
Há 25 anos, o Grêmio perdia o primeiro jogo da final da Copa do Brasil para o Corinthians no Pacaembu. Acho que o fato mais “folclórico” desta partida foi o fato de Viola ter atuada com chuteiras vermelhas (era o único atleta em campo com chuteira colorida).
Por falar em chuteiras vermelhas, confesso que até hoje eu nunca entendi muito bem por que o Matinas Suzuki Jr. tinha tanto espaço/moral no jornalismo esportivo. Para mim as suas colunas eram sempre de um pedantismo sem sentido. A sobre este jogo, transcrita abaixo, se encaixa bem nessa categoria (a tradução mais apropriada de chuteiras vermelhas seria “red boots” e não “red shoes“).
Vale lembrar que o Grêmio tinha uma séria de desfalques para essa decisão (Arílson, por exemplo, estava cumprindo um inexplicável terceiro jogo de suspensão pela expulsão contra o Palmeiras, ainda nas oitavas de final), o que acabou fazendo com que Felipão se visse obrigado a “desmanchar” o seu meio de campo.
Também não custa apontar que a falta que deu origem ao segundo gol do Corinthians é bem questionável. A crônica do Correio do Povo afirmou que a arbitragem de Antônio Pereira da Silva foi “confusa e com visível favorecimento ao Corinthians“.
Por derradeiro, é importante registrar que esse jogo marcou a estreia da marca das Tintas Renner na camisa tricolor (patrocínio que durou até a estréia do Grêmio na Libertadores de 1998).

Foto: Ricardo Chaves (Zero Hora)

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“DANRLEI MANTÉM O GRÊMIO VIVO
Time perdeu para o Corinthians por 2 a 1 com goleiro evitando uma diferença maior
O Grêmio manteve suas chances de chegar ao tricampeonato brasileiro ao perder por 2 a 1 para o Corinthians, ontem à noite no Pacaembu, gols de Viola, Marcelinho e Luís Carlos Goiano. O gol de Goiano tem a mesma importância que o gol de Jardel, nos 2 a 1 para o Flamengo, no Maracanã. Na próxima quarta-feira, no Olímpico, o Grêmio poderá mais uma vez jogar pelo 1 a 0, resultado que vale o título da Copa do Brasil.
Não fosse a atuação de Danrlei, a derrota poderia ser por uma diferença maior, o que praticamente colocaria o Corinthians (joga agora pelo empate) com lima mão na taça. A pressão no primeiro tempo foi Intensa, com Danrlei salvando o time. Aos 30 minutos, Dinho saiu lesionado, piorando as coisas Aos 41 minutos, Marcelinho Carioca cruzou uma bola na medida, no espaço entre o goleiro e a zaga. Viola aproveitou e cabeceou no canto esquerdo: 1 a 0.
A vitória era justa para o Corinthians, já que o Grêmio estava muito encolhido. No segundo tempo. a equipe, que tinha Mazaropi (Luiz Felipe está suspenso e trabalhou na arquibancada: munido de um telefone celular) à beira do gramado, voltou com um posicionamento mais adiantado. Já aos 5 minutos, quase Paulo Nunes marcou. Aos 15, Luciano cabeceou e Ronaldo salvou para escanteio. Quatro minutos depois, Danrlei brilhou num arremate de cima, de Viola. No contra-ataque, Arce aparou rebote e a bola sobrou para Goiano, que desviou de Ronaldo e empatou o jogo.
Quando o Grêmio estava melhor em campo e os jogadores corinthianos demonstravam desespero, aconteceu o gol de desempate. Aos 26 minutos. Marcelinho Carioca cobrou falta com perfeição, deixando Danrlei estático no meio da goleira: 2 a 1. A arbitragem confusa e com visível favorecimento ao Corinthians acabou por determinar a expulsão de Mancini, aos 39 minutos, após um desentendimento fora de campo com Bernardo e Marcelinho Carioca.” (Correio do Povo, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
“GOLEIRO SUBESTIMOU COBRANÇA
O goleiro Danrlei acha que vai ser difícil o Corinthians aguentar a pressão da torcida no Olímpico, em relação ao que foi encontrado pelo time do Grêmio no Pacaembu. “O resultado poderia terminar em igualdade, não fosse eu subestimar a cobrança de falta do Marcelinho Carioca”, justificou. O atacante da equipe paulista colocou a bola por cima da barreira ao fazer os 2 a 1.
