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Sobre a eleição para o Conselho Deliberativo

September 24, 2022

Hoje será realizada a eleição para renovação de 50% do Conselho Deliberativo do Grêmio.

Como já havia adiantado na entrevista que dei para o Darci Filho, não irei concorrer à um terceiro mandato como conselheiro (pretendo falar mais sobre isso nos próximos dias).

8 chapas estão concorrendo. Me parece uma demasia. Obviamente seria antidemocrático querer impor um número máximo de candidaturas. Contudo, não vejo tantas correntes e formas de pensar o clube que justifiquem esse número elevado de chapas e movimentos políticos. Acho que é razoável concluir que essa diluição/pulverização de forças favorece muito o status quo.

Sobre a eleição de hoje, acho válido acrescentar um ponto sobre quem pode votar amanhã. Em maio, o clube anunciou um plano onde todos os sócios que estejam com mensalidades em aberto junto ao Quadro Social (QS) poderão regularizar as suas associações mediante pagamento de uma taxa de regularização no valor de uma mensalidade, mais a mensalidade do mês corrente, independente do valor, além de garantir a manutenção da matrícula original e tempo de associação“.

Confesso que achei surpreendente a decisão da diretoria, uma vez que na reunião do conselho de 6 de abril de 2022,  CEO Carlos Amodeo, ao ser questionado sobre o tratamento dispensado aos sócios que buscavam regularizar sua situação com o clube informou que “Atualmente, o sócio pode retornar antes dos doze meses, desde que o faça com uma nova matrícula. Se o associado quiser manter sua matrícula e o histórico associativo, terá que pagar todos os meses anteriores“.

Foi convocada uma reunião do conselho deliberativo, realizada no dia 8 de agosto, para “Interpretar e deliberar sobre o direito dos Associados que aderiram ao Plano de Regularização das mensalidades, de votar e de ser votado.”

Na reunião, o Presidente Romildo fez uma breve introdução sobre o tema, dizendo que o plano de regularização foi: “ato importante, concluído em 30 de junho deste ano, tendo sido prorrogado por duas vezes, dando nova chance àqueles que quisessem novamente se engajar no processo associativo.“. Na sequência o CEO Carlos Amodeo divulgou alguns números sobre o plano, afirmando que o clube arrecadou pouco mais de um milhão de reais com a regularização de 2.513 sócios (sendo que destes 2.513, 172 não podem votar porque tem menos de 2 anos de associação, 850 não podem ser votados pois possuem menos de 5 anos de associação e 32 são menores de 16 anos.

Foi lido o parecer da Comissão de Assuntos Legais sobre esse tema. Para mim ele foi definitivo, especialmente quando deixou claro que em nenhum momento foi feita qualquer restrição ou ressalva em relação à regularização nas regras e no material que o Grêmio usou para divulgação do plano. A palavra foi colocada à disposição dos conselheiros, eu me manifestei nos seguintes termos:

[…] O Conselheiro André Kruse sustentou que a conclusão do parecer da Comissão de Estatutos Legais e Estatutários está correta. O que o Grêmio propôs ao seu sócio foi muito claro: a regularização mediante o pagamento de uma mensalidade em atraso e mais a mensalidade vigente. Que não se pode chegar agora para o sócio, que de boafé aceitou a proposta, e dizer que não se trata bem de uma regularização, mas apenas de uma regularização que permite comparecer aos jogos, não para votar e ser votado. Que o Grêmio não pode agora frustrar o que havia prometido aos seus sócios. Afirmou que o problema não reside na votação de hoje, mas no fato de que, antes do seu lançamento, o plano deveria ter passado pelo Conselho Deliberativo, justamente para que fossem debatidas essas consequências que estão sendo analisadas agora e também porque, todas as vezes que se falou em recuperação de associados, foi referido que não se poderia desprestigiar os sócios que estão em dia. [….]”

Além disso, eu acrescentaria que todos os esforços feitos na política do Grêmio nos últimos 20 anos foram no sentido de aumentar e facilitar a participação dos sócios.

