
Foto: Correio do Povo
No Brasileirão de 1982 o Grêmio se classificou para as oitavas de final ao vencer o Náutico por 1×0 no Recife, em jogo da penúltima rodada da segunda fase.
Esse foi o primeiro jogo entre os dois times disputado nos Aflitos.
“GOL DE PAULINHO DECIDE NO RECIFE
O Grêmio está classificado. Paulinho, aos 24 minutos do segundo tempo, marcou o gol da vitória sobre o Náutico ontem à noite, O time gaúcho foi mais objetivo e pressionou sempre o adversário. No final, mereceu a vantagem de 1×0. Agora espera pelo Guarani no Olímpico, jogo que foi antecipado para 3.a feira .
PRIMEIRO TEMPO — O Grêmio começou em ritmo acelerado. Pressionou com vigor, mantendo o Náutico em seu campo. A torcida ficou muda no estádio. O time gaúcho subia sempre, com o meio-campo e o ataque juntos.
Aos cinco minutos, Paulo Isidoro perdeu chance sensacional, dando tempo para que Jairo fizesse a defesa. Depois, Bonamigo também desperdiçou outra oportunidade. O Náutico, tinha dificuldades para sair jogando.
Apesar da arrancada em alta velocidade, o Grêmio foi se acomodando. O Náutico, em decorrência, foi crescendo. E, aos poucos, acabava o domínio gaúcho. A partir da metade desta etapa, o time pernambucano passou a ameaçar.
No final, zero a zero. Um resultado justo, pois Grêmio e Náutico dividiram as iniciativas no jogo. E, a rigor, não houve vantagem — exceto dos primeiros quinze minutos para o Grêmio.
SEGUNDO TEMPO — O Grêmio retornou tranquilo. Ênio Andrade exigia mais velocidade no meio-campo. E chegou a comentar: ‘Não podemos deixar o Náutico gostar do jogo”. Em decorrência o time passou a correr mais com Batista, Paulo Isidoro e Bonamigo se lançando no campo adversário.
O time de Pepe resistia bem na defesa. Tarciso tinha dificuldades para ganhar espaço. O mesmo ocorria com Júlio Cesar. A chegada dos apoiadores é que criava as chances de gol para o ataque gremista. Os gaúchos pressionavam sempre, apesar da defesa adversária estar segura.
Aos 24 minutos a classificado do Grêmio na Taça de Ouro: a bola sobrou na área, Paulinho — que entrou em lugar de Júlio César — teve calma driblou o goleiro Jairo e fez 1×0.
O empate do Náutico foi evitado por Leão, que realizou uma defesa sensacional. O Grêmio, apesar do susto, prosseguiu soberano na partida. O time foi bem, confirmando a recuperação que começou contra o Maringá. No final, a justa vitória.” (Correio do Povo, quinta-feira, 18 de março de 1982)
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“NÁUTICO DESCLASSIFICADO
O Náutico foi desclassificado para a terceira fase da Taça de Ouro, ao perder por 1×0, ontem à noite, para o Grêmio de Porto Alegre, nos Aflitos. Foi uma partida bem disputada f com duas fases distintas, tendo o alvirrubro jogado melhor no primeiro tempo, falhando na fase complementar, principalmente depois de sofrer o gol.
Na primeira fase, o alvirrubro esteve mais perto do gol adversário, mandando duas bolas na trave e sempre forçando a defesa do time gaúcho, que chegou a ficar nervoso em determinado momento da partida.
Eram passados apenas 13 minutos, quando Heider recebeu pela extrema direita, penetrou bem, passou para Paulinho que enviou a bola na trave. No retorno, Heider chutou forte, e novamente a bola bateu na trave do arqueiro Leão que, por pouco não teve sua meta vazada.
Apesar do domínio territorial dos alvirrubros, o Grêmio mantinha respeito e procurava se defender dentro de um esquema muito rígido, com o zagueiro Vantuir não dando trégua ao extrema esquerda Lupercínio.
Vilson, numa cobrança de falta, aos 40 minutos, pregou um susto na defesa do clube gaúcho. A bola bateu na barreira humana, enganando o goleiro Leão, mas não tomou o destino das redes, passando raspando a trave esquerda da meta gaúcha. Terminava o primeiro tempo, com o Náutico ganhando a confiança de sua torcida. Mas, o time voltou muito apático, dando margem ao Grêmio crescer de produção e chegar a sua classificação, ao marcar um gol e ganhar a partida.
