Archive for the ‘1993’ Category

Brasileirão 1993 – Fluminense 0x1 Grêmio

November 7, 2020

Foto: Silvio Avila (Zero Hora)

No Brasileirão de 1993 o Grêmio venceu o Fluminense no Maracanã, por 1×0, com gol do centroavante Charles. Três  coisas sobre este jogo.

Colunistas dos jornais de Porto Alegre vaticinavam a queda do Felipão em caso de derrota. Ainda bem que a história foi outra.

– Na minha memória o time do Grêmio não era esse desgraça toda que as crônicas transcritas abaixo descrevem. Essa equipe lutou de igual pra igual com o São Paulo na Supercopa (time que viria a ganhar o torneio e o mundial no fim do ano) e diversas jogadores teriam grande futuro no clube.

– Eu ignorava essa história de que o presidente do Flu sugeriu que os seus jogadores assistissem Tom & Jerry para relaxar. O folclore do futebol nacional é inigualável.

Foto: Silvio Avila (Zero Hora)

GRÊMIO VENCE E SOBE PARA TERCEIRO
O time gaúcho não atuou bem, mas garantiu mais dois pontos e recuperou a calma para o jogo contra o Peñarol

Rio — Mesmo errando passes e jogando um futebol pouco convincente, o Grêmio contornou ontem uma crise cujo perfil vinha se desenhando desde a derrota para o Santos, passando pelo empate contra o Atlético-MG e tornando-se iminente em Montevidéu, quando o time perdeu para o Peñarol. Os jogadores saíram do Maracanã sorrindo, mas transparecendo preocupação com a atuação discreta. A vitória por 1 a O sobre o Fluminense ocorreu muito mais devido às deficiências do adversário — cujos torcedores passaram a maior parte do tempo gritando palavras de ordem contra os dirigentes —, do que por méritos da equipe gaúcha.

O presidente Fábio Koff foi enfático, no intervalo do jogo. “O Luís Felipe continuará treinando o Grêmio até o final do campeonato, mesmo que perca hoje”, disse. Em campo, o time apresentava deficiências reconhecidas pelo próprio técnico que, preocupado com o desperdício de oportunidades, conversará durante esta semana com os seus atacantes. “O trabalho dele é muito bom”, opinou Koff.

Em 14 partidas, foi a segunda vez que o time de Luís Felipe terminou o jogo sem levar gols. Contra o Atlético-MG, no Mineirão, a partida ficou no 0 a 0. Dos 15 gols sofridos, grande parte ocorreu no final do segundo tempo. Desta vez, marcando aos 12 do primeiro, o resultado foi mantido. Coincidência ou não, o goleiro Danrlei — cada vez mais seguro — e o centroavante Charles — que tem habilidade para segurar a bola — se destacaram.

Luís Felipe, reconhecendo um sentimento de alívio, disse que o time agora está sabendo administrar resultados. “Houve uma colocação melhor dos dois volantes com os zagueiros”, explicou.”

MELHORES LANCES
Primeiro Tempo
12 minutos: Jamir arremata forte de fora da área, a bola sobra para Charles que livra-se de dois zagueiros, chuta e faz Grêmio 1 a 0.
14 minutos: Charles passa de calcanhar para Dias que chuta fraco nas mãos do goleiro Nei.
26 minutos: Julinho é lançado na área, toca por cima de Danrlei, mas adianta-se demais e acaba devolvendo a bola para o goleiro do Grêmio.
27 minutos: Branco cruza da esquerda, Charles ajeita para Dias que chuta no goleiro.
36 minutos: Dias é lançado na direita e chuta fraco, fácil para a defesa de Nei.
37 minutos: Carlos Miguel cobra escanteio da direita, Paulão cabeceia, a bola passa perto de Charles e sai para fora.

Segundo tempo
Sete minutos: Branco cobra falta da direita e o goleiro Nei, bem colocado, pega fácil.
19 minutos: Serginho tabela com Julinho que toca para Nilson chutar forte e obrigar o goleiro Danrlei a fazer urna defesa difícil.
23 minutos: Moreno cruza para Nilson cabecear fraco nas mãos de Danrlei.
26 minutos: Branco cruza da esquerda, Caio cabeceia e Nei pega firme.
28 minutos: Grotto cobra falta da direita, Caio toca para Dias que chuta para fora.
38 minutos: Carlos Miguel lança Caio que toca para Charles chutar forte na zaga do Fluminense.
44 minutos: Julinho recebe um boto lançamento pela esquerda, invade a área, mas demora para concluir e Grotto consegue aliviar.
45 minutos: No contra-ataque, Caio escapou pela direita mas o cruzamento moa imperfeito.” (Léo Gerchmann, Zero Hora, segunda-feira, 11 de outubro de 1993)

 

Foto: Silvio Avila (Zero Hora)

FLU LEVA TORCIDA AO DESESPERO
Derrota para o Grêmio no Maracanã mostra que time precisa de mudanças

A derrota de 1 a 0 (Charles) para o Grêmio, no Maracanã, mostrou mais uma vez que alguma coisa precisa ser feita no Fluminense. O time é fraco tecnicamente, não tem qualquer prestígio junto a seus torcedores e está ameaçado de não passar para a segunda fase do Brasileiro. O jogo com a equipe gaúcha irritou os 22% pagantes. O retrato da partida aconteceu exatamente no primeiro tempo, com boa parte da torcida hostilizando o presidente Arnaldo Santiago, que assistia ao jogo da Tribuna Especial.

O time gaúcho começou mais aplicado taticamente. Organizado no meio campo, o Grêmio chegava fácil à área do Fluminense. Logo aos 12 minutos, Jamir chutou de fora da área, a bola bateu em Alaércio e, no rebote, Charles dominou e tocou na saída do goleiro Nei. 1 a 0, merecidamente. Confuso, o time tricolor não passava de sua intermediaria, nem tentava a reação. A pouca criatividade saía dos pés de Julinho. Mas era muito pouco para quem precisava muito da vitória para se reabilitar no Brasileiro e diante de sua torcida.

A partir dos 20 minutos, o jogo ficou lento, chegou a ser sonolento e começou a irritar os torcedores. O meio campo do Fluminense não conseguia chegar à área do Grêmio nem encostar nus atacantes Ézio e Nilson, que voltavam para buscar jogo. Do outro lado, normalmente o apático Dias surpreendia com boas jogadas pela direita em velocidade. Fabinho e Charles, se fossem mais aplicados e apostassem mais nas jogadas disputadas, principalmente dentro da área, teriam feito mais gols. A defesa do Fluminense esteve muito mal na partida.

O intervalo parece que fez bem ao time carioca. O Fluminense voltou mais organizado e disposto a empatar o jogo. O Grêmio, por sua vez, voltou desinteressado e determinado a garantir o resultado de 1 a 0, o que fez com que o nível técnico, que já era ruim, piorasse. Aproveitando-se disso, o Fluminense tentava alguma coisa, com Julinho, Nilson e Ézio, que rondavam a área adversária, com jogadas cm velocidade e chutes fortes que esbarravam no bem colocado goleiro Danrley.

Mas não era dia do Fluminense. Aliás, a época é uma das piores para o tricolor das Laranjeiras. Além das dificuldades técnicas de sua equipe, o Fluminense ainda teve problemas com o juiz Oscar Roberto Godoy, que inventou e inverteu faltas, e ainda não deu um pênalti a seu favor aos 34 minutos, quando Celinho foi puxado pela camisa por Aguinaldo. Todo mundo viu menos o árbitro. Haja paciência para agüentar tanta mediocridade não só dos jogadores, como do trio de arbitragem.

PRINCIPAIS LANCES
Primeiro tempo
2 minutos — Jamir lança Carlos Alberto Dias dentro da área e o jogador chutou mal, por cima do travessão do goleiro Nei.
12 minutos — Gol — Grêmio 1 a 0: Jamir chuta e a bola bate em Alaércio, sobrando para Charles. O centroavante ganha na velocidade da zaga ao invadir a área e desloca o goleiro tricolor.
14 minutos — Charles faz boa jogada e toca para Dias na esquerda. O meia chuta forte, e Nei defende parcialmente. Márcio despacha para córner.
26 minutos — Chiquinho lança Julinho, que dá um lençol em Danrley. Na jogada, porém, o tricolor adiantou a bola e perdeu o ângulo para concluir para o gol vazio. Julinho ainda toca para o meio, mas o goleiro consegue segurar a bola.
36 minutos — Carlos Alberto Dias recebe passe preciso de Carlos Miguel, penetra livre na área, chuta forte, mas Nei faz grande defesa.
41 minutos — Chiquinho, de fora da área, dá o primeiro chute do Fluminense ao gol, mas a bola sai por cima do travessão

Segundo tempo
7 minutos — Branco cobra falta pelo lado direito do ataque. O chute sai forte, mas Nei faz mais uma bela defesa.
19 minutos — O Fluminense faz uma boa jogada. Serginho passa para Julinho, que lança Nilson, livre. O centroavante acerta um belo chute, rasteiro. Danrley se estica todo e coloca a bola para fora.
26 minutos — Carlos Miguel cobra escanteio, da esquerda, e Caio sobe e cabeceia livre de marcação. Nei defende mais uma bola perigosa.
34 minutos — Celinho é lançado dentro da área, dribla o zagueiro Agnaldo e vai em direção ao gol. Porém, o defensor segura o atacante pelo calção e o juiz manda o lance seguir: a zaga despacha.
38 minutos — Caio recebe no meio campo, vira o jogo e lança Charles pelo lado direito. O atacante penetra sem qualquer marcação e dá um forte chute. Brasília, que se recuperou no lance, desvia para escanteio.” (Edir Lima, Jornal dos Sports, segunda-feira, 11 de outubro de 1993)

 

Foto: Uramar de Assis (Jornal dos Sports)

 

A TORCIDA NÃO AGUENTA MAIS
Tricolores ofendem presidente do Fluminense, que assiste cercado por seguranças a mais um vexame dos cariocas no Brasileiro.

