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Brasileirão 1983 – Sport Recife 2×2 Grêmio

December 19, 2020

Foto: Zero Hora/Diário de Pernambuco

No Brasileirão de 1983, o Grêmio empatou em 2×2 com o Sport em Recife. O gol de empate, sofrido no último minuto da partida, saiu caro para o tricolor, que após uma surpreendente derrota para a Ferroviária de Araraquara na última rodada, terminou a fase em 3º lugar, empatado em pontos com os classificados Sport e São Paulo, mas atrás pelo número de vitórias.

 

Foto: Zero Hora/Diário de Pernambuco

GRÊMIO JOGOU MAL, MAS O RESULTADO FOI MUITO BOM
Empate no Recife traz a classificação para dentro do Olímpico

O empate em 2 a 2 de Recife foi valioso, mas o ponto ganho não deve apagar a atuação insatisfatória do Grêmio. Outra vez, o time saiu atrás, tomando um gol logo de inicio, chegou a virar o resultado até o último minuto quando Leandro fez pênalti e o Sport empatou. Uma atuação com falhas individuais, que deverão ser corrigidas imediatamente para enfrentar o São Paulo, domingo, em Porto Alegre. Este empate transfere a responsabilidade da classificação para o Olímpico, pois agora tem apenas uma partida fora, contra o próprio São Paulo.

O empate do primeiro tempo até que saiu “barato” para o tamanho das deficiências apresentadas pelo Grêmio. Não apenas pelo Impacto do gol sofrido logo aos três minutos de jogo, mas pela movimentação do setor de meio de campo do Sport que se ¡untou a Denó, mais a frente, e por ali armou repetidas confusões na área gremista. Especialmente quando as combinações de toques rápidos dos pernambucanos envolviam com relativa facilidade a Silmar e, por conseqüência Leandro que saia em sua cobertura. Os dois foram os piores. China mal pegava a bola e já tinha ao menos três adversários dispostos a roubar o lance e dali armar contra ataque em tabelas velozes. Tonho mal aparecia, Osvaldo pouco ou quase nada produzia e, assim, a sobrecarga ficou em China e De León. E para matar as combinações na origem, Leandro saía da área na antecipação, quase sempre sem sucesso e sem condições de parar os toques curtos e rápidos do Sport.

Silmar sofreu com Joãozinho. Pelo seu lado, o ponteiro levou vantagens na velocidade e no drible de linha de fundo. A jogada do gol do Sport partiu de combinações com o ponteiro, e no lance toda a defesa foi envolvida, numa seqüência de falhas. Tarciso se lesionou e entrou Renato e o lance do pênalti marcado sobre Tita foi o único de perigo no primeiro tempo. Há dúvida sobre a sinalização de Vilson Carlos dos Santos, pois o Sport reclama que Betão fez falta em Tita quando a bola já tinha saído de campo.

O Grêmio voltou mais seguro, mais consistente a frente da zaga, até porque Tonho se movimentou como não tinha feito no início. E o Sport também não retornou com o mesmo fôlego, a sua melhor arma, o meio de campo, já não produzia o mesmo, tanto que Edson foi substituído em seguida. Renato, que até então tentava jogadas individuais, finalmente foi o responsável pelo lance mais brilhante numa partida de escassa qualidade técnica, quando passou por Antenor e cruzou encobrindo o goleiro País. Caio finalizou de cabeça. O jogo parecia definido a favor do Grêmio, mas o Sport insistiu e Leandro – em outro vacilo da defesa — fez pênalti indiscutível em Joãozinho. Carrasco cobrou à última hora e empatou. O juiz Vilson Carlos dos Santos foi irregular, o pênalti a favor do Grêmio foi discutível e deixou de dar faltas visíveis.”(Zero Hora, quinta-feira, 14 de abril de 1983)

O PLACAR

JOÃO CARLOS para Sport, 1 a O, aos 3 minutos do primeiro tempo: Partiu da habilidade do ponteiro Joãozinho que combinou com Denó, recebendo a bola às costas de Silmar. Daí em diante Leandro, China, De León, Remi e Casemiro foram envolvidos enquanto a bola sobrava para o outro lado onde João Carlos marcava sozinho.

TITA para o Grêmio, 1 a 1, aos n minutos do primeiro tempo: Tita recebeu lançamento na entrada da grande área, avançou até a linha de fundo quando recebeu realmente a falta de Betão — mas a bola já havia saído de campo, isto é, estava fora de jogo, quando ocorreu a falta. Vilson Carlos marcou e Tita cobrou para empatar no mesmo canto que País se atirou.

