
Foto: Correio do Povo
No primeiro Gre-Nal do Gauchão de 1982, o Grêmio venceu o Internacional no Beira-Rio, gols de Edmar e Tarciso.
No tabelão da Placar consta que essa partida seria válida pela 4ª Rodada do 1º turno, mas aquele foi o sexto jogo do Inter no campeonato e quinto do tricolor. Imagino que a dupla tenha tido alguns confrontos do Gauchão daquele ano adiantados em razão dos compromissos que teriam na sequência do mês. O Inter fez uma excursão à Europa, onde disputou o trófeu Joan Gamper e o Grêmio iria fazer sua primeira participação na Copa Libertadores.
O fato de Edmar ter marcado um gol na sua partida de estreia com a camisa 9 tricolor deve ter tido alguma influência na saída de Baltazar. O artilheiro de deus foi inscrito pelo clube na Libertadores que se iniciaria em 10 dez dias, mas sequer foi relacionado para este clássico e acabou não atuando mais pelo tricolor (a Grêmiopédia afirma que seu último jogo pelo Grêmio foi a derrota para o São José), tendo sido negociado com o Palmeiras no fim do mês

Foto: Correio do Povo
“GRÊMIO VENCE COM AUTORIDADE
Grêmio 2 x Inter 0. E, sem dúvida, a vitória do melhor. Assim, além de cair o único invicto do regional, ainda o Grêmio marcou uma recuperação ampla, Começou e terminou o Gre-Nal com mais movimentação e futebol. O Inter pareceu querer garantir um empate. Jogou atrás. O Grêmio corria em contra-ataques, tendo o melhor lance ofensivo em Odair — reaparecendo com entusiasmo e vencendo a Edevaldo. Já no Inter, outro problema: Geraldão sempre esteve isolado, nunca aparecendo Cléo ou qualquer outro jogador para a aproximação. O Inter perdeu a invencibilidade de dez jogos.
Odair correu pela esquerda, Edevaldo foi envolvido e fez a falta. O ponteiro levantou para a área. Indecisão na defesa do Inter e André Luís chegou a perturbar Benitez. Edmar, o estreante, apareceu isolado e cabeceou. A bola bateu no chão e foi às redes. Grêmio 1, Inter 0 — 18 minutos.
Odair, de novo, em jogada rápida pela esquerda. Edevaldo fora de posição. De imediato, a cruzada. Os zagueiros ficaram indecisos e Tarciso despontou como centroavante, chutando com força e precisão. Benitez mergulhou, mas não conseguiu fazer a defesa. Grêmio 2, Inter 0.
Nos dois lances, nesta fase, a decisão do Gre-Nal. Posicionamento incorreto, marcação um pouco frouxa e sem explosão, o Inter não pode conter o entusiasmo e melhor futebol do Grêmio. Os colorados tinham mais torcida, mas as tricolores mais futebol.
Com Odair de boa movimentação na esquerda e a meia-cancha fechando com harmonia sempre com Batista e Bonamigo atrás, o Grêmio teve mais volume de jogo. Coletivamente mais competente e a vantagem foi muito justa. Desde a marcação do primeiro gol foi melhor.
SEGUNDO TEMPO
Grêmio retornou com a mesma disposição. Assim correndo em contra-ataques rápidos, o tricolor pôde manter o adversário assustado e, em decorrência, garantiu a diferença. O Internacional — que jogou defensivamente no primeiro tempo — repetia o mesmo posicionamento, apesar do Valdomiro no lugar de Ruben Paz.O Internacional permaneceu sem ofensiva. Geraldão continuou esquecido entro os zagueiros. Ninguém chegava na frente para a jogada de aproximação. O Grêmio marcava com severidade e movimentava-se com insistência. As modificações de Ernesto Guedes não deram em nada.
Aos 7 minutos, num lance em que o estádio não viu nenhuma irregularidade, o árbitro Carlos Martins anulou gol de Edmar para o Grêmio. Marcou falta quando nada aconteceu e a jogada foi limpa.