A jogada foi toda de Paulo Isidoro, que recebeu a bola pela extrema esquerda e, depois de passar por Carlos Alberto, fez o cruzamento perfeito para Bonamigo, que chutou forte. Jairo largou a bola nos pés de Paulinho, que havia entrado no lugar de Júlio César, e só teve o trabalho de fazer o tento e levar o Grêmio a classificação.
Depois do gol, o time do Náutico esfriou, mas ainda teve algumas oportunidades de empatar, numa jogada de Porto e, outra de Jonas, mas os alvirrubros falharam nas finalizações. Foi uma partida bem disputada e, quem fizesse um gol ganharia, no caso, o Grêmio teve melhor sorte.
O alvirrubro ainda falta cumprir um jogo pela Taça de Ouro, na próxima quinta-feira, contra o Maringá, no Paraná. Mesmo que vença e o Grêmio perca para o Guarani, em Porto Alegre, o clube aristocrático está fora da terceira fase, porque perde no confronto direto. Na partida preliminar de ontem nos Aflitos, o juvenil timbu perdeu de 2×1, para o Grêmio da Celpe.” (Diário de Pernambuco, quinta-feira, 18 de março de 1982)
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“DENTRO E FORA DAS 4 LINHAS – Adonias de Moura
Aconteceu o que estava escrito no livro do destino. Estádio cheio, muita vibração, duas equipes precisando vencer. Ambas figurando no plano mais destacado do futebol brasileiro. E o resultado não pode ser contestado. Dentro das quatro linhas é que os jogadores têm a sua oportunidade de mostrar serviço. É verdade que de um lado estava o campeão brasileiro da última temporada e, do outro, um vice-campeão regional. Isso, ás vezes, não significa muito. A realidade é mostrada quando a pelota começa a rolar. Um momento empolgante, sublime mesmo, porque faz com que as atenções da multidão fiquem cingidas ao caminhar dos times.
Ontem, como não podia deixar de ser, quem foi aos Aflitos saiu de lá satisfeito. O futebol foi o grande vencedor num duelo de gigantes, onde era possível deslumbrar jogadas de alto nível técnico, excelente posicionamento tático dos dois quadros e, acima de tudo, ficava comprovada a competência de dois treinadores. Foram noventa minutos de futebol empolgante. As restrições ficam para os mais exigentes, sempre desejando a perfeição. O ideal seria que toda partida disputada em qualquer ponto do nosso país tivesse um rendimento daqueles. Era a sopa no mel para todos. Nunca mais os estádios ficariam vazios, como acontece vez por outra.
O escore mínimo pode ser considerado normal e justo. O tricolor gaúcho concedeu muito campo aos pernambucanos na primeira fase, mas voltou para a segunda fase com mais empenho, marcando em cima e saindo da tática de ficar na expectativa. Os gaúchos tiveram a sorte a seu lado, que ajuda os times em estado de graça, quando substituíram Júlio César por Paulinho, um ex-juvenil e coube ao mesmo assinalar o gol da vitória. Estes pequenos grandes detalhes servem para contar a história de uma partida, a exemplo daquela bola no primeiro tempo, que tocou na trave, atingiu o salto da chuteira de Leão, voltou a atingir a meta e terminou buscando a linha de fundo.
O Náutico não tem muito do que se queixar. Manteve um nível de equilíbrio na primeira fase. Tudo, porém, baseado no toque de bola e nas fintas, com grande destaque para Lupercínio, mas não revelou o essencial para uma ocasião decisiva: a agressividade de quem pretende sair vitorioso. Não se trata de agredir aos adversários, usar da violência, e sim demonstrar empenho e obsessão pela vitória. E quando isso não ocorre, não adianta ficar matutando pela derrota, procurando analisar falhas e erros. O importante é que a lição tenha sido aprendida, pois nunca nos pareceu tão fácil obter uma classificação. Faltou, apenas, um pouco mais de categoria.