CAIO para o Grémio, 2 a 1, aos 25 minutos do segundo tempo: Renato, como de costume, tentava mais uma jogada individual e de linha de fundo, um dois dribles e cruzou, encobrindo o goleiro Pais, adiantado no lance, sem condições de defender a bota colocada do Ponteiro. Caio entrou na linha do gol e marcou de cabeça.

CARRASCO para o Sport, 2 a 2, aos 45 minutos do Segundo tempo: Um lance tranquilo, sem a menor dúvida: Joãozinho avançou com bola dominada sobre Leandro: Passou pelo zagueiro e ficaria a frente de Remi mas Leandro o derrubou na tentativa de lhe tirar a bala. Carrasco cobrou sem chances para Remi” (Zero Hora, quinta-feira, 14 de abril de 1983)

 

OPINIÃO: O Sport atacou mais até mesmo no segundo tempo, quando o Grêmio reagiu.” (Lenivaldo Aragão, Placar, n.º 674, 22 de abril de 1983)

 

SPORT EMPATA E AINDA LIDERA

O empate de 2×2, ontem à noite, não era aquilo que Pernambuco queria. O Sport não soube segurar uma vitória que parecia fácil quando, com menos de cinco minutos de jogo, estabeleceu a vantagem. Cedeu ao empate com uma penalidade máxima desnecessária, e mesmo com 1×1, a supremacia ainda era dos pernambucanos, mas o Grêmio soube impor sua categoria e ganhou a parada até os 44 minutos. Aí Joãozinho, novamente ele, arranjou a penalidade.

Na verdade, Sport 1×2 Grêmio, não foi justo pelo que o tricampeão pernambucano apresentou durante o primeiro tempo e cerca de 15 minutos da fase final, mas pelo menos serviu para justificar aquilo que todos sabem há anos sobre o futebol: quem não faz, leva. E foi o que aconteceu, ontem á noite, no Colosso do Arruda, até que Carrasco, de penalidade máxima, decretou o empate de 2×2.

GRANDE RENDA

Na realidade os 43.321 espectadores, que proporcionaram sensacional renda de Cr$ 18 milhões, 156 mil e 100 cruzeiros, esperavam algo melhor do time pernambucano, e no novo recorde de arrecadação o melhor seria o Sport premiar sua torcida com uma grande vitória. Mas não deu certo. De qualquer maneira, fica o consolo de que o time de Pernambuco, ainda está no páreo para alcançar a classificação, com o empate obtido nos minutos finais, mantendo-se na liderança da sua chave.

A torcida rubro-negra, antes muito eufórica, deixou o estádio José do Rego Maciel ainda entusiasmada, sem querer acreditar que sua equipe não soubera ganhar do Grêmio, depois de espelhar uma superioridade a toda prova.

OS GOLS

O primeiro gol surgiu aos quatro minutos de jogo, numa jogada onde João Carlos, com sua fome e seu faro, conseguiu acertar o caminho das redes. E aquele tento, ainda no começo da partida, dava a impressão de que a vitória seria fácil. O primeiro empate veio aos 23 minutos, numa penalidade máxima, com Tita convertendo uma jogada onde ele mesmo, sem necessidade, foi aterrado por Betão.

Na fase final, aos 23 minutos, o Grêmio ficou na vantagem, com um gol de Caio. Aos 44 minutos, quando tudo parecia crer que o Sport seria derrotado, eis que Joãozinho sofreu uma penalidade máxima e Carrasco, com categoria, decretou o empate definitivo: 2×2.

O Sport alinhou com País; Betão, Marião, Bianchi e Antenor; Merica, Carrasco e Edson (Roberto); João Carlos (Jorge Campos), Denô e Joãozinho.

O Grêmio, com Remy; Silmar, Leandro, De Leon e Casemiro; China, Osvaldo e Tita; Tarciso (Renato), Caio e Tonho (Bonamigo).

Arbitragem de Wilson Carlos dos Santos, com péssima atuação. Os auxiliares foram Rubens de Souza Carvalho e o pernambucano Ivanildo Sales, que substituiu a Luís Barbosa, que chegou, atrasado.” (Diário de Pernambuco, quinta-feira, 14 de abril de 1983)

Foto: Zero Hora/Diário de Pernambuco

Sport Recife 2×2 Grêmio

SPORT: País, Betão, Marião, Bianchi e Antenor; Merica, Wilson Carrasco e Édson (Roberto Cearense, 29 do 2º); João Carlos (Jorge Campos, 15 do 2º), Denô e Joãozinho
Técnico: Givanildo Oliveira

GRÊMIO: Remi, Silmar, Leandro, De León e Casemiro; China, Osvaldo e Tita; Tarciso (Renato Portaluppi, 17 do 1º), Caio e Tonho (Bonamigo, 35 do 2º)
Técnico: Valdir Espinosa