Os conselheiros Douglas Fischer, Marco Antônio Souza e Bruno Carvalho fizerem manifestações contrárias ao direito à voto. O primeiro se identificou como apoiador da gestão do Presidente Romildo e está concorrendo na chapa 2. Os dois últimos são integrantes do Grêmio do Prata. Faço esta referência porque me chamou a atenção que nenhum dos integrantes do Conselho de Administração, diretores e assessores presentes na reunião se manifestou sobre um tema que é consequência de um ato da gestão que eles integram.

Conforme consta no site do clube, “ficou decidido, por 122 votos a 94 que os associados que aderiram ao novo Plano de Regularização não estão aptos a votar e serem votados.

O conselheiro Alceu “Brasinha” ingressou com uma ação para questionar esta decisão, tendo obtido uma liminar, que posteriormente foi cassada em função de agravo protocolado pelo clube.

Entrevista para o jornalista Darci Filho

July 13, 2022

Ontem à noite, eu dei uma entrevista para o jornalista Darci Filho. Como o título do vídeo no canal dele no YouTube já demonstra, o convite dele teve como ponto de partida o fato de eu ter sido o único conselheiro que votou contra a alteração estatutária que permitiu um terceiro mandato do Presidente Romildo Bolzan, mas também falamos sobre outros assuntos relacionados à política gremista.

Sobre a reunião do Conselho Deliberativo de 6 de abril de 2022

April 19, 2022

A ordem do dia da reunião do Conselho Deliberativo de 6 de abril de 2022 era a seguinte:

“- Em convocação ordinária:
1. Apreciar o relatório do Presidente do Grêmio;
2. Tomar conhecimento do parecer do Conselho Fiscal;
3. Tomar conhecimento do parecer da Comissão para Assuntos Econômico-Financeiros;
4. Julgar as contas do Conselho de Administração referentes ao exercício de 2021;
5. Eleger e empossar 02 (dois) Conselheiros Fiscais, com mandato de 03 (três) anos. A inscrição da chapa para o Conselho fiscal terá início dia 19/03 e findará em 25/03 e deve ser entregue diretamente no Conselho Deliberativo do Clube.
– Em convocação extraordinária:
1.    Homenagem Conselheira Ema Tereza Facchin Coelho de Souza”

De início foi feito a homenagem à Dona Ema, que fez um discurso de agradecimento sucinto, mas muito bonito, no qual ressaltou como se sentia realizada como gremista.

Em relação as contas de 2021, o presidente Romildo Bolzan fez uma rápida introdução, acrescentando que o ano de 2022 será “um desafio enorme” em razão da queda de receitas.  A apresentação do relatório do exercício de 2021 foi feita pelo CEO, Carlos Amodeo, que exibiu em slides um material um pouco mais amplo do que o publicado no portal de governança. Eu achei preocupante que houve uma queda de mais de 17% no número de sócios na comparação de com 2020, combinado com uma queda de quase 25% na arrecadação do quadro social (foi adiantado que houve uma leve recuperação no número de sócios no primeiro trimestre de 2022).

Após foi feita a leitura do parecer do Conselho Fiscal, no qual se afirmou que “os investimentos no futebol não vem refletindo na performance do time nas competiçõese do relatório da Comissão de Finanças, no qual é manifestada a preocupação com  “a qualidade do gasto executado em 2021“.

Quando a palavra foi colocada a disposição para manifestação do plenário um conselheiro (jubilado), discursou longamente, encerrando sua manifestação  dizendo que os demais deveriam aprovar as contas “com um voto de louvor“. Outro conselheiro fez manifestação semelhante, afirmando que o resultado apresentado era “para ser aplaudido“.  Simplesmente surreal. Eu acho que seria possível apontar para aspectos positivos nas contas de 2021 sem precisar usar de um discurso que beira o lunatismo. Da mesma forma, não me parece que o recorrente argumento de que “em anos anteriores se fez/se aprovou coisa pior”  seja algo que resulte em melhora/crescimento do clube.

