
Foto: Juan Carlos Gomez (Zero Hora)
Na Libertadores de 1984, Grêmio e Flamengo se enfrentaram no primeiro jogo do triangular semifinal (Grupo B). O tricolor, como campeão do ano anterior, fazia sua estreia direto nessa fase, enquanto os rubro-negros avançaram com alguma facilidade pelo Grupo 3 da primeira fase (enfrentando Santos, America de Cali e Junior de Barranquila), goleando o Santos em duas ocasiões e vencendo 5 dos seus 6 jogos.
E o Grêmio venceu por 5×1. Zagallo, que fazia sua estreia como treinador do Flamengo, reclamou do frio que fazia em Porto Alegre. Estranhamente os jogadores flamenguistas entraram em campo com camisas de manga curta, enquanto os gremistas vestiam manga longa.
Tentei e ainda não achei imagem de outra partida que o Grêmio tenha usado esse modelo da adidas com gola polo (modelo parecido com o que a seleção da Iugoslávia usou na Copa de 1982 e França usou nas eliminatórias para o mundial da Espanha)

Foto: Adolfo Alves (Zero Hora)
“O frio, a chuva e os fortes ventos levaram menos de 20 mil pessoas anteontem à noite ao Estádio Olímpico, para assistir ao jogo com o Flamengo mas a renda (Cr$ 60 milhões) e os direitos de transmissão pela televisão (Cr$ 25 milhões) pagarão os custos da viagem à Caracas.” (Jornal do Brasil, 28 de junho de 1984)

Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

“GRÊMIO DÁ GOLEADA IMPLACÁVEL NO FLAMENGO
Porto Alegre — O Grêmio não perdeu a limitação tática e técnica do Flamengo e, com extrema facilidade, estreou na fase semifinal da Taça Libertadores da América com uma goleada implacável: 5 a 1. Ganhou como quis, explorando a força de sua equipe, que roubou do Flamengo qualquer iniciativa de jogo. Para facilitar ainda mais, o Flamengo errou muito. Seus jogadores, em campo, e o técnico Zagalo, ao manter Élder no banco até a metade do segundo tempo.
Domínio do meio
O resultado do primeiro tempo (3 a 1) mostrou exatamente o que foi o jogo. O ataque do Grêmio, sem posições fixas, dominou completamente a frágil defesa do Flamengo, que teve em Mozer o único jogador lúcido. Até mesmo Fillol falhou. O primeiro gol do Grêmio aconteceu logo no começo do jogo, depois de um córner cobrado por Renato. A bola foi rebatida várias vezes pela defesa, sem sair da área, até que Osvaldo chutou forte, sem defesa, quase da pequena área.
Mas o Flamengo encontrou espaços para empatar. João Paulo fez um ótimo lançamento para a entrada de Tita, que completou de primeira, no canto. O jogo ficou igual, com ligeiro domínio do Grémio, que explorava as falhas do meio-campo do Flamengo que perdeu Edmar, contundido (foi substituído por Marcos Vinícius, que sumiu em campo). E aí Fillol falhou: Tarciso entro pela ponta esquerda, cruzou, Fillol errou a bola e Caio, de cabeça, fez 2 a 1. Aos 41, um golaço: Renato dominou na esquerda, tocou para a entrada de Paulo César que cruzou para uma cabeçada perfeita de Osvaldo. Grêmio 3 a 1
Logo no começo do segundo tempo o Grêmio fez 4 a 1 e acabou com qualquer tentativa de reação do Flamengo. Osvaldo, de calcanhar, deu um passe perfeito para mais uma entrada de Paulo César, pela esquerda. O passe saiu alto e Renato, antecipando-se a Adalberto, que falhou, marcou de cabeça. E o futebol praticamente terminou. O Grêmio, satisfeito com a goleada, limitava-se a tocar a bola, sem forçar. O Flamengo lançou-se ao ataque, mas sem a menor imaginação. Zagalo, então, tentou remediar a substituição errada que fizera no primeiro tempo: tirou Marcos Vinícius e colocou Élder, que, pelo menos, chutou uma bola na trave. Mas o Flamengo voltaria a errar drasticamente. Bigu deu um passe perfeito para Tarciso, que esperou a saída de Fillol e tocou por cima, fazendo 5 a 1. Uma vitória esmagadora.”(Jornal do Brasil 27 de junho de 1984)