Paciência tem limite. E a do torcedor carioca se esgotou. Cansados de seguidos vexames e derrotas em casa, os poucos apaixonados que ainda vão aos estádios se revoltam contra os cartolas. Ontem, enquanto o péssimo time do Fluminense perdia para o Grêmio por 1 a 0,os torcedores desviavam suas atenções para a tribuna do Maracanã. Afinal, lá estava quem, para eles, é o responsável pelos fiascos: o presidente Arnaldo Santiago.

Foi o desfecho de mais um fim de semana de fracassos para os times do Rio. O menos ruim foi o Flamengo, que empatou em 1 a 1 com o Bahia, sábado, no Maracanã. Enquanto isso, o Botafogo perdia por 3 a 0 para o Cruzeiro em Belo Horizonte, completando um turno ou 10 horas e meia sem gol, e o Vasco sofria com os 2 a 0 impostos pelo Palmeiras, em São Paulo. Dos quatro cariocas no Campeonato Brasileiro, apenas rubro-negros e vascainos ainda brigam pela classificação. Botafogo e Fluminense já pensam em 94.

É verdade que a torcida tricolor exagerou, com palavrões e ofensas pessoais ao presidente, mas a reação deixou clara a impaciência geral. O médico Arnaldo Santiago, que durante a semana sugeriu a exibição de desenhos de Tom e Jerry para relaxar os “tensos” jogadores do time, passou quase todo o jogo cercado por seguranças, e sendo ofendido tanto por quem pagou CR$ 500 pelo ingresso de arquibancada como por quem desembolsou CR$ 5 mil pela cadeira especial. Ao final, foi o primeiro a sair, assustado. Não há desenho animado capaz de acalmar a sofrida torcida do fluminense.”

 

 

E A VITÓRIA DO MENOS RUIM

O Fluminense perdeu. De novo. Foi a quinta derrota em oito jogos pelo Campeonato Brasileiro, quarta consecutiva, terceira seguida no Rio. E o adversário de ontem não era grande coisa. O time que o Grémio trouxe ao Maracanã só não saiu com zero porque esta nota foi exclusiva do tricolor carioca. Do gol de Charles, aos 12 minutos de partida, ao apito final, o Fluminense praticamente não ameaçou empatar, mostrando aos menos de 2,3 mil torcedores que pagaram ingresso que, hoje, sair de casa para ver a turma da camisa tricolor em ação é aborrecimento garantido.

Impacientes, os torcedores pediam time e cantavam os já desgastados corinhos antes mesmo de a bola rolar. De todos, o mais ouvido era: “Não é mole não! São oito anos sem gritar é campeão”. O jogo em si, era de irritar. Passes errados, chutões e encontrões estilo pastelão rechearam os 90 minutos. Até o gol da vitória gaúcha foi conseqüência de lance casual. Jamir chutou — mal —, a bola tocou na zaga e sobrou para Charles. O centroavante entrou como quis para fazer 1 a O. quebrando um jejum. Há três jogos os gremistas não balançavam as redes adversárias.

Na melhor chance do Fluminense. Julinho tocou sobre Danrlei, mas a bola tinha endereço errado e ia saindo. O meia correu e se esticou para alcançar a bola, puxando-a de volta, só que nas mãos do goleiro. Alguns riam e outros quase choravam. De raiva. Um lance tragicómico. Depois, só um chute de Nilson, aos 19 minutos do segundo tempo, assustou a defesa gaúcha. Danrlei tocou para córner. Como o Grêmio estava mais do que satisfeito com a magra vitoria, apesar da mediocridade do Fluminense, a partida foi-se arrastando até o fim. Por sinal, se não tivesse começado ninguém sentiria falta.” (Mauro Cezar Pereira, Jornal do Brasi, segunda-feira, 11 de outubro de 1993)

 

Foto: Alaor Filho (Jornal do Brasil)

 

O JOGO: Se o Grêmio não fosse tão limitado tecnicamente teria goleado o “bando” de jogadores que veste a camisa do Flu neste Campeonato” (Tabelão Placar, 1993)

 

FLUMINENSE: Nei; Márcio, André, Brasília e Alessandro; Alaércio, Chiquinho (Serginho, intervalo) e Julinho; Nilson e Ézio (Celinho, 30 do 2ºT) e Moreno.
Técnico: Nelsinho Rosa

GRÊMIO: Danrlei; Grotto, Paulão, Agnaldo Liz e Branco; Pingo, Jamir, Carlos Miguel e Carlos Alberto Dias (Marco Aurelio, 32 do 2ºT); Fabinho (Volnei Caio 25 do 2ºT) e Charles.
Técnico: Luiz Felipe Scolari

Brasileirão 1993 – 1ª Fase – Grupo B – 8ª Rodada
Data: 10 de outubro de 1993, domingo
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro-RJ
Público: 2.296 pagantes
Renda: CR$ 1.139.900,000
Juiz: Oscar Roberto de Godoy
Auxiliares: Odair Godeghesi Junior e Altamirano Paulo Neto
Cartões amarelos: Grotto, Paulão, Alessandro, Alaércio
Gol: Charles, aos 12 minutos do primeiro tempo

Gauchão 1993 – Pelotas 1×1 Grêmio

March 20, 2019
1993 pelota placar nico esteves

Foto: Nico Esteves (Placar)

No Gauchão de 1993, o Grêmio garantiu o título com duas rodadas de antecedência no empate com o Pelotas na Boca do Lobo.

O técnico Cassiá sagrou-se campeão menos de um mês após substituir Sérgio Cosme no comando da equipe tricolor.

1993 pelota zh valdir friolin a

Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

EMPATE GARANTE O TÍTULO DO GRÊMIO
A equipe de Cassiá saiu na frente com um gol de Caio no primeiro tempo, o Pelotas igualou na etapa final mas não impediu a festa dos tricolores na Boca do Lobo

Pelotas — Nem a iluminação deficiente, o campo enlameado, a dureza da marcação, o frio ou o soco em Dener, impediram o em-pate e o titulo do Grêmio, o novo campeão gaúcho. A campanha in-victa no octogonal final, o gol de Caio e a determinação dos jogadores na partida de ontem à noite, no Estádio da Boca do Lobo, asseguraram o empate em 1 a 1 com o Pelotas (Gaúcho descontou no final). Os 20 pontos e a distância de cinco do Inter garantiram a taça por antecipação, duas rodadas antes do fim do campeonato. O futebol ficou abaixo das expectativas, mas não impediu a grande festa dos tricolores. Uma alegria que se estendeu por todo estado do Rio Grande do Sul durante a madrugada.

O jogo começou bastante nervoso. O Pelotas tomou a iniciativa no meio-campo e ficou mais tempo com a bola sob seu controle. O time de Cassiá só chutava para longe, preocupado em garantir o empate, enquanto o dono da casa procurava trocar passes. Aos 8 minutos do primeiro tempo, José Mocellin chamou a atenção do goleiro Eduardo Heuser, que demorou para cobrar um tiro de meta. Aos 16 minutos, Eldor lançou para Sidnei, livre, chutar nas mãos de Eduardo. O goleiro sentiu uma antiga lesão na virilha esquerda e deixou o gramado aos 22 minutos, substituído por Ademir Maria.

O Grêmio conseguiu respirar um pouco mais no meio, mas seus atacantes estavam isolados. Somente aos 37 minutos, Fabinho tocou para Jamir que chutou com a perna esquerda sobre o gol de Leonetti. Um minuto depois, a equipe de Cassiá superou a boa defesa dos pelotenses. Carlos Miguel cruzou da esquerda, Dener esquivou-se e a bola ficou para Gilson. O centroavante tocou para Caio que chutou para fazer Grêmio 1 a 0. O Pelotas se desesperou e Bruno deu um soco no rosto de Dener.

No começo do segundo tempo, Pablo chutou forte e Ademir Maria fez excelente defesa. Foi o momento de o Grêmio segurar o Pelotas e partir em contra-ataques. O goleiro gremista salvou novamente seu time numa dividida com Pablo. A equipe de Galego cresceu na partida e aos 39 minutos Luís Carlos gaúcho empatou em 1 a 1. Mesmo assim, a torcida insistiu em gritar. “E campeão, é campeão”. E foi assim até o final.” (SILVIO FERREIRA, Zero Hora, Quinta-feira, 15 de julho 1993)

1993 pelota placar nico esteves cassia

Foto: Nico Esteves (Placar)

TORCIDA FAZ A FESTA E CANTA `ADEUS INTER’
   Pelotas – Três torcidas preenchiam praticamente todos os espaços do Estádio da Boca do Lobo. De um lado a do Pelotas, de outro a do Grêmio, que contava com o auxílio luxuoso das torcidas organizadas do Brasil. Mas, ao final da partida, não se ouvia pelas ruas da cidade nenhum grito de guerra que levasse o nome de qualquer uma dessas três equipes. O clube mais lembrado estava em Porto Alegre: “Adeus Inter, adeus Inter”, gritavam os torcedores do Grêmio pelas gélidas ruas de Pelotas.
   A noite estava fria, mas quente estavam os tricolores. Depois de passar quase duas horas pulando, poucos se deram conta de que, ao final do jogo, o termômetro já beirava os 5º C. Mesmo assim, para quem viajou de ônibus de Porto Alegre até Pelotas, não havia outra solução senão comemorar o título de campeão gaúcho com duas rodadas de antecedência. “Agora queremos o Inter fora da Copa do Brasil”, esbravejava o adolescente Roberto César Casagrande, 17 anos.
   Embalado pelo aquecedor mais disponível e consumido no estádio, não faltou uma pequena dose etílica para quem estivesse disposto espantar o frio. Antes de enfrentar os 255 quilômetros da volta para Porto Alegre, houve um breve carnaval pelas ruas de Pelotas.” (SILVIO FERREIRA, Zero Hora, Quinta-feira, 15 de julho 1993)

IMG_2874

1993 pelotas valdir friolin zh winck

Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

1993 pelotas jose doval zh

Foto: José Doval (Zero Hora)

Pelotas 1×1 Grêmio

PELOTAS: Leonetti; Bruno, Eugênio, André (Zézinho 21 do 2ºT), Eduardo e Renatinho; Pablo, Eder (Alaor 33 do 2ºT) e Luís Carlos Gaúcho; Sidnei e Alexandre
Técnico: Galego

GRÊMIO: Eduardo Heuser (Ademir Maria 22 do 1ºT); Luís Carlos, Winck, Paulão, Luciano e Carlos Miguel; Pingo, Jamir, Caio e Dener, Fabinho e Gílson (Marco Aurélio 35 do 2ºT)
Técnico: Cassiá Carpes

Gauchão 1993 – Octagonal Final – 12ª Rodada
Data: 14 de julho de 1993, quarta-feira
Local: Estádio Boca do Lobo, em Pelotas-RS
Público: 5.812
Renda: Cr$ 1.312.150,00
Juiz: José Mocellin
Auxiliares: Adão Alípio Soares e Flávio Abreu
Cartão amarelo:Eugênio,Renatinho, Jamir, Dener e L.C. Winck
Gols: Caio, aos 38 minutos do primeiro tempo; Luís Carlos Gaúcho, 39 minutos do segundo tempo

Copa do Brasil 1993 – Flamengo 4 x 3 Grêmio

August 14, 2018
1993 zh dener flamengo ida

Foto: Guaracy Andrade (Zero Hora)

Na partida de ida da semifinal da Copa do Brasil de 1993, Flamengo x Grêmio fizeram um jogo bastante movimentado (com direito à invasão de campo pelos dirigentes flamenguistas)  que terminou em 4×3 para os mandantes. Como curiosidade, vale destacar que Renato Portaluppi, à época, estava no outro lado (e conseguiu marcar um gol e ser expulso em menos de 20 minutos em campo).