Mas até aí dá pra considerar que esse tipo de coisa faz parte do processo democrático. Inaceitável foi a postura de um conselheiro que ficou resmungando, tentando interromper e/ou atrapalhar aos gritos, toda e qualquer manifestação minimamente crítica a gestão. Esse mesmo conselheiro já havia tomado atitude parecida em reunião anterior e a Mesa Diretora só pediu para ele ficar em silêncio quando a sessão se encaminhava pro fim.

Uma vez que o uso do vôos fretados foi uma das justificativas para os gastos elevados de 2021 eu perguntei se essa política seria mantida para a série B. O CEO respondeu dizendo que não, que o clube estava usando somente vôos comerciais e que estava buscando reduzir o máximo os gastos nas viagens. Da mesma forma, tendo em vista que em 31 de março foi enviado aos conselheiros uma “nominata atualizada dos conselheiros jubilados com direito a voto e a sua respectiva data de nomeação” eu questionei quando os nomes ali indicados foram ratificados pelo Conselho Deliberativo (conforme determina o §1º do artigo 63-A do Estatuto). O Presidente Biedermann esclareceu que esses nomes ainda não foram submetidos a ratificação pelo conselho.

Acho válido destacar algumas manifestações de conselheiros. O Conselheiro Eduardo Magrisso lembrou que o Grêmio evoluiu muito em termos de governança, mas alertou para o fato das reuniões de aprovação da suplementação e das contas de 2021 terem sido realizadas fora de prazo. O conselheiro Roger Ritter questionou sobre a previsão de apresentação dos trabalhos de uma consultoria sobre governança (sobre a qual os conselheiros responderam um questionário no início de 2021). O conselheiro Bruno Carvalho pediu maior atenção para as dificuldades que os torcedores que frequentam a arquibancada norte acabam sendo submetidos (baixo número de portões de acesso e a questão da biometria). O conselheiro Daniel Follmann afirmou que os conselheiros tem a prerrogativa de analisar os números de 2021 de maneira global. Afirmou que era possível fazer uma comparação com os gastos e consequentes resultados esportivos de outros grandes clubes brasieliros e por último perguntou se houvesse necessidade de suplementação orçamentária para 2022 quando ela seria submetida ao conselho. O presidente Romildo Bolzan afirmou que, em 2022, havendo necessidade será feita uma “readequação” ao longo da temporada.

Como já se sabe as contas foram aprovadas. Ao meu ver, a aprovação da suplementação, em dezembro, após a ocorrência dos gastos, de certa maneira significou uma aprovação antecipada das contas do exercício 2021. Como novamente não foi apresentada justificativa concreta para a demora na apresentação da suplementação, acabe sendo  um dos que votou contra a aprovação. Julgo válido dizer que uma minoria dos conselheiros que votou pela aprovação achou oportuno aplaudir o resultado da votação (o que pra mim é meio descabido).

– Achei interessante que o executivo de Marketing Beto Carvalho reconheceu, antes de fazer a sua apresentação, necessidade assumir um erro, pois considera que faltou uma conexão entre torcida e clube nos últimos anos.

– Eu diria que menos de 20% dos presentes estavam usando máscara. Nenhum dos vice presidentes e/ou diretores (que convivem com os atletas) estava de máscara.

Preciso dizer que tentei começar esse post diversas vezes.  Isso porque o sentimento em relação a falar e escrever sobre o conselho é muito parecido com sentimento de integrar o conselho: um exercício de total futilidade. A sensação é que tudo que é dito, que qualquer crítica ou sugestão feitas por conselheiros são completamente ignoradas. As coisas são decididas através de inúmeras outras relações. O fato de existir um órgão, de representação dos sócios, com prerrogativas e responsabilidades estabelecidas no estatuto é quase que encarado como uma inconveniência, um contratempo. Ainda assim, decidi escrever por duas razões: 1) pois já tinha assumido o compromisso (comigo mesmo) de tentar falar mais sobre o que acontece no conselho; 2) Na ínfima esperança de isso servir, de algum maneira, como alerta ou esclarecimento para quem pretende atuar dentro do conselho deliberativo.

