
Foto: Correio do Povo
No Brasileirão de 1972, o Grêmio recebeu o Atlético Mineiro pela segunda rodada da competição. O Galo, treinado por Telê Santana, era o campeão do ano anterior, e contava com Mazurkiewicz, Humberto Ramos e Dadá Maravilha. Já o tricolor (que venceu o jogo graças ao gol de Carlinhos) contava com uma sólida defesa liderada por Ancheta e Everaldo.
“GRÊMIO DERROTOU O ATLÉTICO COM GOLAÇO DO PONTEIRO CARLINHOS
O Grêmio, com um gol sensacional de Carlinhos, no primeiro tempo, ganhou do Atlético por 1 a 0 ontem à noite, mantendo a liderança da chave na segunda rodada, sem tomar nenhum golo e mais uma vez convencendo a sua torcida nesse começo do Campeonato Nacional.
1.º TEMPO — O bom ataque, com Loivo levantando para a área e criando uma situação de perigo que o zagueiro Raul Fernandes tirou de cabeça numa disputa com Lairton, foi um dos poucos que o Grêmio conseguiu no começo da, partida. Em seguida, ficou claro que havia alguns problemas no time de Daltro Menezes (Jadir não tinha o mesmo rendimento de domingo passado, Oberti e Lairton tinham dificuldades de conseguir espaços) e que o adversário, o Atlético Mineiro, tinha defesa melhor armada do que o São Paulo, que na primeira rodada deixou muitos espaços para o time gaúcho atacar.
Mas o futebol do Atlético, melhor dentro da partida, só apareceu bem, da defesa para a frente, a partir dos 10 minutos, quando Oldair e Humberto Ramos acertaram bem no meio-campo. Toninho, à frente dos zagueiros, marcava o início das jogadas do Grêmio. O domínio do Atlético, entretanto, caiu em seguida, com Oldair e Humberto Ramos parando, e dando chance ao Grêmio reagir, liderado por Negreiros que aos 28 minutos criou a jogada que Carlinhos transformou em golo. Depois de trocar passes com Oberti — uma jogada, marcante dentro da partida — Negreiros lançou Carlinhos, na frente. Correndo da direita para o meio, chutando com o pé esquerdo, Carlinhos acertou o golo, na saída de Mazurkievcs, marcando 1 a O para o Grêmio.
A partir daí, o Grêmio melhorou um pouco, segurando o Atlético em seu campo e, às vezes atacando, em boas jogadas de Carlinhos e de Oberti.
2.º TEMPO — O Atlético voltou para o segundo tempo com Guerino em lugar de Paulinho, um, ponteiro muito fraco, que no primeiro tempo só atrapalhou o trabalho que tentava fazer Dario. O Grêmio esperou até os 15 minutos para fazer a sua primeira alteração: Carlos Alberto em lugar de Loivo. Daltro, com a colocação de Carlos Alberto, pretendia centralizar o trabalho de meio-campo, para dar anais consistência ao time, na tentativa de garantir o placar e solidificar a vitória parcial conseguida com o gol de Carlinhos. O jogo continuou com poucas jogadas de área até os 20 minutos, mas aos 25 o Atlético teve uma boa oportunidade com uma falta que Romeu, chutando contra uma barreira de sete jogadores, perdeu. No rebote, Ancheta, que fizera a falta em Dario, chutou de qualquer maneira para a lateral, para aliviar a situação de perigo. E depois disso, o Atlético, aproveitando que o Grêmio se acomodava um pouco, tomava a iniciativa em todas as jogadas, tentando o golo de empate, inclusive retirando Toninho, que ficava à frente dos zagueiros, para colocar Serginho, um jogador mais ofensivo. Daltro Menezes respondeu a esta alteração proposta pelo técnico Telê, colocando o juvenil Iúra (em lugar de Carlinhos) mas em seguida o Atlético teve excelente chance, numa jogada confusa, de chutes de todos os lados, que Everaldo, em última, instância, salvou para escanteio.
E assim, se defendendo porque o Atlético tentava o empate no desespero, o Grêmio levou o jogo até o fim, às vezes tentando marcar mais um. Não conseguiu — venceu só de 1 — mas venceu bem.” (Correio do Povo, quinta-feira, 14 de setembro de 1972)