Como é possível ler nas matérias abaixo, especialmente nos jornais cariocas, os rubro-negros reclamaram bastante da arbitragem. O estranho é que o vídeo ao final não sustenta todas as queixas. O gol de Gaúcho foi de fato equivocadamente anulado, mas o pênalti marcado para o tricolor no final da partida é claríssimo.

Mas esses vídeos de melhores momentos nem sempre registram tudo. Esse jogo foi o de estreia de Dener com a camisa do Grêmio. E essa estreia (ao menos na minha memória e conforme a coluna do Paulo Sant´ana transcrita abaixo) foi espetacular, e isso não transparece no vídeo. Lembro bem do impacto inicial de ver o Dener trajando azul, preto e branco na transmissão feita pela TVE (que mal pegava na minha casa). Repito o que disse no post que fiz sobre a passagem do Dener pelo tricolor que nesse jogo ele fez o drible de “dar chute no ar” com muito mais habilidade do que o Valdivia (que acabou se consagrando por esse tipo de lance).

1993 flamengo ida jb

“FLAMENGO VENCE O GRÊMIO
Partida teve tumultos, muitos gols, e até o retorno de Renato, que acabou expulso
Flamengo e Grêmio, ontem à noite, pela Copa do Brasil, no Maracanã, fizeram uma partida com muitos ingredientes: sete gols, três expulsões, seis cartões amarelos, pênalti inexistente, gol mal anulado, o retorno de Renato Gaúcho e a estréia de Dener no Grêmio. No final, aos 54m do segundo tempo, vitória do Flamengo (4 a 3), que agora joga pelo empate na segunda partida, quinta-feira, no Olímpico.
O Flamengo fez 1 a O com gol de Nélio, aos 12m, numa bela jogada de Djalminha. Aos 38m, o Grêmio conseguiu o empate com gol de Juninho, numa falha conjunta de Gilmar e Rogério. No segundo tempo, aos 5m, Djalminha, que teve boa atuação, desempatou numa bola que bateu em Geraldão e enganou o goleiro. Aos 12m. Gilson voltou a igualar em outra falha de Gilmar.
Renato entrou aos 13m e, aos 29m, fez seu gol. Porém, se envolveu num tumulto com Geraldão e ambos foram expulsos. Aos 41m, Djalminha novamente ampliou, mas, aos 46m, o juiz marcou pênalti (convertido por Eduardo) numa jogada em que a bola bateu na mão de Rogério. Além da péssima atuação do árbitro Paulo César Gomes, os dirigentes do Flamengo trataram de protagonizar um triste espetáculo: invadiram o campo o tumultuando o final da partida.” (Jornal do Brasil – 21 de maio de 1993)

COBRAF ADMITE ERRO AO ESCALAR JUIZ
O presidente da Comissão de Arbitragens, Ivens Mendes, admite ter errado ao escalar o capixaba Paulo César Gomes, que é policial federal, para atuar na partida Flamengo x Grêmio, pela Copa do Brasil. “Como ele já havia apitado outros jogos não só este ano como no ano passado, achei que era hora de testá-lo para saber até onde poderia chegar”, justificou-se. Na avaliação de Ivens Mendes, o árbitro falhou ao anular o gol de Gaúcho — “O juiz alega que estava encoberto e guiou-se pela marcação do auxiliar” —, mas não pensa da mesma forma em relação ao pênalti, que os dirigentes do flamengo dizem não ter existido. Sobre a invasão de campo, o juiz relatou na súmula que “aos 41 minutos do segundo tempo, ao marcar escanteio em favor do Flamengo, pôde observar que o fosso destinado ao time carioca estava cheio”. Ivens disse que na descrição, o juiz cita nominalmente o presidente rubro-negro, Luiz Augusto Veloso, como um dos invasores. Em Porto Alegre, o vice-presidente de futebol do Grêmio, Luís Carlos Silveira Martins, prometeu “uma guerra contra o Flamengo” na próxima partida da Copa do Brasil, quinta-feira. “Mas sem violências. Os gremistas vão vaiá-los intensamente desde o hotel até o campo. Aqui eles não vão intimidar ninguém, como tentaram fazer no Maracanã. Se fosse com a gente, seríamos suspensos”, aposta.”(Jornal do Brasil – 22 de maio de 1993)

BAIANO DÁ EXEMPLO PAIA DIRIGENTES
Zagueiro, que foi ameaçado de punição por agressão, contém os exaltados ‘cartolas’, que insinuam suborno ao juiz capixaba
Não faz um mês e os dirigentes do Flamengo queriam multar Júnior Baiano. O motivo: a agressão a Gilmar do São Paulo, em jogo pela Taça Libertadores. Quinta-feira, no final da partida com o Grêmio, o mesmo Júnior Baiano ajudou a deter os cartolas em pleno gramado do Maracanã. O motivo: eles queriam agredir o juiz capixaba Paulo César Gomes. “Fui ao ataque tentando um gol. Quando vi a confusão, procurei evitar que o Flamengo fosse: prejudicado. Tive medo de que o jogo fosse anulado. Estávamos vencendo”, lembrou. Na Gávea, só se falou na má arbitragem do desconhecido juiz e no pacificador Júnior Baiano. Logo após a partida, o presidente Luiz Augusto Veloso admitiu que os erros de Paulo César Gomes não justificaram a invasão. Ontem, levantou dúvidas quanto as intenções do árbitro: “Os antecedentes dele não são bons. Pediremos á COBRAF que apure a razão de uma atuação tão desastrosa e, se necessário, vamos pedir quebra de sigilo bancário”, adiantou, inocentando o Grémio. No clube, há quem acredite numa trama “anti rubro-negra” que poderia partir até de pessoas do próprio Flamengo. Comenta-se sobre suborno, mas ninguém aponta o responsável. Enquanto alguns dirigentes falavam sério sobre o assunto, outros faziam piadinhas irônicas sobre a invasão ao gramado, lembrando, às gargalhadas, a caçada ao juiz. Paulo César Gomes anulou, erradamente, um gol de Gaúcho no primeiro tempo e por pouco não foi agredido no final. Ao encerrar a partida, mergulhou no túnel para chegar ao vestiário antes de ser alcançado. “Na hora o sangue esquenta e o pessoal perde a cabeça”, tentou explicar o tranquilo Júnior Baiano.
Os invasores
• Getúlio Brasil, Vice-Presidente Geral
• Haroldo Couto, Presidente do Conselho Fiscal
• Carlos Peixoto, Vice de Relações Institucionais”
(Mauro Cezar Pereira – Jornal do Brasil – 22 de maio de 1993)

“Sérgio Noronha
Pode-se compreender o nervosismo da direção do Flamengo, diante dos vários problemas internos que enfrenta. pode-se entender a revolta com a fraca arbitragem de Paulo César Gomes, mas nada justifica a invasão do campo no jogo contra o Grêmio. Parte da culpa, porém, é dos próprios árbitros, que permitem um excesso de gente nos bancos e (iradas que dão acesso ao gramado do Maracanã. Ali não é o lugar do presidente e de seus amigos e assessores. e tudo pode ser sanado apenas com a aplicação das regras do futebol. Mas se os árbitros não sabem aplicá-las dentro do campo, o que dirá fora dele.” (Jornal do Brasil – 22 de maio de 1993)

