
“o instante preciso em que Marino, saltando sensacionalmente entre Henrique, Airton e Orlando, dá o “testaço” preciso que enviou a bola à meta, decretando em empate. Um gôlo espetacular do ponta-de-lança” (A Hora, 21 de setembro de 1959)
No Gauchão de 1959, Aimoré e Grêmio empataram em 1×1 na Taba Índia em São Leopoldo.
Essa talvez tenha sido a maior equipe da história do Aimoré. que acabou o campeonato metropolitano na segunda colocação. Marino e Suli foram atuar no tricolor no ano seguinte e Mengálvio foi conquistar o bicampeonato mundial com a camisa do Santos.
Em 1986, por ocasião do cinquentenário do Índio Capilé, veteranos desse confronto fizeram a preliminar de Aimoré x Grêmio no Cristo Rei pelo Gauchão daquele ano.

“aparece a fase final do tento de abertura, marcado por Juarez, que recebeu no peito e enfiou como quis, face a saída em falso do Suly. Soligo e Vi (foto) tentam alcançar o couro mas sem sucesso” (A Hora, 21 de setembro de 1959)
“EMPATE SENSACIONAL NA ‘TABA’: LÍDER E VICE DESCERAM UM PONTO
Mesmo mantendo sua invencibilidade, a equipe do Grêmio perdeu mais um ponto no presente campeonato, ao empatar, ontem em São Leopoldo, com o Aimoré, na rodada inaugural do segundo turno. O resultado de um tento para cada bando premiou, com justiça, o esfôrço empregado pelos vinte e dois jogadores em campo, que tudo fizeram para que o jôgo não resultasse, em final, em placar desfavorável. O cotejo tinha importância capital no campeonato, uma vez que, em caso de triunfo gremista, o certame do corrente ano estaria, pràticamente, decidido em favor dos tricolores, que se distanciariam bastante dos demais concorrentes na tabela de classificações. O Aimoré, porém, não quis ver o torneio definir-se prematuramente, lutando galhardamente por um escore que lhe beneficiasse. E bem perto estêve de seu intento, pois foi a equipe que ameaçou, mais de perto, constituir-se vitoriosa. Momentos de real perigo houve para a cidadela gremista na fase final da porfia, oportunidade em que a invencibilidade tricolor periclitou como jamais antes se vira. As ocasiões de aprêmio para a meta de Henrique foram muitas e nunca, neste campeonato, o Grêmio estêve tão próximo da derrota, como ontem na “taba”.
Saída Leonina
Irresistível foi o Grêmio no início da partida. Seu ataque tramou bem, fazendo pintar, a cada instante, o tento inaugural. A defensiva «índia», insegura nessa fase do jôgo, foi importante para conter o insaciável desejo de golo dos metropolitanos. Depois de várias tentativas sem êxito, os gremistas, antes dos 10 minutos de ações, abriram o escore, com um ponto marcado por Juarez. A conquista dos tricolores serviu para entusiasmar seus jogadores e causar, ainda mais, confusão na retaguarda aimorèense. E por pouco os visitantes não ampliaram o escore nessa hora de atabalhoamento dos defensores «índios».
Ações Equilibradas
À medida que o cronômetro caminhava, a inicialmente inerte esquadra alvi-azul começou a ascender. Já não se via o franco domínio gremista, e sim, ações equilibradas, com ataques alternados e divisão em iguais partes do jôgo na meia-cancha. Mengàlvia e Fernando, que principiaram indecisos, agigantaram-se no gramado, passando a oferecer dura resistência aos «armadores» do Olímpico. A defensiva do Aimoré firmou-se e o ataque, mais promovido pelos meia-canchas, pôde lutar em igualdade de condições, e às vezes com superioridade, com a sólida defesa tricampeã.
