). O Grêmio errou 3 das suas 5 cobranças (Dinho e Arce acertaram; Mauro Galvão, Carlos Miguel e Rodrigo Graal desperdiçaram). Mas os visitantes erraram 4 (Danrlei defendeu 2) e o tricolor avançou para as quartas.

Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

“UM SALVADOR CHAMADO DANRLEI
Um Grêmio heróico faz 2 a 1 no Guarani, provoca pênaltis e se classifica em jogo histórico
Eram 41 minutos do segundo tempo no Estádio Olímpico, ontem à noite, quando o sonho do tricampeonato da Copa Libertadores da América parecia estar indo embora para os gremistas. O centroavante Ovellar, do Guarani do Paraguai, o mesmo que fizera os 2 gols da vitória em Assunção, ambos em impedimento, completara para as redes. Era o empate que eliminava o campeão brasileiro: 1 a 1. O artilheiro Paulo Nunes havia marcado o primeiro, num momento em que o Grêmio não conseguia articular mais nenhuma jogada lúcida. A torcida já começava a ir embora. Não havia mais tempo. Mas, quando ninguém mais acreditava, uma bola foi erguida para a área, nos descontos. Paulo Nunes raspou de cabeça e sobrou para Rodrigo Gral. Gol do Grêmio. Estava mantido o sonho do tri. Veio a decisão por pênaltis e brilhou a estrela de Danrlei. Num festival de cobranças erradas, o goleiro defendeu duas vezes e garantiu a vitória por 2 a 1, o mesmo placar do jogo.
A partida foi um monólogo. O Grêmio atacou; o Guarani se defendeu. Aos 9 minutos do primeiro tempo, a imagem do jogo: à exceção do goleiro Danrlei, todo o time do Grêmio povoava o campo do Guarani. Os paraguaios, invariavelmente, se amontoavam na sua própria área e imediações. Durante a partida inteira foi assim. Sem nenhuma pretensão ofensiva ou tática, se limitavam a dar balões para frente, para os lados. Por quatro vezes, sem motivo aparente, cercaram o juiz, tentando ganhar tempo. Sem conseguir furar a retranca, a equipe de Evaristo de Macedo abusou dos cruzamentos para área. A expulsão do zagueiro Luciano atrapalhou os planos do Grêmio. Com um jogador a menos e o time mostrando visíveis sinais de cansaço, as coisas se complicaram. Mas estava escrito, em algum lugar insondável, que a noite seria azul… “(Diogo Olivier, Zero Hora, quarta-feira, 7 de maio de 1997)

“[…] Na hora de falar sobre o jogo, até o técnico Evaristo de Macedo implorou para não falar de questões táticas. E nem havia clima para tanto. “Hoje, foi só coração mesmo”, resumiu Evaristo. Tanto não havia que quando o técnico tentou formar uma tese sobre o vínculo entre a questão emocional na cobrança de penalidades máximas, terminou se divertindo com uma frase sua. Evaristo falava dos pênaltis. De dez cobranças, foram sete erros – algumas bisonhas, como Mauro Galvão e o paraguaio Romero. “Nós erramos, mas graças a deus eles conseguiram ser piores ainda”, definiu Evaristo” (Zero Hora, quarta-feira, 7 de maio de 1997)

Foto: Júlio Cordeiro (Zero Hora)

Foto: Júlio Cordeiro (Zero Hora)

“CLASSIFICAÇÃO DRAMÁTICA DO GRÊMIO
Time venceu por 2 a 1 no tempo normal e a vaga foi obtida nos pênaltis com apenas dois gols, pois o Guaraní desperdiçou 4
O Grêmio conseguiu sua classificação à próxima fase da Libertadores, ontem à noite, ao eliminar o Guarani, do Paraguai, por 2 a 1 nas cobranças de pênaltis. No tempo normal, o time de Evaristo, que jogou sem Luciano boa parte da partida, venceu por 2 a 1. Nos pênaltis, apenas Dinho e Arce acertaram. Danrlei defendeu duas cobranças e foi o herói da noite.
A retranca armada por Luiz Cubilla foi mais forte que o Grêmio esperava. O Guarani ficou todo atrás, com um zagueiro a mais para ajudar na marcação, enquanto o time de Evaristo de Macedo tentava encontrar uma brecha que levasse ao caminho do gol. Algumas situações foram criadas, como a que teve o arremate forte de Dinho, aos 19 minutos, quando o goleiro Gomez desviou e a bola bateu na trave superior.
A partir daí, as dificuldades aumentaram. Maurício estava inoperante pelo lado direito, Dinho errava passes e Arce não assumia a responsabilidade de uma jogada mais efetiva. Para complicar, aos 28 minutos, Luciano, que já tinha cartão amarelo, cometeu uma falta desnecessária e levou o 2° amarelo, o que determinou sua acertada expulsão. O árbitro, tão conivente com a violência dos paraguaios, decidiu ser rigoroso e correto contra o time gaúcho.
No segundo tempo, as dificuldades continuaram, mas aos 18 minutos Paulo Nunes fez 1 a 0, em jogada individual. Aos 24, Goiano acertou a trave numa cobrança de falta. Aos 40, Ovellar empatou, num lance que originou muitas reclamações e invasão de campo. Aos 47, Rodrigo Gral, de grande atuação, fez 2 a 1, levando o jogo para os pênaltis.” (Correio do Povo, quarta-feira, 7 de maio de 1997)