Sobre a reunião do Conselho Deliberativo de 21 de fevereiro de 2022

February 23, 2022

A ordem do dia da reunião do Conselho Deliberativo de ontem era a seguinte: “Apresentação do planejamento do Departamento de Futebol Profissional para 2022“.

Confesso que já tinha um misto de sentimentos antes mesmo da reunião começar. Por um lado, entendo como muito importante a iniciativa, pelo ineditismo da pauta, que não costuma ser tratada no conselho. Por outro, depois da demissão de Vagner Mancini na segunda-feira passada (para quando a reunião estava originalmente marcada) ficou difícil acreditar que existe, de fato, um planejamento. Acho válido acrescentar ainda que assisti (e não gostei muito) da entrevista com Dênis Abrahão no programa Bola da Vez da ESPN.

E sigo “dividido” depois da reunião. A apresentação feita pelo Vice de Futebol foi bem interessante, explicando em detalhes como funciona atualmente o departamento do futebol profissional do Grêmio. Penso que este é um tema que pode e deve ser apresentado rotineiramente aos conselheiros. Contudo, como pode ser lido na matéria sobre a reunião publicada no site do clube, praticamente não se falou do planejamento propriamente dito. Da mesma forma, Dênis Abrahão não explicou porque Mancini foi mantido na virada do ano, porque foi despedido ainda em fevereiro e porque Roger foi escolhido como seu substituto.

Diversos conselheiros fizeram manifestações. Eu destacaria as seguintes falas: do conselheiro Adalberto Aquino, questionando a demora no lançamento de jovens da base para a categoria profissional; do conselheiro Jeferson Thomas, que oportunamente lembrou que apresentação acabou não abordando o planejamento, mencionando ainda a conveniência de se pensar nas metas e objetivos da temporada e do conselheiro Daniel Caselani, que, diante das dificuldades previstas para o restante do ano, enfatizou a importância de ter torcedor junto ao clube, com a adoção de medidas concretas neste sentido, bem como a necessidade de qualificar o grupo de atletas.

Por derradeiro, creio ser válido registrar que Dênis Abrahão se mostrou (na imensa maioria dos casos) bastante receptivo com as sugestões e críticas feitas pelos conselheiros.

 

Sobre a reunião do conselho de 16 de dezembro de 2021

December 22, 2021

A reunião do Conselho Deliberativo de 16 de dezembro de 2021 teve a seguinte ordem do dia:

– Exame do balancete do trimestre vencido (julho a setembro);
– Discutir e votar o orçamento do exercício de 2022;
– Decidir sobre pedido do Conselho de Administração de suplementação do orçamento para o exercício de 2021;
– Assuntos Gerais.

Eu fiquei com a sensação de dessa vez, pela combinação rebaixamento e época do ano, houve um interesse maior sobre o que aconteceu na reunião. Infelizmente a notícia publicado no site do clube pouco ajuda neste aspecto, e os balancetes ainda não foram publicados no portal de governança. Independente disso, acho que sempre é importante que os conselheiros tentem dar as suas impressões sobre o que foi apresentado, discutido e votado.

Sobre os dois primeiros itens da pauta, me chamou a atenção questões relacionadas ao faturamento do quadro social:

•   Ao final do terceiro trimestre de 2021 a arrecadação social líquida estava 22% abaixo do orçado para o período (no segundo trimestre estava 14% abaixo e se projeta que o ano feche com 18,5% abaixo).
•   Para 2022, o orçamento prevê que o quadro social arrecade 6% mais do que irá terminar arrecadando na atual temporada. Achei uma estimativa demasiadamente otimista, especialmente considerando os dados acima, que demonstram que a mera volta da torcida aos estádios não é o suficiente para recuperar plenamente as receitas nesta rubrica. No final da reunião, o conselheiro Marcelo Pinto Ribeiro fez um questionamento sobre os planos para o quadro social e o Presidente Romildo Bolzan respondeu, muito rapidamente, sobre a ideia de aumentar os descontos nas redes de convênio do Grêmio e criar um programa de cashback.

Mas, excetuada essa questão do quadro social,  eu achei que o orçamento estava razoável e adequado, e por isso votei pela aprovação.

