
Foto: Revista do Globo
Há exatos 60 anos, o Grêmio conquistava o Campeonato Gaúcho de 1962 ao vencer o Internacional por 4×2 no Olímpico.
Vimos aqui como o Grêmio foi tirando uma diferença ao longo dos segundo turno, chegando na última rodada precisando de uma vitória nos Eucaliptos para forçar um jogo extra de desempate.
Pois bem, essa foi a partida de desempate, jogada somente em fevereiro de 1963 em função das férias (imposta pela CBD) dos jogadores. E como houve esse jogo extra, o título ganhou a alcunha de “supercampeonato”.

Foto: Diário de Notícias

Foto: Revista do Grêmio
“GRÊMIO – CAMPEÃO LEGÍTIMO E AUTÊNTICO
Jogando com o coração, fibra e camiseta, o clube tricolor alcança título verdadeiramente glorioso para as suas côres — Dobrado o Internacional por 4×2 — Indisciplina dos craques rubros prejudicou sensivelmente a equipe — Expulsos Pilôto e Ary — O desenrolar do sensacional clássico da noite de ontem — Desempenho brilhante de Eunápio QueirozGrêmio alcançou, ontem, à noite, sem dúvida, feito glorioso. Realmente, de outra maneira não se poderá classificar sua façanha. Encontrando-se, como se encontrava, já ao apagar das luzes do Campeonato, em condições de acentuada desvantagem relativamente ao seu velho e sempre respeitável adversário — o Internacional — então com tudo para chegar ao bicampeonato, veio ainda a emparelhar com o ponteiro, que havia sido derrotado pelo Aimoré, e, agora. conquistar o cetro máximo do futebol gaúcho, de que há um ano se achava separado.
Para o grande e notável feito, que credencia o velho e simpático tricolor como uma das grandes equipes do País, cooperou de maneira eficiente, sem dúvida, o atual técnico, Sérgio Moacir Nunes, que, é natural, parece agora trabalhar com entusiasmo renovado, integrado, que se acha, no clube que é — todos o sabem — o do seu coração. Igualmente à direção tricolor, destacando-se seu incansável e correto presidente, dr. Pedro da Silva Pereira, cabe uma parcela ponderável, preciosa, nessa conquista. E — a sua sempre presente e entusiástica torcida, elemento preponderante para as grandes conquistas.
Nossos parabéns, nossos cumprimentos ao glorioso tricolor. O título está com quem o mereceu.
O JOGO
A conquista da Grêmio Pôrto Alegrasse foi fruto do sangue e da garra de seus atletas. Os coloradas venciam por 1×0, mas depois do empate os tricolores passaram a jogar com mais apetite, dominando as ações e o terreno. Do empate em diante, o esquadrão treinado por Sérgio caminhou mais, correu mais e jogou mais. Apareceu a velha garra gremista e, com ela, veio a conquista notável para suas cores, mais notável: Seu esquadrão, que não havia feito um bem primeiro tempo, voltou ao campo para o tempo final com garra e grande disposição. Renato, sua maior figura, juntamente com Airton e Ortunho, principalmente, desdobraram-se. Defendiam e levavam o ataque para a frente, no afã de marcar tentos.
Os esforços dos tricolores não foram perdidos. Surgiu o 2×1 e, a seguir, o 3×1. Nessa altura, com a vitória nas mãos, as rapazes do Olímpico redobraram ainda mais seus esforços, e, como uma máquina, foram se tornando brilhantes. Corriam para todos os lados. Defendiam e atacavam. A meia cancha — Elton e Milton —perdida no início da fase inicial, voltou à serenidade e começou a desfazer as cargas rubras, com categoria. O ataque deslocava-se mais e melhor e seus homens procuravam o arco de Gainete sempre bem, pois a meia cancha dos colorados — Bandeira (depois Piloto), e Osvaldinho, nada fazia de positivo. Andou sempre fora das jogadas, atrapalhado. Mas os 3×2 trouxeram, ainda, apesar do adiantado da hora (43 minutos), um alento aos rubros, que já estavam atuando com 10 homens, pois Piloto havia sido expulso do gramado, após ter atingido, violentamente, a Vieira, sem bola. O Grêmio, porém, não parou, e, nos minutos derradeiros da contenda assinalou o tento n.º 4, obra de Vieira. Antes, sr. Eunápio de Queiroz, acertadamente, expulsara do campo o zagueiro Ari, que deu um violento pontapé em Marino também sem bola. Aliás, a verdade é que os atletas do Internacional perderam a cabeça. Perturbando-se totalmente. E ai — claro — a partida ficou mais à feição para os campeões de 62, que, então, passaram a jogar com calma e maior dose de confiança. Pode-se dizer que depois do tento de Joãozinho, o Grêmio comandou ao ações, tal era a perturbação dos rubros. Ninguém mais se entendia e suas avançadas já não mais preocupavam a defensiva tricolor, que agia com tranquilidade. Deve-se dizer ,a esta altura, que a defesa do Grêmio só no segundo tempo é que se firmou mesmo de verdade. Antes, andou perdida, faltando chance aos dianteiros colorados para concretizar. Por duas vezes Sapiranga perdeu-se com a pelota, não assinalando tentos certos. O ponto alto mesmo do Internacional foi a dianteira. Flávio foi sua grande figura. Procurou fazer jogadas certas e as realizou. Gilberto e Sapiranga, estiveram bem, parando nos minutos finais, principalmente depois que o Grêmio assumiu as rédeas da partida. Na defensiva Zangão e Soligo forma os de menor expressão no quadro. Gainete foi o culpado de dois tentos. O terceiro de Ivo Dlogo e o de Joãozinho. Ambos eram perfeitamente defensáveis. Os demais elementos do Internacional andaram com altos e baixos. As expulsões de Piloto e Ari foram as mais acertadas. Eunápio de Queiroz agiu bem.