flamengo ida cp1

“AGORA GRÊMIO TERÁ QUE VENCER
Empate no Olímpico classificará o Flamengo, que ganhou por 4 a 3
O Grêmio até que conseguiu um bom resultado, ontem à noite, no Maracanã, ao perder de 4 a 3 para o Flamengo. O resultado poderia ser pior diante dos inúmeros erros individuais do time e também se o árbitro não tivesse invalidado um gol legítimo de Gaúcho aos 28 minutos do 1º tempo. No próximo jogo o Grêmio se classifica à final da Copa do Brasil com vitórias de 1 a 0, 2 a 1 ou 3 a 2.
O festival de gols começou aos 13 minutos. Nélio recebeu entre a zaga e desviou do goleiro com categoria, marcando 1 a 0. Aos 26, Dener fez a primeira de suas belas jogadas ao longo do jogo, deixando Juninho livre para marcar. Juninho demorou e a zaga defendeu. Dois minutos depois, o gol anulado de Gaúcho, que recebeu um passe “milimétrico” de Paulão dentro da pequena área. Paulo César Gomes assinalou impedimento do centroavante sob violentos protestos do time carioca. Aos 38, o Grêmio, que já merecia empatar, chegou ao 1 a 1 através de Juninho após boa jogada de Fabinho, um dos destaques do time ao lado do estreante Dener. No segundo tempo, aos 5, Júnior chuta e a bola desvia na defesa: 2 a 1. Mas, aos 12, a resposta. Dener arrancou em velocidade, driblou dois e deixou Gílson livre para fazer 2 a 2. Aos 29, Renato, que voltou depois de três meses fora do futebol, fez 3 a 2, recebendo passe de Gaúcho de cabeça. O centroavante saltou mais alto que a dupla Paulão-Geraldão, que continua deixando os gremistas aterrorizados. Logo depois. Renato e Geraldão se desentenderam e foram expulsos. Aos 41 minutos, um lance grotesco. Paulão foi para a área receber um lançamento de Eduardo, que cobrou uma falta no meio do campo. E Dener, com todo o seu talento, ficou na marcação no campo do Grêmio. Paulão, como era de se esperar, não conseguiu controlar a bola, o Flamengo saiu no contra-ataque e fez 4 a 2. Na área do Grêmio, brigando pela bola, Dener. Vantagem para Djalminha sobre os escombros da defesa gremista. Nos últimos minutos, mesmo com um jogador a menos (Jamir havia sido expulso no começo do segundo tempo), o Grêmio na raça e na coragem, partiu em busca de um resultado melhor. Dener e Fabinho puxavam os ataques. Aos 47 minutos, Pingo recebeu de Caio e chutou forte. O zagueiro Rogério defendeu com os braços dentro da área. Pênalti corretamente assinalado pelo árbitro. Eduardo cobrou com muita habilidade e deixou o jogo em 4 a 3. No segundo jogo pela semifinal da Copa Brasil o Flamengo não terá Júnior Baiano e Renato. O Grêmio jogará sem Jamir e Geraldão.” (Correio do Povo, 21 de maio de 1993)

“KOFF PROMETE DAR O TROCO
“Este treinador é um moleque. Ainda bem que não o contratamos. Mas em Porto Alegre vamos dar o troco.” O desabafo do presidente Fábio Koff, normalmente muito equilibrado, contra o treinador Jair Pereira mostra a irritação que tomou conta do Grêmio com a confusão armada por Pereira e pelos dirigentes do clube carioca quase ao final do jogo, tumultuando tudo. Quando o árbitro Paulo César Gomes marcou pênalti a favor do Grêmio, aos 45 minutos do 2º tempo, o Flamengo reclamou muito. Depois disso, os dirigentes invadiram o campo para agredir o juiz, forçando uma paralisação e pressionando de todas as formas. Assim que Paulo César apitou o final da partida, houve nova invasão e nem a Polícia conseguiu evitar a perseguição contra o juiz, que escapou correndo e com sorte se escondeu no vestiário.” (Correio do Povo, 21 de maio de 1993)

1993 fla ida

“MENGÃO VENCE JOGO TUMULTUADO
Time meteu 4 a 3 no Grêmio, e jogará pelo empate em Porto Alegre
O Flamengo derrotou o Grêmio, ontem, à noite, no Maracanã, por 4 a 3 numa partida recheada de emoção e tumulto. Na próxima quinta-feira, no estádio Olímpico, em Porto Alegre, o time rubro-negro poderá garantir a vaga à finalíssima da Copa do Brasil com um empate diante do tricolor gaúcho. Unia vitória simples do Grêmio, porém, lhe assegurará a classificação. Até que Flamengo e Grêmio fizeram um primeiro tempo movimentado. Os dois times estavam equilibrados em campo. Logo aos três minutos, Fabinho cruzou da direita e o centroavante Gilson cabeceou para uma importante defesa de Gilmar. Dez minutos depois (13), Djalminha executou um lançamento primoroso deixando Nélio na cara de Eduardo. O atacante rubro-negro apenas desviou do goleiro tricolor e fez Flamengo 1 a 0. A partir deste gol o Flamengo passou a dominar a partida. Aos 28 minutos Gaúcho emendou para o fundo da rede, mas o juiz Paulo César Gomes anulou equivocadamente — o gol alegando impedimento. Sé que a bola fora atrasada pelo próprio zagueiro Paulão. Mas se o Flamengo tem Djalminha, o Grêmio tem Dener. O atacante, emprestado pela Portuguesa cruzou da direita aos 39 minutos, Gilmar falhou, e Juninho aproveitou o rebole para empatar o jogo: 1 a 1. As emoções estavam por vir na etapa final. Já aos cinco minutos, Djalminha chutou, a bola desviou em Geraldão e entrou: Flamengo 2 a 1. Aos 12, o centroavante Gilson voltou a decretar o empate: 2 a 2. Aos 29, Renato Gaúcho, que voltava ao time rubro-negro após três meses na “geladeira”, desempatou (3 a 2). O ponta, entretanto, só permaneceu 18 minutos em campo, pois foi expulso juntamente com o zagueiro Geraldão. Aos 41 minutos, Djalminha tabelou com Luís António e fez 4 a 2 num lance de pura plástica no Maracanã. Quando todos pensavam que o jogo estava definido, Eduardo diminuiu (4 a 3) aos 47 minutos, num pênalti inventado pelo juiz” (Jornal dos Sports – 21 de maio de 1993)

DJALMA CONDUZ FLA À VITÓRIA
Djalminha foi o grande condutor do Flamengo à vitória. Marcou o quarto gol (o seu segundo na Copa do Brasil) após bela tabelinha com Luís António e foi o responsável pela jogada que redundou no gol de Nélio. Além disso, de seus pés saíram os lances mais bonitos da partida. Arriscou alguns chutes de fora e apresentou a técnica que lhe é peculiar. Satisfeito com a vitória, ele só lamentou a atuação do juiz. — Conseguimos marcar quatro, mas fomos prejudicados no finalzinho com um pênalti que não existiu. Agora não adianta chorar. Temos é que nos concentrar no jogo lá, em Porto Alegre, que com certeza será muito difícil. Vivendo a melhor fase de sua carreira, a cada jogo Djalminha mostra a razão de ter conquistado a posição de titular do time. A displicência que o caracterizava em épocas passadas foi substituída por espírito de luta, que ele mostrou ontem durante os noventa minutos. Ele, que é uma das principais armas do Flamengo para o clássico de domingo com o Vasco, pode-rá decidir o destino da Taça Rio. — Será um jogo decisivo. Uma derrota poderá significar a eliminação de nosso time do campeonato. Mas sinto que isso não irá acontecer, pois o Flamengo cresce nos momentos decisivos. Sem dúvida será um grande clássico — comentou o herói dos 4 a 3.” (Jornal dos Sports – 21 de maio de 1993)

ÁRBITRO REVOLTA OS RUBRO-NEGROS
A revolta tomou conta dos dirigentes do Flamengo, que chegaram a invadir o campo quase no final do jogo para ofender o juiz Paulo César Gomes. O presidente Luís Augusto Veloso, bastante nervoso, considerou a arbitragem um escândalo. “Foi uma provocação ao Flamengo”, gritou. Segundo ele e todos os jogadores e comissão técnica, o time foi muito prejudicado. Não apenas pela marcação do pênalti aos 47 minutos do segundo tempo em favor do Grêmio, mas em toda a partida. Paulo César Gomes deixou o gramado correndo, e tropeçou nas escadarias que dão acesso ao vestiário. Julgamento — O STJD absolveu Júnior de ter agredido o juiz Jorge Travassos com uma cabeçada, no Flamengo x Vasco pela última Taça Rio. Após uma eleição que terminou 6 a 3, o relator Luís Valter manteve a punição imposta pelo TJD da Ferj, de quatro jogos, convertida em multa. O desempenho do advogado de defesa Clóvis Sahioni foi importante para convencer os juízes. Ele chegou a citar um depoimento de Eurico Miranda, em que o dirigente diz que não houve da parte de Júnior a intenção de agredir Travassos, que, por sinal, apitou muito mal esta partida.” (Jornal dos Sports – 21 de maio de 1993)

Paulo Sant´ana – TEM QUE COMPRAR O DENER!
Não me lembro de que uma derrota da dupla Gre-Nal em toda a história que tenha servido ao mesmo tempo de campo a um entusiasmo tão grande de uma torcida pela atuação de um Dener, anteontem, no Maracanã. Recém entrado no time, sem entrosamento com seus companheiros, Dener encantou a que puderam ver, nos intermitentes da transmissão defeituosa, as suas jogadas de pura arte e objetividade, confirmando inteiramente o seu cartaz e referendando um talento raro nos dias de hoje, tempos de futebol muito mais tático e físico do que técnico.
Não há nada individualmente parecido com Dener no futebol brasileiro ultimamente, em matéria de habilidade. A única tristeza que se derivou de sua estupenda apresentação foi subjetiva: não é possível que um jogador de tais atributos fique apenas três meses entre nós. A provável grandeza remanescente do Grêmio será testada em Dener: é preciso que se desfeche desde já um gigantesco movimento que leve o clube a comprar definitivamente o passe do jogador. A maioria das pessoas mais importantes do Rio Grande é gremista. É impossível que ela não saiba encontrar jeito de tirar da seiva extraordinária de paixão que incendeia a grande torcida tricolor os recursos para adquirir o passe de Dener.
Só para dar uma idéia de que não é utópico o projeto, basta dizer que, se cada gremista contribuir com um dólar (apenas Cr$ 40.000,00), Dener será para sempre do Grêmio. E há mais de 1.500.000 gremistas no território gaúcho, totalizando os US 1.500.000 necessários.
Eu estou aí à disposição para costurar este colossal e relativamente fácil empreendimento.” (Paulo Sant´ana – Zero Hora – 22 de maio de 1993)

Flamengo 4 x 3 Grêmio

FLAMENGO: Gilmar Rinaldi; Uidemar, Rogério, Júnior Baiano, Piá; Júnior, Marquinhos, Djalminha, Nélio, Marcelinho Carioca (Renato Portaluppi); Gaúcho (Luiz Antônio)
Técnico: Jair Pereira

GRÊMIO: Eduardo Heuser; Jackson, Paulão, Geraldão, Eduardo; Pingo, Jamir, Juninho (Dorival Júnior); Fabinho; Gílson (Caio); Dener.
Técnico: Sérgio Cosme

Copa do Brasil 1993 – Semifinal – Jogo de ida
Data: 20 de maio de 1993, 21h40min
Local: Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro-RJ
Público: 16.270
Renda: CrS 782.420.000,00
Árbitro: Paulo César Gomes
Cartões Amarelos: Uidemar, Júnior, Marquinhos, Júnior Baiano, Nélio e Jackson
Cartões Vermelhos: Jamir, Geraldão e Renato
Gols: Nélio 12/1T, Juninho 38/1T, Djalminha 05/2T, Gílson 13/2T, Renato Portaluppi 29/2T, Djalminha 41/2T, Eduardo 45/2T

Copa do Brasil 1993 – Grêmio 1×0 Flamengo

July 30, 2018
1993 zh dener flamengo 2

Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

Em 27 de maio de 1993 o Grêmio recebeu o Flamengo no Olímpico pela jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil de 1993. Com o 4×3 para o Rubro-Negro no Maracanã no confronto de ida, o tricolor precisava de um simples 1×0 para classificar em Porto Alegre.  E foi exatamente esse o placar da partida, construído com um gol de Gílson Cabeção no início do segundo tempo.