Quarto Final de Jôgo
O primeiro instante do quarto final do 1.º tempo foi assinalado com a conquista do tento de empate. Uma confussão na pequena área do Grêmio, resultante de escanteio, proporcionou à Marino o lance para o golo. Saltando com quatro adversários, o avante leopoldense foi feliz no lance, cabendo para o fundo das malhas de Henrique. A partida —que a esta altura não vinha lá muito boa para a equipe líder —precipitou-se contra os que vinham ganhando. Os quinze mi nutos finais do primeiro tempo foram terríveis para o Grêmio, que sómente a custo de um desdobramento geral de tôda a esquadra conseguiu manter o placar inalterado.
Crescem Mais os índios
Durante o período complementar, o quadro de Carlos Froner prosseguiu sua frenética ascenção. Se os primeiros minutos acusaram paridade de fôrças ,os finais foram nitidamente pelos «índios». O ataque transformou-se numa borrasca quase incontivel e a defesa, inexpugnável. A capacidade física dos atletas tricolores, mais uma vez, sustentou Um resultado que, sem essa virtude, os pupilos de Foguinho nunca poderiam manter. O ânmo e o entusiasmo dos leopoldenses não foram capazes de sobrepujar a equipe gremista, escorada no seu reconhecido sistema defensivo e no preparo físico de seus elementos. As tentativas em busca do tento vitorioso, pelo Aimoré, foram várias, tôdas, entretanto, sem resultado prático. Não se deve, ainda, tirar os méritos do Grêmio nas ações de ataque. A ofensiva tricolor foi, sempre, constante perigo para o Aimoré. Se os extremas não corresponderam, os interiores Gessi e Juarez primaram como atacantes belicosos. Concentrado, porém, suas atenções no «miolo» do ataque gremista, o Aimoré pôde uma a uma, anular as avançadas do adversário.
Ambas as conquistas foram verificadas na fase inicial. Aos 9 minutos de jôgo, quando o predomínio dos metropolitanos era o mais acentuado, Giovani centrou da direita, tendo Suli, que abandonara a meta para apanhar o balão, realizado saída precipitada; após cobrir o arqueiro, a bola caiu no peito de Juarez, que flechava para o arco. O golo de empate surgiu aos 30 minutos, após a cobrança de um escanteio partido da direita. Henrique adiantou-se demais e Marino, saltando, entre quatro antagonistas, golpeou o couro para dentro da meta tricolor. “ (A Hora, segunda-feira, 21 de setembro de 1959)
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“AIMORÉ ESTEVE MAIS PERTO DA VITÓRIA NO JÔGO DOS LÍDERES
Escore construído no primeiro tempo valeu para todo o jogo e premiou as duas equipes – Grêmio (Juarez) saiu na frente e Aimoré (Marino) empatou – Defensiva tricolor aguentou momentos angustiantes no 2º tempo, quando o Aimoré teve muito melhor presença – Renda aproximou-se dos trezentos mil cruzeiros – Boa arbitragem de Miguel Comesaña.” (Diário de Notícias, segunda-feira, 21 de setembro de 1959)
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“GRÊMIO LEVOU UM BANHO DE BOLA DOS ÍNDIOS, MAS CONTINUA INVENCÍVEL NA LIDERANÇA: 1 X 1
O escore foi construído na primeira fase, por Juarez e Marino – Correto desempenho de Miguel Comesanã na arbitragem. O Grêmio disparou uma goleada sobre os aspirantes do Aimoré: 6 x 0 – A arrecadação não correspondeu a expectativa: CR$ 291.890,00” (Jornal do Dia, terça-feira, 22 de setembro de 1959)
AIMORÉ :Suli; Soligo, Toruca e Carlos; Mengálvio e Afonso; Telmo, Marino, Abílio, Fernado e Gilberto
Técnico: Carlos Froner
GRÊMIO: Henrique; Orlando, Airton, Calvet e Ortunho; Elton e Milton Kuelle; Giovani, Gessy, Juarez e Vieira
Técnico: Foguinho
Data: 20 de setembro de 1959, domingo, 15h30min
Local: Estádio da Taba Índia, em São Leopoldo, RS
Renda: Cr$ 291.800,00
Árbitro: Miguel Comesaña
Auxiliares: Aparício Viana e Silva e Heron Di Lorenzi