Foto: Correio do Povo
“GELATINA DO GRÊMIO E O DESASTRE
Ruy Carlos Ostermann
Desta vez não foi Negreiros, não foi Oberti e nem foi Loivo ou Jadir quem garantiu a vitória do Grêmio. Desta vez a diferença que o Atlético Mineiro propôs no campo obrigou a eleição de outros jogadores, e, entre estes, especialmente, o zagueiro Ancheta e seu companheiro de área, Beto. O Grêmio foi menos time do que contra o São Paulo . Explica-se de uma forma: o Atlético teve mais consistência e maior movimentação do que o São Paulo, e teve três jogadores sempre no meio campo — Toninho, Oldair e Humberto Ramos. E se apenas Humberto Ramos lembrou o grande Atlético do ano passado, impondo um ritmo vibrante ao serviço da bola de armação, Toninho apertou Oberti e Oldair jogou fora do lugar de Loivo. E isso desequilibrou muito o Grêmio. Tanto que, no segundo tempo, foi preciso tirar Loivo e colocar Carlos Alberto para que o time se corrigisse no combate às jogadas do Atlético, todas marcadas pela preocupação em localizar Dario, e feitas pelo meio.
Mas o Grêmio era diferente do domingo. Correu no primeiro tempo, explorando alguns vazios que a falta de ritmo do campeão mineiro abria. E parou no segundo. Por isso, o jogo foi passando para a área do Grêmio e dali foi se levantando a preservação do gol de Carlinhos no primeiro tempo: o grande trabalho de Ancheta e Beto, ou seja, a morte de Dario. A torcida saiu guardando este resultado como uma gelatina: ela tremia, parecia desbordar, mas acabou ficando dentro do pires. Uma sobremesa rala e difícil, mas doce assim mesmo.”
(Ruy Carlos Ostermann, Correio do Povo, quinta-feira, 14 de setembro de 1972)

“GRÊMIO CONSEGUE SUA SEGUNDA BOA VITÓRIA
Porto Alegre (Sucursal). O Grêmio manteve-se na liderança no grupo D do Campeonato Nacional vencendo o Atlético por 1×0, ontem à noite no Estádio Olímpico numa partida bastante disputada e com muitos lances ríspidos O único gol da partida foi marcado aos 28 minutos do primeiro tempo pelo ponta-direita Carlinhos, que aproveitou um excelente lançamento de Negreiros, o melhor jogador em campo.
VENTO – O forte vendo que havia no Estádio Olímpico, quando começou a partida, dava a impressão de que o Atlético teria grande vantagem no início com o vento a seu favor. Foi o time mineiro quem teve a primeira grande chance de marcar aos 18 minutos, quando o zagueiro Beto perdeu infantilmente um lance dividido para Dario. O centro-avante entrou sozinho na área, driblou o goleiro Jair mas demorou a chutar. Quando chutou, Ancheta estava dentro do gol para salvar
Mas foi exatamente por confiar demais no vento que o Atlético levou o gol. Mazurkiewlcz foi recolocar a bola em jogo depois de um ataque do Grêmio e chutou fraco demais. Negreiros dominou no meio-de-campo e devolveu rápido para a corrida de Carlinhos, que chutou de pé esquerdo, sem dar tempo para o goleiro do Atlético se recuperar.
Telê Santana disse que o Atlético perdeu o Campeonato Mineiro e o primeiro jogo do Nacional porque faltava um líder no time. Por isso ele escalou Oldair ontem, contando com sua experiência para vencer o Grêmio.
Mas só a experiência de Oldair não bastou. O meio-campo do Grêmio jogou tão bem como contra o São Paulo na estreia, com Negreiros se destacando e anulando completamente o esforço de Oldair. Por isso, o Atlético não pôde aproveitar algumas vantagens que teve no primeiro tempo quando o vento lhe era favorável. No segundo tempo, o Grêmio apenas garantiu o resultado e revidou as jogadas violentas do Atlético.” (Jornal do Brasil, quinta-feira, 14 de setembro de 1972)

Grêmio 1×0 Atlético Mineiro
GRÊMIO: Jair; Valdir Espinosa, Ancheta, Beto Bacamarte e Everaldo; Jadir e Negreiros; Carlinhos (Iura), Lairton, Oberti e Loivo (Carlos Alberto)
Técnico: Daltro Menezes
ATLÉTICO: Mazurkiewicz; Raul Fernandez, Vantuir, Cláudio e Cincunegui; Toninho (Serginho), Oldair e Humberto Ramos; Paulinho (Guerino), Dario e Romeu
Técnico: Telê Santana
Brasileirão 1972 – Primeira Fase – Segunda Rodada
Data: 13 de setembro de 1972 quarta-feira, 21h00min
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre-RS
Renda: Cr$ 114.033,00
Árbitro: Romualdo Arppi Filho
Auxiliares: Irandi Paiva e Carlos Martins
Gol: Carlinhos, aos 28 minutos do primeiro tempo