O Grêmio, que contava com Dener, Carlos Miguel, Dorival Junior, Eduardo Heuser , Luís Carlos Winck (entre outros) era treinado por Sérgio Cosme, que chegava a sua segunda final seguida da Copa do Brasil em um intervalo de seis meses (ele havia disputado a final de 1992, em dezembro, pelo Fluminense)

flamengo dener andrei - Cópia - Cópia

Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

O GRÊMIO SOFRE, VENCE, E VAI À FINAL
O time gaúcho mostrou dificuldades mas o gol de Gilson garantiu vaga nas finais que começam domingo, no Olímpico
O Grêmio é, pela terceira vez, finalista da Copa do Brasil, competição que chega a sua 5ª edição. A vaga foi garantida na noite de ontem, no Estádio Olímpico, com a vitória sobre o Flamengo por 1 a O. No primeiro jogo, no Rio, os cariocas ganharam por 4 a 3 e precisavam do empate. O Grêmio começa a decisão do título e uma vaga para a Libertadores em dois jogos contra o Cruzeiro, o primeiro no domingo, no Olímpico e o segundo no dia 3 de junho em Minas. A torcida gremista fez e muito bem a sua parte. Encarou as gangues que atacavam perto do estádio, conseguiu enganar a segurança e estourar seus foguetes, e incentivou o time com gana incomum. Bom seria que os jogadores tivessem começado o jogo com o mesmo entusiasmo. Mas estiveram longe disso. A zaga saía errado, Pingo e Júnior se mandavam desprotegendo o meio de forma irresponsável, e lá na frente o time só aparecia em escassas investidas do habilidoso Dener. Sem ser brilhante, o Flamengo era um time melhor, chegando a assustar os gremistas com um escanteio cobrado no travessão por Djalminha. A conversa no vestiário, feito mágica, mudou tudo. A insegurança do primeiro tempo deu lugar a objetividade e velocidade, com resultados imediatos: aos 5 minutos Eduardo Souza fez bom cruzamento e Gilson, sempre ele, cabeceou para marcar 1 a O. O Flamengo já não tinha o zagueiro Rogério, machucado e substituído por Andrei, e isso trazia prejuízos. Dener, dois minutos depois da abertura do placar, esteve próximo de ampliar, pois entrou área a dentro driblando todos que via pela frente, mas Gottardo salvou sobre a risca.
PRESSÃO – A conhecida irregularidade gremista ainda resultaria em sustos para os 50 mil fiéis que passaram por cima do frio e foram apoiar o time. Por momentos o controle do jogo escapava e o Flamengo tirava proveito para tentar o empate. Djalminha teve a melhor chance mas, assim como no primeiro tempo, acertou o poste. Gílson fez o mesmo na goleira de Gilmar, a três minutos do final, numa seqüência de oportunidades que, aproveitadas, teriam resultado em vantagem maior. “( Zero Hora – 28 de maio de 1993)

Gilson e Dener fizeram a diferença no Olímpico
Somente um craque como Dener e um goleador como Gílson para desequilibrarem na noite da classificação para a final da Copa do Brasil. O meia criou boas situações, com dribles e lançamentos precisos. O centroavante ameaçou o goleiro Gilmar durante os 90 minutos. O artilheiro da Copa do Brasil só acertou uma vez, mas foi o gol da vitória, seu 22° na temporada e o sétimo na competição. “Eu faço mesmo”, gritou Gilson aos 5 minutos do segundo tempo. Gílson espera manter a boa média de gols e prometeu fazer 50 até o final do ano. “Estou marcando mais de urna vez por partida e, às vezes, até mais”, avaliou o centroavante. Mas não escondeu a satisfação de decidir a partida na noite de ontem. “É sempre bom fazer um gol num jogo importante como este”, reconheceu. “Foi uma jogada belíssima do Eduardo e o matador estava lá para fazer”, elogiou o técnico Sérgio Cosme. Dener foi o outro destaque do time, pois sempre que pegava a bola, ameaçava a zaga do Flamengo com grandes jogadas individuais, e mostrou que sabe deixar seus companheiros livres em ótimas condições para marcar. “O ti-me foi bem, todo mundo lutou e mostramos que somos capazes de chegar à final”, destacou o jogador que no segundo tempo enganou duas vezes a zaga do Flamengo.” (Zero Hora – 28 de maio de 1993)

flamengo juninho uidemar junior volta1 - Cópia - Cópia

Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

GRÊMIO É NOVAMENTE FINALISTA
Despachou (1 a 0) o Flamengo e decide o título da Copa do Brasil com o Cruzeiro

O Grêmio ainda não é o time dos sonhos dos gremistas, mas ao menos está vencendo quando precisa vencer. Ontem à noite, no Olímpico, depois de momentos difíceis diante do Flamengo, se recuperou e fez o gol que o leva à final da Copa do Brasil. Domingo, às 18h, no Olímpico, Grêmio decide com o Cruzeiro.
Muito da vitória se deve ao treinador Sérgio Cosme. Ele colocou em campo Marco Aurélio para melhorar a marcação e Mabília para qualificar o toque de bola. O que se viu, a partir daí, foi um Grêmio que massacrou o Flamengo no segundo tempo. Logo aos 5 minutos, Eduardo foi ao fundo e Gilson cabeceou para fazer 1 a O. Nos últimos minutos, o Grêmio teve pelo menos quatro grandes oportunidades para dar uma goleada no time carioca.” (Correio do Povo – 28 de maio de 1993)

Gilson: ‘Eu estou aqui para fazer gol’
Cercado pelos companheiros, que o abraçavam após a marcação do gol, aos cinco minutos do segundo tempo, o centroavante Gilson foi sincero no desabafo ao repórter Luiz Henrique Benfica, da Rádio Guaíba: “Eu faço mesmo”, disse. Este gol, o seu oitavo na Copa do Brasil. mostra que o jogador está em excelente fase. sendo o artilheiro da competição: “Estou aí para isto mesmo”, afirmou enquanto escutava pela Rádio Guaíba, emocionado, a repetição do gol que levou o time à final contra o Cruzeiro em dois jogos.
O vice-presidente de futebol, Luiz Carlos Silveira Martins, emocionado, quase não conseguia falar. Antes de entrar no vestiário, para comemorar a vitória com os jogadores, ele fez unia convocação para o jogo de domingo: “Todos têm que estar aqui no Olímpico novamente para lotar o estádio, como aconteceu hoje (ontem)”, salientou. Já o zagueiro Paulão, que jogou no Cruzeiro, advertiu que o seu ex-time é experiente em decisões: ´Eles sabem como jogar nesta hora. Mas sou mais Grêmio´.” (Correio do Povo – 28 de maio de 1993)

flamengo volta cp1

FLAMENGO VOLTA A DOMINAR E PERDER
Porto Alegre – Foi a reprise de um filme quatro dias depois. Como no domingo,quando sofreu o gol aos três minutos do segundo tempo, pressionou e não soube empatar com o Vasco, o Flamengo foi novamente derrotado ontem à noite. Precisando pelo menos do empate com o Grêmio, o time dominou no primeiro tempo, sofreu o gol de Gilson aos cinco do segundo, atacou muito, mas não teve competência para empatar. Nos minutos final Gilmar ainda salvou o Flamengo com três grandes defesas.

O Grêmio aproveitou uma falha da zaga rubro-negra — Rogério, contundido, foi substituído por Andrei no intervalo — para decidir. Depois de perder a Libertadores e ser eliminado da Copa do Brasil, o Flamengo. que sonhava ganhar três títulos no primeiro semestre de 93, limita suas chances ao Campeonato Carioca, competição em que só terá chances se o Vasco Tropeçar. Domingo, o time rubro-negro enfrenta o motivado Botafogo no Maracanã.” (Jornal do Brasil – 28 de maio de 1993)

Jornal do Brasil 28 05 1993 Gremio 1x0 Flamengo

GOL DE GÍLSON LIQUIDA O MENGO
Porto Alegre — O Flamengo merecia coisa melhor. A derrota de 1 a 0 para o Grêmio (Gilson) só não foi injusta porque o time gaúcho soube administrar a vantagem, principalmente nos últimos 15 minutos, quando infernizou a defesa rubro-negra. Se não fosse Gilmar, o placar seria maior. Desclassificado da Copa do Brasil, sua única esperança, mesmo que remota, é se classificar para as finais do Estadual para sair da crise financeira. Marcando a saída de bola do Grêmio, o Flamengo começou surpreendendo o adversário com rápido toque de bola e jogadas de alto nível técnico no meio campo, com Djalminha e Marquinhos. Apesar da superioridade, o time rubro-negro vacilava pelo lado direito, onde Fabinho era envolvido com as investidas do arisco Dener e do apoiador Carlos Miguel. O frio de 9 graus e o mau estado do gramado não impediam Flamengo pressionar a equipe gaúcha em sua intermediária. Depois de alguns sus-tos, quando Gilmar fez pelo menos três defesas importantes, o time rubro-negro melhorou ainda mais seu toque de bola. Aos 28 minutos, a melhor oportunidade: Piá cruzou para a área, Nélio tocou de cabeça para Marquinhos chutar rente a trave. Pressionado pelos torcedores, o Grêmio voltou mais ousado no segundo tempo. Logo aos 5 minutos, o lateral Eduardo cruzou na área e o atacante Gilson cabeceou sozinho para dentro do gol. Desesperado, o Flamengo foi todo ao ataque, mas não deu sorte nas finalizações. Aproveitando os contra ataques, o time gaúcho bombardeou o gol de Gilmar nos últimos 15 minutos.” (Jornal dos Sports – 28 de maio de 1993)