É bom que se diga uma verdade. A partida foi boa, agradou aos que gostam de futebol e o velho campinho dos Aflitos apanhou seu grande público desde muitos anos, o que demonstra o interesse dos torcedores. Mais de 20 mil torcedores ficaram apertados para presenciar o encontro entre dois bons times. Sairam lamentando a derrota do time da casa, e não as qualidades e méritos do onze dos pampas, que retornou classificado aos seus pagos.” (Adonias de Moura, Diário de Pernambuco, quinta-feira, 18 de março de 1982)
“OPINIÃO: Náutico melhor no primeiro tempo, carimbando a trave duas vezes. Grêmio melhor no segundo.” (Lenivaldo Aragão, Placar, edição n.º 618, 26 de março de 1982)
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“GRÊMIO GARANTE VAGA PARA A PRÓXIMA FASE
Mesmo perdendo o último jogo da fase, diante do Guarani, o Grêmio está classificado para a próxima fase do certame nacional, devendo ter como adversário o Vasco da Gama, O Grêmio venceu ao Náutico por um a zero em Recife, com gol de Paulinho.
Ao Grêmio só interessava vencer, Isso trouxe maior mobilidade dos jogadores pela motivação que foi imposta em relação ao interesse no resultado, Do princípio ao fim do primeiro tempo os lances de gol foram uma constante, Até os primeiros 1 5 minutos o Grêmio foi melhor, Jairo fez várias boas defesas. O primeiro ataque do Náutico foi perigoso e o Grêmio escapou por sorte, Bonamigo atrasou mal uma bola, Hélder conseguiu dominar, Na conclusão da jogada a bola bateu na trave, depois no corpo de Leão, a jogada continuou, houve outro arremate do ataque do Náutico com^ a bola, batendo nas pernas do goleiro gaúcho, até que De León mandou a bola para fora. Aos 36 minutos Leão ia certo na bola, Ela bateu, porém, em Vantuir e foi desviada de direção, do canto onde estava Leão para o outro extremo do gol. Fez uma curva e com isso não entrou. O lance mais bonito no ataque do Grêmio coube a Baltazar. Deu um balãozinho em Dimas e chutou forte, para excelente defesa de Jairo,
VITÓRIA
Foi aos 25 minutos do segundo tempo que se definiu a classificação gremista, Paulinho, ponteiro-esquerdo que entrou no lugar de Júlio César, foi o autor da façanha. Paulo Isidoro fez bom lançamento para a área, Bonamigo e Baltazar deram continuidade ao lance, com um chute forte em direção ao gol, Jairo defendeu parcialmente e Paulinho aproveitou para marcar, com calma. O Grêmio venceu com Leão; Paulo Roberto, Vantuir, De León e Dirceu; Batista, Paulo Isidoro e Bonamigo: Tarciso (China), Baltazar e Júlio César (Paulinho). Náutico com Jairo: Vílson, Dimas, Cláudio e Carlos Alberto; Lourival, Adelmo (Dudu) e Paulinho; Hélder, Jones e Lupercínio, Renda de Cr$ 5.419,950,00, com 20 mil pagantes. Classificados no grupo: Guarani e Grêmio, O jogo entre ambos deve ser realizado na próxima terça-feira, com televisionamento para todo o Brasil, com uma excelente cota paga pela televisão a ambos os clubes. Ênio Andrade, ontem à noite, estava mais descontraído. Mesmo com as dificuldades internas, suas próprias e do grupo, a equipe passou para a próxima fase.” (Pioneiro, quinta-feira, 18 de março de 1982)
NÁUTICO: Jairo; Vilson, Dimas, Cláudio Marques e Carlos Alberto Rocha; Lourival,
Paulinho e Adelmo (Dudu); Heider (Porto),Jonas e Lupercínio.
Técnico: Pepe
GRÊMIO: Leão; Paulo Roberto, Vantuir, De Leon e Dirceu; Batista, Bonamigo e Paulo
Isidoro; Tarciso (China), Baltazar e Júlio César (Paulinho)
Técnico: Ênio Andrade
Brasileirão 1982 – Segunda Fase – Grupo K – 5ª Rodada
Data: 17 de março de 1982, quarta-feira, 21h00min
Local: Estádio dos Aflitos, em Recife, PE
Público: 20.354 pagantes
Renda: Cr$ 5.414.950,00
Árbitro: Wilson Carlos dos Santos (RJ)
Auxiliares: Artur Ribeiro Araújo e Luís Carlos Gonçalves
Cartão amarelo: Dimas
Gol: Paulinho, aos 23 minutos do 2º tempo