Campeonato Brasileiro – Taça de Ouro – 3ª Fase – Grupo S – 2ª Rodada
Data: 13 de Abril de 1983, quarta-feira, 21h30min
Local: Arruda, em Recife-PE
Árbitro: Wilson Carlos dos Santos (RJ)
Auxiliares: Rubem S. Carvalho e Ivanildo Sales
Público: 43.321
Renda: Cr$ 18.156.100,00
Cartões Amarelos: Édson, João Carlos, De León e Tonho.
Gols: João Carlos aos 3 minutos e Tita (de pênalti) 25 minutos do 1º Tempo; Caio 26 e Wilson Carrasco (de pênalti) 45 do 2º Tempo

Brasileirão 1983 – Grêmio 1×3 Ferroviaria de Araraquara

April 30, 2013
Um dos riscos corremos ao olhar para o passado é de ser tomado pela nostalgia. Ao se contar a história dos grandes times do futebol é muito comum que as vitórias sejam exaltadas e as derrotas sejam olvidadas.
Um desavisado pode achar que o ano de 1983 foi um mar de rosas para o Grêmio. Mas o olhar mais atento revela que isto esta longe de ser verdadeiro. O clube começou o ano tendo que readequar o seu orçamento, mas ainda assim se mantinha razoavelmente bem na Libertadores e no Brasileirão, que eram disputados concomitantemente naquela temporada.
O campeonato nacional, então chamado de Taça de Ouro, era disputado por 44 equipes, que precisariam passar por 3 fases de grupos antes do derradeiro mata-mata a partir das quartas-de-final. Apesar de ter avançado as duas primeiras fases do Brasileiro e estar liderando o seu grupo na Libertadores, o Grêmio sofria com algumas turbulências no primeiro semestre de 1983.
Espinosa não conseguia definir a sua formação ofensiva ideal. Renato sofria com lesões, além do problema da sua lendária indisciplina. A defesa tricolor também recebia críticas. Paulo Roberto era convocado para a Seleção Brasileira, mas sobrava do banco no Olímpico e reclamava publicamente disso. E o goleiro Remi tinha atuações inconstantes (Um belo exemplo disso foi o jogo contra o São Paulo no Morumbi, onde ele fez um gol contra, mas defendeu dois pênaltis). Koff reclamava da comissão de arbitragem, tendo se queixado da escolha de Arnaldo Cesar Coelho para São Paulo x Grêmio.
No dia 30 de abril de 1983, o Grêmio receberia a Ferroviária de Araraquara no Olímpico. Era a última rodada do Grupo S, que tinha ainda Sport Recife e São Paulo. O time do interior paulista já estava eliminado e o Grêmio precisava apenas de um empate para passar a próxima fase. AFE vinha até Porto Alegre sem o seu treinador (Sebastião Lapola foi assumir as seleções de base da CBF). A tarefa tricolor parecia ser simples.
Mas a tragédia aconteceu. Motivada pela promessa de uma vultuosa mala branca vinda do Sport e São Paulo, a Ferroviária surpreendeu o Grêmio. Com 4 minutos, Bozó abriu o placar para os visitantes. Aos 22 Casemiro, contra, marcou o segundo. Remi não esboçou reação em nenhum dos lances. O tricolor teve muita dificuldade em se recompor. Só foi conseguiu descontar aos 26 do 2º tempo, num belo chute de Bonamigo. Mas a reação parou aí. Tita foi expulso ao acertar uma voadora no zagueiro Arouca (foto acima) , e aos 46 minutos do segundo tempo, Douglas Onça marcou o 3×1 que eliminou o Grêmio.
disse aqui no blog que naquela ocasião a diretoria mostrou total confiança no trabalho de Valdir Espinosa. Mas é interessante registrar que a derrota serviu para que fossem efetuados alguns ajustes no time gremista. Paulo Roberto voltou a ocupar a lateral direita, Baidek ganhou uma chance entre os titulares e a direção foi em busca de um novo goleiro para a sequência da temporada.
REMI: “Falam que eu não me movimentei nos dois gols. E adiantaria? Adiantaria ir atrasado? Para que? Talvez fosse bonito para todos, que o goleiro batesse com a cabeça no poste. Seria bonito, mas doeria, prá caramba”;
REMI: “No primeiro gol o atacante adversário chutou da marca do pênalti e eu não consegui me mexer. O segundo foi contra. Por azar, a bola tocou no pé do Casemiro e desviou a sua trajetória. E no terceiro gol o cara entrou sozinho e quando eu sai colocou a bola por cima de mim. Que culpa tenho eu?”
REMI: “Não sei o que eles querem. O primeiro gol foi uma jogada organizada pelo ataque da Ferroviária em que o cara chegou sozinho. No segundo, a bola bateu em Casemiro e desviou de mim. Acho que me escolheram para Jesus Cristo. O futebol é muito passional. Eu não aceitei quando me chamaram de santo porque falhei naquele jogo. Não sou santo nem Jesus Cristo. Se eu defendesse seria um herói. Errei porque toda a equipe errou. Eu estou com a minha consciência tranqüila porque acho que eu fiz um trabalho honesto. Goleiro não tem que fazer milagre. Goleiro tem que defender. E isso eu fiz. Meu trabalho não tem nada a ver com a derrota.”
TITA: “Fui expulso por querer defender meu companheiro. Jamais vou admitir que alguém faça o que ocorreu com Osvaldo. De cabeça fria, não teria feito o mesmo. Mas naquela hora é impossível pensar duas vezes. Eles estavam exagerando no jogo desleal, tinha que tomar providências”
TITA: “Quando o juiz expulsou, vi que Arouca ia bater no Osvaldo. Então, fui defender o Osvaldo. Foi uma atitude antiprofissional minha. Arrependo-me dela. Mas acontece que foi instintiva. Você vê um colega seu ser atingido e vai defendê-lo. Foi o que fiz”
Valdir Espinosa, técnico do Grêmio: “É natural que agora surjam as críticas, mas nós fizemos um trabalho consciente, com muita seriedade e que acreditamos ter sido bem feito. O que aconteceu foi que perdemos um jogo que não podíamos perder.