ATUAÇÕES
Flamengo
Gilmar — Seguro, não teve culpa no gol. Fez pelo menos cinco defesas importantes. Nota 7
Fabinho — Foi envolvido no primeiro tempo, mas melhorou um pouco na etapa final. Nota 5
Gotardo— Teve trabalho na cobertura do lado direito. Tranqüilo, comandou a defesa do Flamengo e ainda tentou algumas jogadas de ataque. Nota 6
Rogério — Mostrou categoria nas antecipações. Mesmo fora de ritmo, jogou com raça. Nota 6. Foi substituído por Andrei, que fez muitas faltas. Nota 4
Piá — Começou errando passes e parecia nervoso. Melhorou no segundo tempo. Nota 5
Uidemar — Não esteve bem. Enfeitou demais as jogadas. Nota 3. Luís Antônio entrou em seu lugar e deu mais mobilidade ao time. Nota 6
Marquinhos — Um dos melhores do jogo. Muita disposição no combate e um toque de classe na armação das jogadas. Nota 7 Júnior — O maestro esteve num dos seus melhores dias. Mostrou habilidade na organização do meio campo. Nota 7
Djalminha — O melhor da partida. Habilidoso, empurrou o time rubro-negro para o ataque com belas jogadas que contagiavam a equipe. Nota 8
Nilson — Lento e sem inspiração. Não foi bem nem nos cabeceios, sua principal característica. Nota 3
Nélio — A mesma eficiência de sempre. Muita raça nas investidas ao ataque. Nota 7

Grêmio
O Grêmio tem uma equipe experiente e provou isso ontem. Mesmo com a desvantagem do empate entrou em campo tranqüilo e soube segurar o placar quando estava na frente. O goleiro Eduardo mostrou segurança. A zaga esteve toda no mesmo nível. Tanto Winck, como Paulão, Luciano e Eduardo aguentaram com categoria a pressão do Flamengo no final. O meio campo com Pingo. Júnior, depois Marco Aurélio, Juninho e, principalmente Dener fizeram a bola correr dentro dos interesses do Grêmio. Na frente, Gilson, o autor do gol, e Carlos Miguel foram outros destaques.” (Jornal dos Sports – 28 de maio de 1993)

1993 fla volta

IMG_2596 - Cópia

Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

Grêmio 1×0 Flamengo

GRÊMIO: Eduardo Heuser; Luiz Carlos Winck (Mabília 33), Paulão, Luciano e Eduardo Souza; Pingo, Dorival Júnior (Marco Aurélio) e Juninho; Dener, Gilson e Carlos Miguel.
Técnico: Sérgio Cosme

FLAMENGO: Gilmar Rinaldi; Fabinho, Wilson Gottardo, Rogério (Andrey) e Piá; Uidemar (Luís António), Marquinhos, Júnior e Djalminha; Nílson e Nélio
Técnico: Jair Pereira

Copa do Brasil 1993 – Semifinal – Jogo de volta
Data: 27 de maio de 1993, quinta-feira
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre-RS
Público: 42.036 pagantes
Renda: Cr$ 6.314.950.000,00.
Arbitragem: Márcio Rezende de Freitas (FIFA/MG)
Auxiliares: com Evaristo de Souza e Marco Martins.
Cartões Amarelos: Gilson, Juninho e André
Gol: Gílson, aos 5 minutos do segundo tempo

Copa do Brasil 1993 – Grêmio 0x0 Cruzeiro

November 1, 2016

1993-gremio-oxo-cruzeiro-jose-doval-scan

O primeiro confronto entre Grêmio e Cruzeiro pela Copa do Brasil aconteceu no dia 30 de maio de 1993, pelo jogo de ida da final da Copa do Brasil de 1993.

Lembro bem da chuva que caiu em Porto Alegre naquele domingo. O gramado do Olímpico, ainda com grama de jardim, sofreu muito (a preliminar entre modelos da Ford Models, ver imagem abaixo, acabou sendo transferida para o gramado suplemnetar), mas Márcio Rezende de Freitas (escolhido em comum acordo pelos clubes) não adiou o jogo e até hoje boa parte da torcida gremista lembra que isso prejudicou o futebol de Dener.

Na minha memória a partida não teve nenhuma chance concreta de gol, mas um consulta rápida ao YouTube desmente as minhas lembranças.
cp-paulo-nunes-fscan
cp-jose-ernesto-1-scan
1993-gremio-cruzeiro-ingressos2cp-manchetecp-notascp-wianey19931993-m
Fotos: José Doval (Zero Hora), José Ernesto e Paulo Nunes (Correio do Povo)

Grêmio 0x0 Cruzeiro

GRÊMIO: Eduardo, Luiz Carlos Winck, Paulão, Luciano e Dida; Pingo, Jamir, Juninho e Dener; Gílson (Charles) e Carlos Miguel (Mabília)
Técnico: Sérgio Cosme

CRUZEIRO: Paulo César, Zelão, Célio Lúcio, Luizinho e Nonato; Ademir, Rogério Lage e Marco Antônio Boiadeiro; Roberto Gaúcho, Cleison e Edenílson
Técnico: Pinheiro

Data: 30 de maio de 1993, domingo, 18h00min
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre-RS
Público: 36.342 pagantes
Renda: Cr$ 4.492.750.000,00
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (FIFA/MG)
Auxiliares: Theodoro Castro Lino e Paulo Jorge Alves
Cartões Amarelos: Nonato, Juninho, Luizinho, Cleison e Luiz Carlos Winck

Confrontos Palmeiras Vs. Grêmio pela Copa do Brasil em São Paulo

October 19, 2016

1993-palmeiras-roberto-carlos-zh

Postei fotos dos confrontos, disputados em São Paulo, entre Palmeiras e Grêmio pela Copa do Brasil no Tumblr.

A foto acima, da Zero Hora, mostra Roberto Carlos dando um carrinho no centroavante Charles, no empate em 1×1 no Pacaembu pelo jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil 1993.

Abaixo temos imagens (da Placar e da Zero Hora, respectivamente) do empate em 2×2 no Parque Antártica pelo jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil de 1995, quando o Grêmio conseguiu a classificação mesmo jogando com dois jogadores a menos desde os 43 minutos do primeiro tempo.

1995-palmeiras1995-zh-palmeiras


1996-zh

Acima, vemos (na foto da Zero Hora) Cleber, Flávio Conceição e Aílton na vitória de 3×1 do Palmeiras no Parque Antártica pelo jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil de 1996.

Abaixo, fotos de Alex Silva ( do Estadão) e Leonardo Soares (do UOL) do empate em 1×1 na Arena Barueri pelo partida de volta da Copa do Brasil de 2012.

2012-7c578-souza2balex2bsilva2bestadao12012-cc0cc-juiz2bleonrardo2bsoares2buol

A passagem de Dener pelo Grêmio

April 19, 2014

Hoje completam-se 20 anos da prematura morte de Dener. Lembro muito bem da rápida, porém bem sucedida passagem dele pelo Grêmio. Mas sempre fiquei incomodado com o fato de ser tão difícil encontrar registros dele com a camisa tricolor. 
A negociação para trazer Dener da Portuguesa durou quase tanto quanto a estadia dele em Porto Alegre. O negócio deve muitas idas e vindas, com direito a uma suposta desistência, uma concorrência do Corinthians e uma tentativa de “atravessamento” do Inter (Via o então parlamentar Ibsen Pinheiro). No fim, o Grêmio apresentou o jogador antes da vitória de 7×0 contra o Esportivo e as notícias da época dão conta que o valor do empréstimo foi de US$ 200 mil, e que o salário do meia estaria entre 8 e 12 mil dólares mensais.
A estréia de Dener pelo Grêmio, no jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil de 1993 contra o Flamengo no Maracanã. Recordo do frisson causado pela sua atuação, apesar da derrota tricolor. Infelizmente não achei registro dos dribles dele nessa partida, em especial de um chute no ar que ele deu, que coloca no chinelo aquela jogada tosca do Valdívia.
Muito embora não tenha conseguido conquistar a Copa do Brasil daquele ano, Dener ajudou o Grêmio a vencer o Gauchão de 1993 (fez quatro gols no torneio), no que acabou sendo o seu único titulo profissional em vida. O GloboEsporte.com fez uma série de reportagens interessantíssima sobre a curta carreira do atleta. Lá consta que ele teria feito 15 jogos com a camisa do Grêmio. Nas minhas contas (relação abaixo) ele fez 15 jogos OFICIAIS pelo Grêmio, sem contar as partidas da excursão que o Grêmio fez ao Irã e na Itália naquele período (o próprio GloboEsporte publicou foto dele com o Grêmio na terra dos aiatolás). Outro dado curioso é que em alguns jogos Dener utilizou a camisa 10 tricolor e em outros usou o número 7.