Foto: Luis Achutti (Jornal do Brasil)
“Para Zagalo, a derrota na estréia nas semifinais da Libertadores da América, surgiu “em conseqüência de erros técnicos infantis que jamais poderíamos esperar”. Ele não chegou a indicar os jogadores que cometeram essas falhas, mas salientou que houve falhas na marcação, “especialmente sobre os laterais do Grêmio que apoiaram com toda a tranqüilidade”. Zagalo lembrou que, apesar dos treinos e das suas determinações, no campo saiu tudo errado:
— Deu bobeira nos jogadores, a maioria em início de carreira. O treinador, que dirigiu pela primeira vez o time numa partida oficial justificou ainda que o frio favoreceu o Grêmio, “permitindo que os jogadores corressem daquele jeito.
Nós não estamos habituados àquela temperatura baixa e sentimos demais o frio. Mas esse não foi o fator determinante da goleada”. Para Zagalo, o pior mesmo foi o quarto gol do Grêmio, quando Renato teria cometido falta sobre Adalberto:
— Naquele momento o Flamengo estava melhorando e o gol acabou com a reação. Isso não é choro, não. É apenas uma constatação que fiz de acordo com o depoimento dos jogadores.” (Zero Hora 28 de junho de 1984)
“FLA JOGA MAL E LEVA GOLEADA
Porto Alegre (Sérgio Du Bocage, enviado especial) — Pouco objetivo, sem jogadas de ataque e, principalmente, com falhas grosseiras na defesa, o Flamengo foi derrotado pelo Grêmio por 5 a 1 e ficou numa situação incomoda na Taca Libertadores da America. Tita marcou o único gol do Flamengo, enquanto Osvaldo (2), Caio, Tarciso e Adalberto (contra) marcaram os gols do Grêmio.
O Flamengo não conseguiu, em nenhum segundo da partida, o equilíbrio necessário para que organizasse suas jogadas com tranqüilidade. E, mais do que isso, ficou provado que o técnico Zagalo terá muito que trabalhar. […]” (Jornal dos Sports, 27 de junho de 1984)

“ATUAÇÕES
GRÊMIO
JOÃO MARCOS — Uma boa atuação, muito tranqüilo e firme nas bolas altas Sabe sair jogando sempre pelo melhor lado. ÓTIMO.
RAUL — Um bom lateral Muito firme na marcação e oportuno no apoio, fazendo boas ultrapassagens BOM
BAIDECK — Andou falhando em algumas bolas altas mas no Jogo rasteiro foi perfeito Ganha todas as divididas BOM
DE LÉON – Um monstro. Sabe tudo e esbanja c tegoria Perfeito na defesa, grande líder em campo e até atrevido no ataque. EXCELENTE
PAULO CÉSAR — Não é de agora que tem mostrado grandes qualidades e muita aplicação Não quer saber de brincadeira. OTIMO
CHINA — Aqui começa o setor mais forte do Grêmio o meio campo. Muita disposição para o combate e vontade de se apresentar para togar BOM
LUIS CARLOS — Inteligente, veloz e objetivo. Aparece sempre livre e tenta as penetrações pelos dois lados do campo BOM
OSVALDO — o melhor do meio campo e um dos principais nomes do jogo Teve a sua atuação premiada com bonitos gols EXCELENTE
RENATO – Não tem jeito, não. Alterna excelentes jogadas com alguns lances infantis ou sem nenhuma razão, colocando em risco o seu time. No ataque, continua sendo um perigo. E fez bons lançamentos ÓTIMO
CAIO — Inteligente, lutador e correndo muito. Criou espaços para os seus companheiros e conferiu todas. BOM
TARCISO — Sempre um perigo. Ainda ganha na corrida e sempre se apresenta no lugar correto para receber a bola. OTIMO.
GILSON — Entrou no final e não teve tempo de mostrar nada de especial
GUILHERME — Não teve chance de mostrar alguma coisa.” (Jornal dos Sports, 27 de junho de 1984)

“O favoritismo gremista tornou-se indiscutível na goleada imposta aos cariocas no primeiro encontro entre as duas equipes, na noite gelada de 26 de junho. em Porto Alegre. Sob um frio de 3 graus, o Flamengo entrou em campo de mangas curtas e seus jogadores continuaram tremendo até o fim da partida. Foram massacrados num impiedoso 5 x 1 pela competência tática e o maior vigor físico do Grêmio, na inútil batalha de seu ataque miúdo contra uma defesa que, do goleiro ao lateral-esquerdo, exibe a impressionante media de 1,85 m por jogador. (Placar, 06 de julho de 1984)


GRÊMIO: João Marcos; Raul, Baidek, De León e Paulo César Magalhães; China, Osvaldo e Luis Carlos Martins; Renato Portaluppi, (Gílson Gênio), Caio (Guilherme Macuglia) e Tarciso.
Técnico: Carlos Froner
FLAMENGO: Fillol; Bigu, Guto, Mozer e Adalberto; Andrade, Adílio e Tita; Bebeto, Edmar (Marcus Vinícius depois Elder) e João Paulo
Técnico: Zagallo
Libertadores 1984 – triangular semifinal – Grupo B – 1ª rodada
Data: 26 de junho de 1983, terça-feira, 21h30min
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre-RS
Público: 19.075 Pagantes
Renda: Cr$ 60.614.500,00
Árbitro: Luis Carlos Félix (RJ)
Auxiliares: Romulado Arppi Filho (SP) e José Roberto Wright (SP)