Diferente foi meu voto para a questão da suplementação. A apresentação do pedido de suplementação orçamentária (assim como os temas anteriores) foi feita pelo controller Fabiano Wurdig. Ele enfatizou o fato de haver um superávit, mesmo com a suplementação, e tratou de abrir as rubricas de despesas, afirmando que boa parte delas não teria um efeito direto/imediato no caixa. Afirmou ainda que esses gastos extra se davam em função do fretamento de aviões para jogos da Libertadores e Sul-americana, por uma provisão feita em razão de uma autuação do fisco espanhol na venda de Arthur para o Barcelona e pelo efeito contábil da rescisão e consequente baixa dos atletas dispensados no decorrer do ano.

O conselheiro Eduardo Magrisso perguntou ao Controller sobre quando a gestão havia percebido a necessidade de fazer uma suplementação orçamentária. Foi respondido que entre agosto e setembro. Pra mim este é o ponto fundamental para a rejeição do pedido de suplementação. Ainda que a pergunta não tivesse sido respondida de forma objetiva, os fatos apresentados como ensejadores das despesas extras todos eram conhecidos muito antes do final do ano. E ainda assim a gestão não apresentou nenhuma justificativa para o pedido ter sido apresentado tão tardiamente.

Ao meu ver o fato de haver um superávit é, na melhor das hipóteses, um atenuante nesta questão, mas de forma alguma pode servir como justificativa para que se autorize despesas depois de que elas já tenha sido feitas. Esse é um problema sobre o qual eu já havia me manifestado em uma reunião realizada em novembro de 2014. De qualquer forma me manifestei também nessa reunião, lembrando que em 2016 o pedido de suplementação foi apresentado no final de agosto e em 2017 foi apresentado no início de outubro. Não vejo razão para o clube ter regredido neste aspecto.

Infelizmente a maioria dos conselheiros entendeu por aprovar o pedido de suplementação. Entendo perfeitamente a surpresa e indignação de muitos sócios (como, por exemplo,o  Lucas Von ) mas a realidade do conselho é essa e, desde que a questão dos votos dos conselheiros jubilados foi aprovada, dificilmente a gestão sofrerá qualquer tipo de derrota dentro do conselho deliberativo.

Diversos conselheiros fizeram manifestações interessantes na reunião. Entre eles eu destacaria três:

•   O conselheiro Pierre Gonçalves, que falou da necessidade da direção restabelecer/melhorar a comunicação com os sócios, torcidas, imprensa e outros clube e entidades.

• O conselheiro Alexis Efremides, que falou sobre o esgotamento do modelo atual de gestão, que centraliza e concentra o poder na mão de poucas pessoas.

• E o conselheiro Daniel Follmann, que fez um detalhado histórico dos insucessos, equívocos, descasos e incoerências da gestão do clube nas últimas temporadas, que serviu de mote para questionar se a diretoria se sentia motivada a fazer as correções que se apresentam como necessárias.

O presidente Romildo Bolzan, que até então estava bastante quieto, respondeu o questionamento do conselheiro Daniel Follmann. Ele estava visivelmente e compreensivelmente chateado, e se dirigiu diversas vezes ao conselheiros pedindo desculpas. Contudo, em nenhum momento citou quais teriam sido os erros da gestão em 2021 e igualmente não explicou o que será feito de maneira diferente em 2022. O máximo que ele falou, em resposta a uma pergunta do conselheiro Juarez Aiquel sobre a fala de Denis Abrahão (sobre não ter visto gestão de futebol por parte dos seus antecessores), foi enfatizar que havia sim gestão de futebol e que o problema em 2021 foi uma falta de sintonia no vestiário.

Arrecadação do Quadro Social – Comparativo

September 2, 2021

Em relação à esta última reunião do Conselho Deliberativo do Grêmio muito se falou sobre os gastos com as rescisões de alguns atletas. De fato este é um tema bem inquietante, mas eu gostaria de tratar de um outro assunto que anda me incomodando: A redução do número de sócios e consequente queda de arrecadação do clube com o seu quadro social.