20/05/1993 – Flamengo 4×3 Grêmio –  Copa do Brasil
23/05/1993 – Guarany Garibaldi 2×2 Grêmio  – Gauchão
27/05/1993 – Grêmio 1×0 Flamengo – Copa do Brasil
30/05/1993 – Grêmio 0x0 Cruzeiro – Copa do Brasil
03/06/1993 – Cruzeiro 2×1 Grêmio – Copa do Brasil
06/06/1993 – Juventude 1×2 Grêmio – Gauchão
08/06/1993 – Grêmio 2×1 Guarany Garibaldi – Gauchão
22/06/1993 – Grêmio Santanense 1×2  Grêmio – Gauchão
24/06/1993 – Grêmio 0x0 Pelotas – Gauchão
27/06/1993 – Inter 0x1 Grêmio – Gauchão
30/06/1993 – Grêmio 3×1 Lajeadense – Gauchão
04/07/1993 – Grêmio 2×0 Guarani CA – Gauchão
06/07/1993 – Inter SM 0x1 Grêmio – Gauchão
08/07/1993 – Grêmio 1×0 Juventude – Gauchão
14/07/1993 – Pelotas 1×1 Grêmio – Gauchão
30/07/1993 – Seleção do Irã 0x1 Grêmio
01/08/1993 – Seleção do Irã 2×0 Grêmio
03/08/1993 – PAS Hamedan  1×1 Grêmio
05/08/1993 – Esteghlal 1×2 Grêmio
18/08/1993 – Bologna 1×1 Grêmio
19/08/1993 – Napoli 1×0 Grêmio
22/08/1993 – Roma  2×1 Grêmio
25/08/1993 – Cagliari 1×1 Grêmio
Fontes: Correio do Povo. GloboEsporte, RBS TV e Zero Hora.

Supercopa 1993 – Grêmio 2×0 Peñarol

October 14, 2012
Esse Grêmio 2×0 Penãrol está na minha lista de jogos inesquecíveis do Estádio Olímpico. Foi disputado no dia 14 de outubro de 1993, pela primeira fase da Supercopa.
Aqueles eram dia tensos no estádio Olímpico. O tricolor tinha perdido dois mandos de jogo no Brasileirão após uma revolta generalizada contra a arbitragem de Leo Feldman no jogo contra o Santos. Mas o campo estava liberado para jogos internacionais.
Na partida de ida o Peñarol ganhou por 1×0 no Centenário com gol de Dario Silva. A partida de volta foi bastante tumultuada. O primeiro tempo já foi bastante tumultuado, Pingo e Dorta foram expulsos e o Peñarol ficou com um jogador a menos depois que Lima recebeu o cartão vermelho. Mas o Grêmio só conseguiu abrir o marcador no segundo tempo. E não sem algum drama. Primeiro Carlos Miguel desperdiçou um pênalti, mas pouco depois Charles abriu o marcador. Aos 17 minutos Gilson marcou de cabeça o gol que classificou o Grêmio. A partida terminou tensa, com os animos acirrados e quatro jogadores expulsos em cada equipe.
O jogo terminou numa batalha campal, com direito a invasão da torcida e uma épica briga entre os jogadores do Peñarol e brigadianos.
As imagens da briga podem ser vistas nas fotos e no vídeo que ilustra o post. O Tenente-coronel Nivaldo Fraga Pereira disse que “Não houve excessos” por parte da Brigada Militar
O Penãrol pleiteou a anulação da partida e designação de um novo jogo em campo neutro. Isso  acabou não acontecendo, mas o Estádio Olímpico foi interditado por seis meses pela Conmebol, o que obrigou o Grêmio a utilizar o Beira-Rio no jogo contra o São Paulo na fase seguinte.

“Do lado do Grêmio, Paulão saiu lesioando, Fabinho perdeu um dente e levou três pontos no supercílio e Pingo teve as pernas pisada pelas chuteiros com travas de ferro de Dorta”

Batalha campal: os uruguaios Quintana (E) e De Los Santos (4), inconformados, decidiram enfrentar a Brigada Militar em pleno Estádio Olímpico” (ZH -15 de outubro de 1993)

Briga feia: Quintana (E) e Tais tentam escapar dos PMs no gramado” (ZH – 15 de outubro de 1993)

Grêmio 2×0 Peñarol

GRÊMIO: Danrlei; Alfinete, Paulão (Grotto – 28 do 1º tempo), Agnaldo e Branco; Pingo, Jamir, Caio (Gilson – 10 do 2º tempo) e Carlos Miguel; Fabinho e Charles.
Técnico: Luis Felipe Scolari
PEÑAROL: Rabajda; Da Silva, Gutierrez, De Los Santos (Tais – 20 do 2º tempo) e Lima; Dorta, Perdomo, Bengoechea e Baltiera (Tuja aos 35 do 2º tempo); Otero e Dario Silva. 
Técnico: Gregorio Perez 
Supercopa 1993 – 1ª Fase – jogo de volta
Data: 14 de outubro de 1993, quinta-feira, 21h30min
Público: 32.248 pagantes 
Renda: Cr$ 11.291.700,00 
Árbitro: José Joaquim Torres (Colômbia). 
Assistentes: Juan Manuel Gomez e Daniel Wilson (Colômbia). 
Cartões Vermelhos: Pingo, Carlos Miguel, Jamir Gomes e Fabinho; Lima, Gutierrez, Perdomo e Rabajda. 
Gols: Charles aos 14 minutos do segundo tempo e Gilson aos 17 minutos do segundo tempo

Copa do Brasil 1993 – Grêmio 1×1 Palmeiras

June 11, 2012

Depois de empatar a primeira partida em São Paulo, o Grêmio fez uma breve excursão ao Japão antes de enfrentar o Palmeiras no jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil de 1993. Em território japonês o Grêmio foi derrotado pelo Shimizu S-Pulse (do técnico Emerson Leão) e pelo Nagoya Grampus Eight (do centroavante Gary Lineker). Os rumores davam conta que o técnico Sérgio Cosme não retornaria empregado ao Brasil.

Mas ele permaneceu, e tinha dúvidas na escalação do tricolor. Uma delas era no gol. Eduardo Heuser tinha uma lesão no pulso e poderia ser substituído por Ademir Maria. Contudo, quem defendeu a meta do Grêmio foi o goleiro de Santa Cruz, que acabou a partida como herói, tendo defendido cobranças nas penalidades, após novo empate por 1×1 no tempo normal.

“Grêmio se classifica em jogo dramático
Os times empataram a partida e a decisão foi levada para os pênaltis. A vantagem foi gremista: 7 a 6

O Grêmio sofreu muito, ontem à noite, no Olímpico, mas conseguiu vencer o Palmerias nos pênaltis por 7 a 6, e classificar-se para as semifinais da Copa do Brasil. No tempo normal, os gols foram marcados por Tonhão para o Palmeiras e Charles (de pênalti) empatou. Nos pênaltis, Geraldão, Paulão, Jamir, Charles, Eduardo Souza, Fabinho, Júnior converteram e Gílson errou. Sorato, Daniel, Mazinho, Edmundo, Roberto Carlos e Maurílio converteram. Zinho e César Sampaio erraram. O próximo adversário será o Flamengo.

O placar do primeiro tempo foi injusto para o Grêmio, mais pelos próprios erros do que por méritos do Palmeiras. O time gaúcho tinha domínio no meio-campo, com Pingo, Jamir e Juninho, apesar da apatida de Fabinho, perdeu quatro boas chances e desperdiçou um pênalti, quando Gílson cobrou por cima, aos 22min. O castigo veio logo depois. Em cobrança de escanteio da esquerda, por Edmundo, Tonhão cabeceou livre entre Paulão e Geraldão e fez 1 a 0 aos 30min. Carlos Miguel perdeu outra oportunidade aos 34min.

No segundo tempo, Charles substituiu a Carlos Miguel para dar mais força ao ataque, enquanto Luxemburgo trocou o lateral Cláudio por Daniel e recuou Mazinho. Mas a reação gremista foi fulminante e Juninho sofreu outro pênalti, a 25seg. Charles cobrou com precisão, empatando aos 2min30seg.


O jogo passou a ficar dramático, pois os zagueiros, e principalmente Winck, se arrastavam em campo. O Palmeiras criou sucessivos ataques e o goleiro Eduardo Heuser fez grandes defesas em chutes de César Sampaio, Edmundo e Jean Carlo. Winck, que tinha cartão amarelo, foi expulso por voltar ao campo sem autorização. Juninho, com câimbras, foi substituído por Júnior e Sorato entrou no Palmeiras, mas houve empate no tempo normal.” (Zero Hora – 14 de maio de 1993)

“Vitória nos pênaltis foi a prova da superação do time

Foi a noite dos pênaltis. Gílson errou um no primeiro tempo, Charles converteu outro na segunda etapa e o jogo terminou em 1 a 1. A decisão foi para as cobranças livres e o Grêmio venceu por 7 a 6. A classificação, apesar do fraco desempenho nos minutos finais, apagou o clima tenso antes do início da partida pela forma como foi conquista: na garra. “É maravilhoso. Conseguimos superar todas as adversidades – e a expulsão do Winck e os gols perdidos”, disse Júnior que fez o gol decisivo.

Na decisão dramática, Eduardo Heuser foi o grande destaque ao defender dois pênaltis. “Foi só o começo. Tem muita coisa pela frente. Temos que esquecer o Palmeiras e pensar no Flamengo”, destacou. No campo, Juninho foi um guerreiro, principalmente por ter sofrido os dois pênaltis. “O time e o treinador foram contestado. Tivemos vergonha na cara e superamos tudo isso”, revelou. Fabinho se recuperou no segundo tempo, o garoto Jamir também foi destaque e Charles entrou para com tranqüilidade. Winck, expulso por entrar em campo sem autorização do árbitro, foi o destaque negativo.

COSME – O técnico Sérgio Cosme, bastante criticado por ter modificado sua equipe em três posições – tirou Charles, Marco Aurélio e Júnior e colocou Jamir Juninho e Fabinho -, subiu para a concentração e só desce depois de uma longa reza. “Os nosso companheiros estão de parabéns”, sintetizou. “Eu acredito no trabalho do meu treinador”, prestigiou o vice-presidente de futebol, Luís Carlos Silveira Martins. “Foi uma vitória heróica. Os jogadores entraram em campo 48 horas após uma viagem de mais de 30 horas”, ressaltou o presidente Fábio Koff. “Hoje, vamos dar um capítulo final na novela Dener”, concluiu. (Zero Hora – 14 de maio de 1993)

“Zinho errou mais um pênalti e repetiu o erro da Copa do Brasil de 1992, quando o Palmeiras foi eliminado pelo Internacional. Ele treina muito e, na ausência de Evair, é o que se apresenta para a cobrança de penalidades. Destava vez, o gramado estava molhado e Zinho escorregou antes de bater na bola. “Chutei meio desequilibrado e o goleiro saltou no canto certo”, conta. “Errar faz parte do jogo.”