A representação do Grêmio mereceu o triunfo e o campeonato. Ontem, por exemplo, o Grêmio enalteceu sua conquista pelo que apresentou, na fase final. Sua garra surgiu e seus atletas levaram de roldão adversários, procurando uma vitoria que foi significativa por todos os motivos. Os atletas gremistas portaram-se bem e a disciplina mais uma vez veio à tona. Enquanto a indisciplina começou a campear entre os colorados, os rapazes do Grêmio mostraram-se tranquilos, aguentando tudo com serenidade e respeito. Receberam ponta-pés e não revidaram. Assim, a vitória do Grêmio frente ao internacional, ontem, foi justa e acima de tudo brilhante. Os tricolores conquistaram um campeonato que já estava perdido, liquidado.
QUADROS, TENTOS, ARBITRO
E RENDAOs dois quadros assim formados:
GRÊMIO — Henrique; Renato, Airton, Altemir e Ortunho. Elton e Milton; Marino. Joãozinnho, Ivo Diogo e Vieira.INTERNACIONAL — Gainete, Zangão, Ari, Cláudio e Soligo; Bandeira (Pilotto) e Osvaldinho; Sapiranga, Mauro, Flávio e Gilberto.
— Os tentos foram assinalados por Ivo Dlogo (2) (um de pênalti), e por Joãozinho e Vieira para o Grêmio. Os pontos do Internacional foram anotados por Soligo (pênalti) e Flávio.
— Dirigiu a contenda, com acerto e correção, o sr. Eunápio Queiroz. Não fosse o seu trabalho ponderado, talvez o embate não tivesse chegado ao seu final. Eunapio e seus auxiliares andaram multo bem.— Renda do joga: aproximadamente de 6 milhões de cruzeiros.”(Correio do Povo, sexta-feira, 8 de fevereiro de 1962)
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Foto: Revista do Grêmio
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“VITÓRIA MEMORÁVEL DOS TRICOLORES
4×2: Placar justo e inapelável
Ao internacional sobrou espírito de luta, vibração, mas faltou harmonia
[…]Marcha do Placar
A mudez do placar do Estádio Olímpico foi quebrada aos 21 minutos de jogo e a façanha pertenceu a Flávio, do Internacional. Numa das muitas e perigosas investidos da vanguarda do quadro escarlate. Cláudio serviu Mauro no centro do gramado e este, rápido estendeu para Flávio, O jovem dianteiro rubro aplicou uma espetacular finta em Airton (antes já havia aplicado varias outras) e apontou rasteiro de pé direito. A bola bateu no poste direito da cidadela guarnecida por Henrique e foi para, as redes, Um golaço do melhor jogador em campo.
GRÊMIO EMPATA DE PENALTI
Os tricolores conseguiram o empate aos 35 minutos. Joãozinho adiantou para Marino deslocado pelo centro a altura da intermediaria. O avante gremista perseguido por Cláudio, adentrou a grande área e, quando se aprontava para alvejar a meta de Gainete, foi aterrado por traz pelo quarto-zagueiro colorado, O juiz Eunápio de Queiroz foi preciso na marcação da penalidade máxima, Ivo Diogo cobrou o tiro de rigor e atingiu as malhas de Gainete.GREMIO CAMINHA PARA O TRIUNFO: 2×1
Somente aos 33 minutos da etapa derradeira foi que o Grêmio conseguiu assinalar o seu segundo gol e com ele marchar para a conquista do triunfo consagrador. Ivo Diogo serviu Joãozinho e este mandou a redonda para Vieira na direita, que devolveu ao «pequeno polegar>> gremista. Gainete adiantou-se no terreno e Joãozinho o cobriu magistralmente. A bola passou por cima da cabeça do arqueiro rubro. Delirio da «torcida» tricolor.IVO DIOGO: 3×1
O Gremio comanda as ações em campo e nota-se que o adversário começa a perder a tranquilidade. Decorrem 40 minutos e o quadro local consegue o seu terceiro gol. Ary comete feia falta sobre Vieira. O próprio ponteiro cobra e, infração, suspendendo para a esquerda, onde Ivo Diogo, junto de Gainete, mete a testa na bola e a envia para o fundo das redes.INTER DESCONTA DE PENALTI
É notório o descontrôle da equipe colorada. Piloto foi expulso de campo, mas mesmo assim. aos 42 minutos; consegue o Internacional diminuir a diferença, através de um gol de penalidade máxima. Sapiranga fugiu pela esquerda, perseguido por Airton. Na hora de executar o tiro final foi aterrado pelo Pavilhão, O árbitro marcou a penalidade com precisão. Soligo executou o chute de onze metros e venceu a vigilância de Henrique.GRÊMIO: 4×2 E FIM DE FESTA
Desarvora-se totalmente equipe rubra, já agora com apenas nove jogadores, uma vez que Ary também foi expulso de campo. Decorrem 50 minutos, portanto já no período de descontos. Joãozinho para Elton e este para Vieira, na direita, o ponteiro ageitou o balão como quis e chutou cruzado e rasteiro para as redes de Gainete. Triunfo merecido do Grêmio de 4×2 e conquista do título de 1962” (Diário de Notícias, sexta-feira, 8 de fevereiro de 1962)
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