O autor do único gol do Grêmio, Luiz Carlos Goiano, garante que no Olímpico o espirito de luta do time será maior. “Estaremos em casa e com o apoio da massa”, lembra o meio-campista. Já o lateral Carlos Miguel credita o resultado negativo à violência imposta pelo Corinthians: “Eles batem muito. Agora, tocando mais a bola no jogo de volta e com a força do torcedor, chegaremos lá”. Apático esteve o atacante Jardel, sem concluir contra o gol de Ronaldo uma única vez: “Me fizeram marcação cerrada. Mas não tem nada, nós vamos ganhar em casa”. (Correio do Povo, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
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“FÁBIO KOFF IRRITADO
O presidente Fábio Koff taxou Marcelinho Carioca de “pipoqueiro” e acredita que “ele vai arrumar uma contusão para não vir ao Sul, no jogo decisivo”. Koff diz que o número sete só realiza “palhaçadas”, tendo merecido receber cartão vermelho do árbitro António Pereira, que foi chamado de “incompetente e mal-intencionado”, pelo vice Luiz Carlos Silveira Martins.
Emocionado, o presidente Koff definiu o resultado favorável ao Corinthians como justo. O dirigente entende que será possível reverter o quadro no Olímpico.” (Correio do Povo, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
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“ARÍLSON RETORNA
O meio-campista Arílson tem vaga assegurada no jogo de volta diante do Corinthians, dia 21, no Olímpico. Ontem, o jogador cumpriu seu terceiro jogo de suspensão imposta pelo Tribunal Especial da CBF, por sua expulsão contra o Palmeiras, ainda pela segunda fase da Copa do Brasil. Quem fica fora mesmo, dia 21, no Olímpico, é o lateral Roger, que foi penalizado pelo Tribunal em dois jogos de suspensão, um deles já cumprido. O técnico Luiz Felipe, mais uma vez, deverá improvisar na esquerda entre Carlos Miguel e Arílson.” (Correio do Povo, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
“KOFF:´QUEREMOS O TÍTULO EM CAMPO´
Presidente do Grêmio indignado com o clima de guerra criado pela imprensa paulista
O presidente Fábio Koff continua indignado com o comportamento de setores da imprensa paulista, que, segundo ele, tenta criar “um clima de guerra para a decisão da Copa do Brasil”. O dirigente disse que o Grêmio está trabalhando para permitir que o jogo contra o Corinthians transcorra dentro da normalidade. ‘Queremos o título brasileiro dentro de campo”, sentenciou Koff.
Atacado por jornais de São Paulo por suas declarações fortes após o jogo do Pacaembu. Fábio Koff reconhece que se exaltou, mas que em nenhum momento procurou estimular a violência ou o revanchismo. “Uma pessoa só entra para dirigir clube de futebol por três razões: por ser torcedor, por querer projeção política ou fazer negócios. Eu sou um torcedor. Se um dia eu não me emocionar mais com uma vitória ou uma derrota do Grêmio, eu vou para casa”, comentou Koff.
Ele continuou: “Após o jogo eu dei entrevista a uma emissora de rádio paulista e critiquei a arbitragem que caiu na farsa do Marcelinho. E chamei o jogador de pipoqueiro, dizendo que ele arrumaria uma lesão para não vir a Porto Alegre. É claro que ele vem. Já velo antes e até fez gol em nós. Critiquei, também, as três invasões de campo do banco corintiano e disse que aqui isso não irá acontecer”.
Fábio Koff salientou que durante a entrevista os profissionais da emissora paulista insistiram em chamar o Grêmio de violento: “Aí, eu citei os jogadores que temos lesionados, como o Magno, por exemplo. E falei que os paulistas têm a mania de achar que são o centro de tudo, inclusive do futebol. Eu os desafiei dizendo que Grêmio e Inter têm mais títulos nacionais que os oito principais clubes deles, proporcionalmente. Critiquei, ainda, o fato de ter saído de lá com RS 66 mil de um jogo decisivo por falta de estádio. Então, lembrei que a dupla Grenal possui estádio próprio, afirmando que são dois clubes, enquanto lá só tem times de futebol. Eles ficaram furiosos”, reconheceu o dirigente.