Equíovoco – E todos assumiram seus erros, sem receio de cobranças, até o técnico Luxemburgo. Ele disse que falhou ao tirar Jean Carlos para colocar Sorato, tentando com isso ter um jogador de definição na área. Jean Carl ficou aborrecido com a substituição e só depois disso é que Luxemburgo se convenceu de que havia feito uma mudança equivocada. “O Jean Carlo ainda estava descansado, o que não sabia, e com ele poderia manter a movimentação no ataque”, supõe o treinador.” (Estado de São Paulo – 15 de maio de 1993)

—————————

Grêmio elimina o Palmeiras
Supertime de Luxemburgo é desclassficado da Copa do Brasil na decisão por pênaltis

O Grêmio classificou-se ontem à noite para a semifinal da Copa do Brasil ao vencer o Palmeiras nos pênaltis por 7 a 6, no estádo Olímpico, em Porto Alegre. Seu próximo adversário é o Flamengo. No tempo normal, houve empate de 1 a 1. Na cobrança dos penais, Gílson, Zinho e César Sampaio erraram, Júnior (emprestado ao Grêmio pelo Palmeiras) marcou o pênalti decisivo.

O campo pesado (choveu forte), os desfalques (sem quatro titulares) e a obrigação de vence (houve empate de 1 a 1 na primeira partida) resultara em incômoda mistura para o Palmeiras. Confuso, o time permitiu que articulasse seu ataque. O resultado foi evidente aos 23 min do 1º tempo, quando Tonhão fez pênalti em Juninho.

A tranquilidade gremista, porém, revelou-se frágil – Gílson chutou por cima do gol. A falha tranquilizou o Palmeiras, especialmente Tonhão. Disposto a reparar o erro, o zagueiro cabeceou forte em um escanteio cobrado por Edmundo, aos 30min. A bola entrou no canto direito.

Esperto, o técnico Wanderley Luxemburgo sacou Cláudio e escalou Daniel, para manter o resultado. No primeiro lance do 2º tempo, porém, Daniel fez pênalti em Juninho, Charles cobrou no canto esquerdo e empatou. (Folha de São Paulo – 14 de maio de 1993)

Fotos: Zero Hora

Grêmio 1×1 Palmeiras

GRÊMIO: Eduardo Heuser; Luís Carlos Winck, Paulão, Geraldão e Eduardo Souza; Pingo, Jamir e Juninho (Dorival Júnior); Fabinho, Gílson e Carlos Miguel (Charles)
Técnico: Sérgio Cosme

PALMEIRAS: Sérgio; Cláudio (Daniel – Intervalo), Tonhão, Alexandre Rosa e Roberto Carlos; César Sampaio, Mazinho, Jean Carlos (Sorato) e Zinho; Edmundo e Maurílio.
Técnico: Wanderley Luxemburgo

Copa do Brasil 1993 – Quartas de Final – Jogo de volta
Data: 13 de maio, quinta-feira, 21h40min
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre-RS
Público19.122  (16.348 pagantes)
Renda: Cr$ 2.343.550.000,00
Preço dos ingressos: Cadeiras Cr$ 250 mil, Arquibancada Cr$ 150 mil, Sociais Cr$ 100 mil e acompanhante de sócio Cr$ 200 mil
Árbitro: Claudio Cerdeira – Fifa/RJ
Auxiliares: Sergio Nascimento e Carlos da Fonseca
Cartões Amarelos: Pingo, Winck, Edmundo, Tonhão, Aleandre Rosa e Daniel
Cartão Vermelho: Luís Carlos Winck
Gols: Tonhão, aos 30 minutos do 1º tempo e Charles (pênalti), aos 2 minutos do 2º tempo.

Copa do Brasil 1993 – Palmeiras 1×1 Grêmio

May 31, 2012

O primeiro confronto entre Grêmio e Palmeiras em uma Copa do Brasil aconteceu nas quartas de final da edição de 1993. A partida de ida foi disputada em 27 de abril de 1993 no Pacaembu.

Dispensado da primeira fase do Gauchão (só estrearia em maio), o Grêmio tinha alguma folga naquele momento, se limitando a disputar a Copa do Brasil e alguns amistosos. O técnico Sérgio Cosme tinha certa dificuldade em acomodar Charles e Gílson na mesma equipe. Depois da derrota para o Gimnasia em Jujuy, o treinador prometeu mudanças no time para o confronto em São Paulo.

Vanderlei Luxemburgo, recém contratado para o lugar de Otacílio Gonçalves, com a missão de tirar o Palmeiras da “fila de 16 anos” fazia o seu terceiro jogo no comando do alviverde, e não pode contar com Antônio Carlos, Zinho, Evair e Edílson (os dois primeiros suspensos, os últimos lesionados.)

Cauteloso, o Grêmio conseguiu arrancar um bom empate com gols e foi definir a classificação no Olímpico.

No 1º tempo, o Grêmio aplicou a tática considerada ideal Aos prudentes com uma linha de três volantes recuados, o time gaúcho formou uma barreira que impedia o ataque palmeirsen. E, respaldado na habilidade de Winck e Eduardo, tentava o ataque pelas laterais. Se na teoria a prudência se revelava satisfatória, na prática despencou aos poucos.

Wanderley Luxemburgo percebeu a brecha ao determinar que a troca de passes fosse rasteira. “Não adianta lançamentos altos se os zagueiros do Grêmio são altos”, disse o treinador. Foi o suficiente para que a habilidade dos atacantes se sobresaísse.

O lance mais inspirado aconteceu aos 27 minutos, quando Maurílio cruzou para Edmundo, que chutou para o gol vazio. Apesar da desvantagem, o Grêmio não mudou seu sistema de jogo. Suas jogadas de ataque, portanto, resumiam-se às falhas de marcação.

Na mais grosseira, Tonhão não acompanhou o escanteio cobrado por Carlos e Miguel e Gílson cabeceou para o canto esquerdo de Sérgio, no minuto final.” (Folha de São Paulo, 28 de abril de 1993)

Gílson confirma a fama e o goleiro Eduardo também brilha

O centroavante Gílson salvou o Grêmio na garra e na raça. Fez um gol justamente no momento em que a equipe do Palmeiras estava vencendo a partida e encaminhava a ampliação no placar. “Esta cabeçada na primeira trave foi bastante ensaiada”, explicou o artilheiro, que fez ontem seu sexto gol na Copa do Brasil e o 14º em 13 jogos disputados, numa média superior a um gol por partida. Na defesa, o herói foi o goleiro Eduardo Heuser que parou os fortes chutes de Roberto Carlos e Daniel e até saiu da área para fazer falta em Jean Carlo e impedir o segundo gol do Palmeiras. “Acho que fizemos por merecer o resultado”, disse.

O técnico Sérgio Cosme gostou do empate, apesar de considerar razoável a atuação de sua equipe. “Sem dúvida alguma, podemos jogar melhor. Mas o grupo ficou inseguro com a nova formação e ainda nos falta ritmo de competição”, explicou. O cansaço da viagem ao Japão preocupa o treinador, pois a delegação volta na manhã do dia 11 de maio, três dias do jogo de volta, no Olímpico.

Os jogadores também ficaram satisfeitos com o resultado, principalmente pela superioridade do Palmeiras na primeira etapa. “No início, nós perdemos na marcação e não conseguimos criar na frente. Eu, por exemplo, tive forte marcação do Juari, mas depois superamos nossas falhas e poderíamos ter vencido”, destacou Winck. O vice de futebol, Luís Carlos Silveira Martins foi mais duro na análise do jogo. “O que me procupa são os altos e baixos no mesmo jogo”, avaliou. (Zero Hora – 28 de abril de 1993)


” O Grêmio permitiu, no começo, que o Palmeiras adquirisse o controle do meio-campo e acionasse o perigoso Edmundo. Segurou as investidas do adversário, é certo, mas errou muitos passes. Só quando Marco Aurélio e Pingo se soltaram é que cresceu no jogo. Mas a breve reação comprometeu a marcação no meio. Maurílio, lançado na direita, chutou para defesa de Eduardo. No rebote, o próprio Maurílio recuou para Edmundo fazer, aos 25min40s, Palmeiras 1 a 0.

O time de Wanderley Luxemburgo manteve a pressão. Mas Gílson salvou o Grêmio ainda na primeira etapa. A um minuto do intervalo, Carlos Miguel cobrou escanteio da esquerda, o centrovante cabeceou alto no canto esquerdo de Sérgio e empatou em 1 a 1.

No segundo tempo, o Grêmio continuou a errar passes e permitiu que o Palmeiras ameaçasse, sobretudo nos rebotes com os fortes chutes de Roberto Carlos. Carlos Miguel, lesionado, e Gílson, cansado, saíram para a entrada de Fabinho e Caio. O Grêmio perdeu uma ótima chance com Fabinho, no final, mas a verdade, porém, é que o empate foi um ótimo resultado.” (Zero Hora – 28 de abril de 1993)

Fotos: Zero Hora e Folha de São Paulo

Palmeiras 1×1 Grêmio

PALMEIRAS: Sérgio; Mazinho, Tonhão, Alexandre Rosa e Roberto Carlos; César Sampaio, Daniel, Juari (Sorato 26/2ºT) e Jean Carlos; Edmundo e Maurílio.
Técnico: Wanderley Luxemburgo

GRÊMIO: Eduardo Heuser; Luís Carlos Winck, Paulão, Geraldão e Eduardo Souza; Pingo, Dorival Júnior, Marco Aurélio e Carlos Miguel (Fabinho 17/2ºT); Charles e Gilson (Caio 27/2ºT)

Técnico: Sérgio Cosme

Copa do Brasil 1993 – Quartas de Final – Jogo de Ida
Data: 27 de abril de 1993, terça-feira, 21h30min
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo-SP
Público: 12.654 pagantes
Renda: Cr$ 1.231.769.000,00
Árbitro: Antônio Pereira da Silva (GO)

Auxiliares: Marques Diadas da Fonseca e José Ferreira
Cartões Amarelos: Eduardo Heuser, Dorival Júnior e L.C.Winck
Gols: Edmundo, aos 25 e Gílson, aos 45 minutos do 1º tempo.