Para chegar ao final mais tranqüilo, Ênio Andrade não deixou o time reduzir o ritmo. Odair e Edmar saíram para: entrar China e Renato. O Gre-Nal, porém, estava garantido e o tabu de dez jogos caiu no Beira. Rio. O regional não tens mais nenhum invicto.“ (Correio do Povo, quarta-feira, 4 de agosto de 1982)

Foto: Correio do Povo
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“OPINIÃO: O Grêmio teve mais garra, melhor tática e jogou melhor. Vitória merecida.” (Divino Fonseca, Placar, edição n.º 638, 13 de agosto de 1982)
“GRÊMIO VENCE PRIMEIRO GRE-NAL DO ANO
Com um gol de Edemar que estreou e outro de Tarciso, o homem de decisão de clássicos, o Grêmio com muita tranqüilidade e um excelente futebol praticado por seu meio-de-campo conseguiu extraordinária vitória sobre o Inter ontem à noite no Estádio da Beira-Rio, igualando a diferença de pontos depois da derrota para o São José no sábado[…].” (Pioneiro, quarta-feira, 4 de agosto de 1982)
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“ANTÔNIO GOULART – VITÓRIA DO CONJUNTO
Ganhou, antes de mais nada e com todos os méritos a equipe que entrou em campo com disposição cara ganhar. O Grêmio, que precisava da reabilitação, preparou-se para isso. O Internacional, embalado por uma seqüência de vitórias, algumas um tanto enganosas, parece não ter se conscientizado de que o jogo de ontem, por ser um clássico, fugia inteiramente aos padrões normais do restante do campeonato gaúcho.
Em segundo lugar, ganhou a equipe que melhor encurtou essa condição, isto é: que mostrou conjunto e equilíbrio. Esse foi o ponto alto do Grêmio. Sem ser brilhante, foi um time aplicado, objetivo e prático. Teve sempre onze jogadores úteis. O Inter, pelo contrário, nunca contou com mais do que nove nessas condições. Ruben Paz, Cléo e depois Valdomiro, a rigor, muito pouco contribuíram.
Num jogo de muito movimento, em que predominou o conjunto gremista diante de trio adversário desorganizado, só se consegue ver destaques individuais em Odair, Paulo Bonamigo e Paulo Roberto. A vitória de 2 a 0 para o Grêmio não me surpreendeu, surpreendeu-me, isto sim, a inoperância do perdedor. No fundo, foi um resultado bom para os dois lados. O Grêmio escapou de uma crise iminente e o Inter poderá agora corrigir suas deficiências, porque elas ficaram mais do que evidentes.
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Não sei de onde Baltazar assistiu ao Gre-Nal de ontem. Só sei que não entrou em campo, nem ficou no banco de reservas. De algum lugar ele deve ter acompanhado o esforço de seus companheiros. Com certeza lembrou-se das vezes em que vestia a camisa 9 tricolor e brigava com os zagueiros rubros dentro do gramado. Particularmente, deve ter recordado um jogo do início de sua carreira no Olímpico. Foi um Gre-Nal de 1979, também pelo campeonato gaúcho. quando fez um dos dois gols da vitória de sua equipe. Foi a última vitória de sua equipe. Foi a última vitória do Grêmio diante do tradicional adversário.
Baltazar, agora, mesmo inscrito para a Libertadores, já não tem qualquer certeza quanto ao seu futuro no Olímpico. Sabe que ninguém mais o chama de <<iluminado>>, que seus gols sumiram, e não encontra explicação para isso. A <<Chuteira de Ouro>> de 1980 é um troféu que recorda um passado recente, mas não consegue ter qualquer Influência no presente.
A única certeza de Baltazar é de que existem dois outros centroavantes com prioridade sobre ele no Olímpico, e de que, a cada dia se firma mais sua condição de jogador negociável, disponível dispensável, à venda. Talvez seja melhor que essa condição se concretize em realidade. Assim, não pesará tanto ficar longe do um Gre-Nal.” (Antônio Goulart, Correio do Povo, quarta-feira, 4 de agosto de 1982)
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INTER: Benitez; Edevaldo, Mauro Pastor, André Luís e Mauro Galvão; Ademir, Cléo e André; Paulo César (Müller), Geraldão e Ruben Paz (Valdomiro)
Técnico: Ernesto Guedes
GRÊMIO: Leão; Paulo Roberto, Leandro, De Léon e Paulo Césa Magalhães; Batista, Bonamigo e Paulo Isidoro; Tarciso, Edmar (China,) e Odair (Renato Portaluppi)
Técnico: Ênio Andrade
Gauchão 1982 – 1º Turno
Data: 3 de agosto de 1982, terça-feira, 21h00min
Público: 41 mil pagantes
Renda: Cr$ 11.866.450,00
Árbitro: Carlos Martins
Auxiliares: Rui Canedo e Irandi Paiva
Cartões Amarelos: Leão, Leandro, Paulo César Magalhães, Bonamigo, Paulo Isidoro e André
Gols: Edmar, aos 19 minutos do 1º tempo e Tarciso, aos 44 minutos do 1º tempo