Koff também foi provocado por um repórter, que citou declarações ofensivas do presidente do São Paulo, Fernando Casal del Rei, a respeito do incidente nos camarotes do Olímpico. ‘tu falei, entre outras coisas, que Jamais me preocupei em responsabilizar a direção do São Paulo pelas mortes ocorridas no Morumbi. Aí, um dos meus entrevistadores, sempre em tom agressivo, disse que havia me dado nota dez em um programa de TV e que agora me dava nota zero. Eu respondi que não o conhecia e que não me sensibilizava nem com o dez e menos ainda com o zero. Irritado, o chamei de ratão e saí do ar”, contou Koff.” (Correio do Povo, segunda-feira, 19 de junho de 1995)
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“GRÊMIO JOGA POR VITÓRIA DE 1 A 0
O Corinthians largou na frente e venceu a primeira partida da decisão do título por 2 a 1
No primeiro jogo das finais da Copa do Brasil 1995, o Grêmio perdeu para o Corinthians por 2 a 1 (gols de Viola. Marcelinho e Goiano), ontem à noite, no Pacaembu, em São Paulo e agora, com uma vitória simples (1 a 0) na partida em Porto Alegre, no dia 21, garante a conquista do tricampeonato. O empate serve ao Corinthians. […]” (Zero Hora, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
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OS DESEMPENHOS (Zero Hora, 15 de junho de 1995) |
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CORINTHIANS |
GRÊMIO |
Conclusões a gol |
16 |
6 |
Escanteios a favor |
3 |
1 |
Faltas cometidas |
28 |
29 |
Impedimentos |
3 |
1 |
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“CORINTHIANS BATE GRÊMIO E FICA A UM EMPATE DO TÍTULO
O Corinthians venceu o Grêmio-RS por 2 a 1 ontem à noite no Pacaembu, na primeira partida das finais da Copa do Brasil. Marcelinho e Viola marcaram para o time paulista. Goiano fez o gol gaúcho.
Com o resultado, o Corinthians precisa só de um empate em Porto Alegre, na próxima quarta, dia 21, para sagrar-se campeão.
Ao Grêmio, basta uma vitória por 1 a 0. Caso vença por 2 a 1, a decisão será por pênaltis.
Caso haja empate em pontos e número de gols, vence quem tiver mais gols marcados fora de casa. Assim, caso o Corinthians perca por 3 a 2, ainda leva o título.
A Copa do Brasil vale uma vaga na Taça Libertadores, o principal torneio interclubes sul-americano.
O Corinthians dominou completamente o primeiro tempo da partida. Jogando com o meio-campo e a defesa muito recuados, o Grêmio dava espaço para o Corinthians armar suas jogadas de ataque.
Isso permitia a Marcelinho e Souza criar com tranquilidade pela intermediária. Viola, que se movimentava bem, era opção para lançamentos. Vítor também se apresentava para receber pela direita.
Aos 12min, justamente Vítor recebeu na área e tocou para trás. Marcelinho chutou rente à trave.
Aos 23min, Viola, lançado pela esquerda, foi ao fundo e cruzou. Danrlei espalmou e a defesa tirou, quando a bola ia entrando.
Aos 33min, num lance parecido, Viola recebeu lançamento de Souza na área e chutou rasteiro, cruzado. Danrlei conseguiu tocar na bola e desviar para escanteio.
Aos 40min, Viola finalmente acertou. Marcelinho fez bom cruzamento da direita e o atacante marcou de cabeça.
Nessa etapa, o ataque gaúcho foi inofensivo. Jardel, fixo na área, praticamente não participou do jogo. Paulo Nunes se movimentava mais, mas jogava isolado.
Goiano, único meia de ligação com o ataque, estava bem marcado e não conseguia criar jogadas.
No segundo tempo, o panorama da partida mudou. O Grêmio avançou a marcação e diminuiu os espaços para o Corinthians.
A equipe gaúcha passou a dominar e conseguiu seguidos lances de perigo contra o gol de Ronaldo.
Aos 4min, Paulo Nunes recebeu livre na entrada da área, mas se atrapalhou com a bola e perdeu boa chance, chutando fraco.
Aos 15min, Jardel conseguiu sua única boa jogada aérea. Venceu a defesa corintiana de cabeça e obrigou Ronaldo a boa defesa.
Aos 18min, Bernardo dominou na área e quase marcou de bicicleta, num belo lance.
A torcida corintiana levou um susto aos 20min, quando Goiano dominou um chute sem direção e, com um toque sutil, acertou o canto esquerdo de Ronaldo.