Foto: José Ernesto (Correio do Povo)


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Foto: Elias Eberhard (Correio do Povo)
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“GRÊMIO ELIMINA GUARANÍ EM UM JOGO DRAMÁTICO
Definição da vaga à terceira fase ocorreu nos pênaltis, pelo placar de 2 a 1, mesmo do tempo normal
Porto Alegre – Foi um sufoco. Mas o Grêmio conseguiu a classificação para as quartas-de-final da Taça Libertadores da América. Para isso, foram precisas duas batalhas contra o Guarani, do Paraguai, ontem à noite, no Estádio Olímpico. Na primeira, no tempo normal, vitória por 2 a 1 – placar idêntico da partida de ida, só que em favor do time paraguaio. Depois, no desempate por pênaltis, o placar se repetiu, mas a favor da equipe gremista.
Os tricolores lotaram o Olímpico. E, aos 26 minutos da primeira etapa, tornaram-se literalmente o 11º jogador com a expulsão do zagueiro Luciano. Até esse momento do jogo, o Grêmio empurrava o Guarani para a defesa e consagrava o goleiro Derlis Gomez, que fazia grandes defesas. Com catimba, o Guarani começou a ocupar espaços e saía em contra-ataques perigosos. Sem criatividade, o ataque gremista apresentava-se instável e nervoso.
O início do segundo tempo mostrava a instabilidade do time, mas Paulo Nunes, aos 18 minutos, marcou e desafogou o ataque. Empolgada com a equipe, a torcida pediu mais um gol, e o tricolor foi ao ataque. Não contava com experiência do técnico CubilIas e os contra-ataques. Aos 40 minutos, Ovelar empatou. O jogo ficou dramático e o Grêmio soube reagir com Rodrigo Gral, que na insistência conseguiu tocar para o gol. Os pênaltis valeriam a classificação. E o que se viu na “loteria” foi uma enxurrada de pênaltis perdidos. Sorte para o Grêmio, que teve a precisão dos chutes de Dinho e Arce. Do total de 10 cobranças, apenas três foram convertidas.” (Pioneiro, quarta-feira, 7 de maio de 1997)
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Foto: Júlio Cordeiro (Zero Hora

Foto: Júlio Cordeiro (Zero Hora)

Grêmio 2×1 Guaraní-PAR
GRÊMIO: Danrlei; Arce, Luciano, Mauro Gaivão e Roger; Dinho, Goiano e Carlos Miguel: Paulo Nunes, Maurício (Marcos Paulo, 30 do 2ºT) e Rodrigo Gral
Técnico: Evaristo de Macedo
GUARANI: Derlis Gómez; Toribio Caballero, Teofilo Barrios, Romero, Ocampos (Sotelo 24 do 2ºT) e Delgado; Ruiz Diaz (Dominguez), Julio Cesar Franco e Ojeda; Ovellar (Almada, 44 do 2ºT) e Derlis Soto
Técnico: Luiz Cubilla
Libertadores 1997 – Oitavas de Final – Jogo de volta
Data: 06 de maio de 1997, terça-feira, 21h30min
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre-RS
Público: 38.112 (32.664 pagantes)
Renda: R$ 234.053,00
Árbitro: Jorge Nieves (Uruguai)
Auxiliares: Gustavo Mendez e Jose Luis Lagos (URU)
Cartões Amarelos: Ovellar, Derlis Soto, Caballero e Ruiz Diaz e Luciano
Cartão Vermelho: Luciano, aos 28 minutos do primeiro tempo
Gols: Paulo Nunes, aos 18min, Ovellar (Guarani), aos 41min e Rodrigo Gral (G), aos 47 minutos do segundo tempo
Nos Pênaltis: Dinho, Arce e Sotero (acertaram). Mauro Galvão, Carlos Miguel, Rodrigo Gral, Romero, Soto, Delgado a Almada (erraram)