Roberto Brida, técnico da Ferroviária: “O Grêmio entrou confiante demais. Levou um gol e se perturbou. Depois jogo errado. Em vez de tocar a bola, como sabe, passou a fazer centros para a área, consagrando o meu goleiro e os meus zagueiros.”

“Apenas o zagueiro Pinheirense parecia querer festejar, desprezando a moderaçao de seus companheiros: – Antes do jogo, o presidente Parelli telefonou e disse que havia um prêmio extra do São Paulo. Agora, acho que vamos ganhar também do Sport, pois garantimos a classificação dos dois. Qunato mais dinheiro melhor” (Folha da Tarde – 2 de maio de 1983)

A Ferroviária chutou quatro e fez três no Grêmio, bom no ataque mas falho na defesa” (Divino Fonseca – Revista Placar)

“Entre as lições da derrota, talvez fique uma que os dirigentes e jogadores já deviam ter aprendido há muito tempo: a inutilidade de pressionar a arbitragem. O tal Pedro Bregalda era desconhecido, realmente, mas teve uma atuação honeste e tranqüila. Antes de fazer críticas aos juízes, a direção do Grêmio deveria preocupar-se com coisa mais graves, como a identidade do elemento que invadiu o campo ao final e agrediu um jogador do Ferroviária” (Nílson Souza – Folha da Tarde – 2 de maio de 1983)

Atuação do Juiz
Nota: 3

Pedro Bregalda foi um árbitro que dirigiu um jogo muito confuso. Prejudicou o Grêmio ao não assinalar dois pênaltis. Um sobre Renato que ele preferiu interpretar como obstrução de Arouca (que empurrou o ponteiro) e um sobre Osvaldo, derrubado na área por Divino, aos 18 minutos do segundo tempo. Além disso, esteve sempre mal colocado dentro do campo. Fez que não viu muita coisa na pancadaria quase geral, expulsando Arouca e Tita de campo quando muita gente andou trocando socos e pontapés. Nota 3” (Zero Hora – 2 de maio de 1983)


Grêmio 1×3 Ferroviaria de Araraquara

GRÊMIO: Remi; Silmar, Newmar, De Leon e Casemiro; China (Bonamigo), Osvaldo e Tita; Renato, Caio e Tonho (Tarciso).
Técnico: Valdir Espinosa

FERROVIARIA: Abelha; Marinho, Arouca, Pinheirense e Divino; Sidnei, Júnior e Douglas Onça; Jorginho (Fernando), Claudinho e Bozó.
Técnico: Roberto Brida

Data: 30 de abril de 1983, sábado, 16h00min
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre (RS)
Público: 26.846 pagantes
Renda: Cr$ 16.122.000,00
Árbitro: Pedro Carlos Bregalda (RJ)
Auxiliares: Elcio Pessoa e Teodoro Castro Lino
Cartões Amarelos: Douglas Onça, Bozó, Marinho, Sidnei e Newmar
Cartões Vermelhos: Arouca (AFE) e Tita (Grêmio)
Gols: Bozó, 4’ e Casemiro (contra), 22’ do 1º;  Bonamigo, 26’/2º e Douglas Onça, 46’ do 2º