O silêncio no Pacaembu durou até os 26min. Marcelinho cobrou falta frontal ao gol, deslocando Danrlei, marcando o segundo gol do Corinthians.
Aos 39min, Wagner Mancini foi expulso, após dar uma cotovelada em Marcelinho. “(Folha de São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
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“MARCELINHO RECLAMA DA VIOLÊNCIA GREMISTA
O meia-atacante Marcelinho disse que seu gol de falta foi uma resposta à violência do time do Grêmio na partida de ontem.
“Eles têm raiva de mim porque sempre faço gol contra eles”, disse o jogador.
“Vou à polícia registrar queixa contra o cara que me deu o soco”, disse, referindo-se a Wagner Mancini. Marcelinho sofreu um corte no lábio em virtude da agressão.
O presidente do Grêmio, Fábio Koff, disse que Marcelinho é “pipoqueiro” (jogador que foge dos lances mais ríspidos).
“Ele passou o tempo todo se atirando no chão e pressionando o árbitro contra nós”, afirmou.
“Em Porto Alegre, vamos jogar como equipe da casa, mas não faremos essas coisas para ganhar.”
Marcelinho disse que não se impressionava com as palavras do dirigente. “Não é isso que vai me intimidar para o segundo jogo. Isso é coisa de quem está desesperado porque perdeu uma partida e pode ter perdido o título.”
“Eu nunca disse que o Grêmio era violento, mas, nesta partida, eles foram desleais”, confirmou o volante Marcelinho Souza.
Para ele, a arbitragem terá que ser “firme” em Porto Alegre.
“Violência por violência, os dois times foram iguais”, afirmou o meia gremista Goiano.
O técnico do Corinthians, Eduardo Amorim, considerou “excelente” a atuação de sua equipe no primeiro tempo.
“Recuamos no segundo. Mas isso não vai acontecer no sul. Vamos atacar o tempo inteiro.”
Para o goleiro Danrlei, do Grêmio, a partida mostrou que seu time sabe jogar sob pressão.
“Se tivéssemos que tremer, seria hoje (ontem)”, disse. “Em casa, tudo será a nosso favor.”
O Corinthians terá que arcar com o custo de 50 assentos que foram arrancados no setor amarelo, onde se encontrava a torcida organizada Gaviões da Fiel.” (Arnaldo Ribeiro e Mário Moreira, Folha de São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
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“MATINAS SUZUKI JR. – E VIOLA DECIDE USANDO OS “RED SHOES”
Meus amigos, meus inimigos, a Suvinil venceu a Renner na primeira batalha das tintas que decide a Copa Brasil, também chamada de Copa Gaúcha -dada a hegemonia daquele Estado até aqui.
A abertura das cortinas já foi difícil para o Grêmio: um time voluntarioso sente a ausência do comando na linha de combate. E o técnico Luiz Felipe, o estimulador dos guerreiros, estava no celular.
O time “black and blue” entrava em campo sem o lateral-esquerdo Roger, que fez falta e também fará na próxima quarta-feira. Logo depois perdeu o blitz-man Dinho e então a marcação desandou.
Além dessas dificuldades, a fileira meio-campista do Grêmio se perfilou muito próximo à linha defensiva, deixando todo um sistema solar com estrelas e galáxias para o Corinthians se armar.
E entre as estrelas e galáxias o time “black and white” tinha com total liberdade para criar na intermediária: Souza, Marcelinho e o Viola de “red shoes”, o homem do sapato vermelho.
(O time do Milan, por exemplo, com a sua marcação exemplar, faz exatamente o oposto: avança a retaguarda que, ela sim, se aproxima do meio-campo, diminuindo o espaço para o ataque adversário.
O combate à criação do inimigo é feito logo no meio-campo. Os atacantes, com a defesa avançada, ficam espremidos pela lei do impedimento e longe do gol adversário. A coisa é inteligente).
No primeiro tempo, o alvinegro soube trabalhar nos espaços oferecidos e beijou uma vez o gol de Danrlei, mas poderia ter beijado mais como pede rei Charles.
Além disso, o time do Corinthians era o time com a cobiça, ganancioso, pretensioso, sedento da alegria: era o arco teso da promessa, mas que não conseguia vazar o arco retesado do grande Danrlei.
No segundo testamento, o Corinthians, não se sabe por que razão divina, entrou cabisbaixo e cometendo o mesmo erro tático do adversário: colocou o meio-campo na linha da grande área.
Deu espaço a quem não veio procurar espaço (perder de um a zero não era o pior dos mundos para o time “black and blue”). Desconfio que o alvinegro pensou que o adversário estava liquidado.
Mas o galope dos pampas em campo aberto é soberbo: pegou a defesa do Corinthians e o cão de guarda São Bernardo tomando chimarrão. O bom para os gaúchos ficou melhor ainda. Um a um.
Aí entra a diferença entre os dois times: o Grêmio é fogoso, arisco, maverick indomável. Ganha na força o que perde em precisão. Mas tem poucas alternativas táticas e humanas para decidir.
O Corinthians tem duas: Viola e Marcelinho. Na primeira decisão, Marcelinho assistiu Viola que, qual um Shaq em vôo no garrafão adversário, só enterrou.
No segundo, Viola sofreu a falta e o Marcelinho chutou da linha de três pontos. Pegou o Danrlei na contradança, no contrapelo, embarcando na canoa errada.
E então o Pacaembu viu o eliscóptero, os braços abertos para o êxtase.” (Matinas Suzuki Jr. Folha de São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
“ALBERTO HELENA JR.- CONQUISTA GREMISTA SERIA UM MAL PARA O FUTEBOL
Foi assim que o Grêmio desclassificou o Flamengo, na fase semifinal da Copa do Brasil: levou um vareio no Maracanã; perdia de 2 a 0, mas fez o golzinho salvador, que lhe permitiria pular às finais no Olímpico. Sim, porque ontem o Grêmio, apesar da violência incontrolável, que explodiu na expulsão de Mancini, conseguiu escapar do Pacaembu também com uma derrota de 2 a 1, diante do Corinthians, o que lhe dá a vantagem de ganhar lá pelo mínimo, o indigente 1 a 0.
Sem nenhum regionalismo, que isso é burrice, e reverenciando o espírito guerreiro do Grêmio, um dos atributos básicos do campeão, comparando-se os dois times, seria um mal para o futebol a conquista gremista.
Não que o Corinthians seja o paradigma do futebol-arte, longe disso. Mas o Grêmio é a própria síntese daquele pragmatismo quase borgiano: o veneno que assegura o poder. Marca muito bem, bate muito mais, e, de vez em quando, arrisca-se a um contragolpe rápido com Paulo Nunes, ou a um cruzamento alto na área para o gigante Jardel.
É pouco no instante mágico que vaza o futebol brasileiro.
Já o Corinthians, ao menos, tem o menino Souza, cheio de dengos, com aquela canhotinha esperta. Tem Marcelinho e seus tiros e centros traiçoeiros. Ao atirar, colheu o goleiro adversário no contra-pé e assegurou a vitória. Ao centrar, colheu Viola na área, a seta negra, para se contrapor a Di Stéfano, “la saeta rubia”. E tem Viola, um sarro. Queremos o sarro.” (Alberto Helena Jr. Folha de São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995)
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Corinthians 2 x 1 Grêmio
CORINTHIANS: Ronaldo, Vítor, Célio Silva, Henrique e Silvinho; Marcelinho Paulista, Bernardo (Ezequiel), Marcelinho e Souza; Viola e Fabinho (Elivélton)
Técnico: Eduardo Amorim
GRÊMIO: Danrlei, Arce, Rivarola, Luciano e Carlos Miguel; Dinho (Gélson), Adílson, Luís Carlos Goiano e Alexandre; Paulo Nunes (Vágner Mancini) e Jardel
Técnico: Luís Felipe Scolari
Copa do Brasil de 1995 – Final – Jogo de ida
Data: 14 de Junho de 1995, Quarta-Feira, 21h00min
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo-SP
Público: 29.692 (25.281 pagantes)
Renda: Cr$ 415.212,00
Árbitro: Antônio Pereira da Silva (FIFA/GO)
Auxiliares: Raimundo Araújo Aguiar e Nilson Justino Pereira
Cartões Amarelos: Silvinho, Célio Silva, Marcelinho Paulista,Carlos Miguel, Rivarola, Luciano e Adílson
Cartão Vermelho: Vágner Mancini
Gols: Viola aos 40 do 1º Tempo; Luís Carlos Goiano aos 20 e Marcelinho aos 26 do 2º Tempo.