No DRE do 1º semestre de 2021, divulgado no site do clube, não consta mais o comparativo com o mesmo período do ano anterior. Mas dá pra se montar um comparativo com a evolução da receita do quadro social cruzando os dados com os demonstrativos dos anos anteriores. Como se pode ver no quadro acima, a queda de arrecadação do primeiro semestre de 2020 para o primeiro semestre de 2021 foi bastante acentuada.

Essa questão dos sócios vem sendo questionada (por mim e alguns outros conselheiros) em praticamente todas as reuniões dos últimos anos. Pela primeira vez me pareceu que a diretoria demonstrou uma preocupação concreta com essa questão, apresentando uma série de medidas visando recuperar e manter sócios. Entre essas medidas foi anunciada a contratação da consultoria End to End (Confesso não ter entendido muito bem o escopo do serviço contratado). De qualquer forma eu acho que as medidas chegam com algum atraso e talvez sejam insuficientes para reverter totalmente a situação.

Acredito que é muito simplista atribuir essa redução somente a pandemia ou ao momento do clube no campo. Por isso procurei comparar a arrecadação do Grêmio com a arrecadação de algum outro clube Brasileiro. Infelizmente essa rubrica não é claramente discriminada na maioria das demonstrações disponibilizadas nos sites dos clubes. Contudo achei, numa matéria do Correio do Povo, um dado sobre as “Receitas oriundas do quadro social” do Inter “nos quatro primeiros meses” de 2019, 2020, 2021. No quadro abaixo temos um comparativo com as receitas do Grêmio neste mesmo período:

Como se pode notar, a queda de receita no quadro social do Grêmio foi um pouco maior do que a queda verificada no co-irmão.

Em relação ao sócios do Grêmio, acrescento um outro dado que muito em preocupa. Ao final do terceiro trimestre de 2020, 52% dos sócios tinha menos de 36 anos. No final do segundo trimestre de 2021 essa mesma faixa etária não corresponde mais a maioria do quadro social. Ou seja, a redução foi sentida de maneira mais forte entre os sócios mais jovens.

Na Assembleia Geral vote contra as alterações de nº 15 à 28

December 4, 2019
CONSELHO DELIBERATIVO – EDITAL
Em cumprimento aos artigos 55, 59 e 122, caput e inciso II, do Estatuto Social e obedecendo ao que dispõe o artigo 59, caput e inciso II, do Código Civil, convoco os Associados maiores de 16 (dezesseis) anos, pertencentes ao quadro social há mais de 02 (dois) anos ininterruptamente e em situação regular com o Grêmio, com a mensalidade do mês de outubro de 2019 paga até 05 (cinco) de novembro de 2019 para, no dia 07 de dezembro de 2019, sábado, das 10h às 15h, aprovarem ou não as seguintes alterações estatutárias apresentadas e votadas favoravelmente pelo Conselho Deliberativo:
1. Alteração do artigo 3º para ingresso no clube na qualidade de Associado visando a adaptação às práticas atuais em operação no Quadro Social do Clube através do preenchimento da ficha de inscrição ou da informação dos dados pessoais para os agentes do Grêmio; do pagamento de taxa de expediente, de joia, de eventuais débitos anteriores, da primeira mensalidade e da taxa de emissão da carteira social; e do comprometimento e do respeito às disposições do Estatuto do Clube e das regras de modalidade associativa.
2. Alteração do artigo 21 que passa a determinar que o Associado Proprietário pague ao Grêmio, mensalmente, uma contribuição social que será fixada pelo Conselho de Administração.
3. Alteração do artigo 26 que passa a determinar que a categoria dos Associados Contribuintes seja composta pelos Associados que efetuam pagamento de contribuição social e não possuam títulos de propriedade ou patrimonial, não se enquadrando ainda nas categorias de titulados, remidos ou infantis.
4. Alteração do artigo 27 que passa a determinar que o candidato ao ingresso na categoria de Associado Contribuinte, com idade inferior a 16 anos, deve apresentar autorização firmada por seu responsável legal.
5. Alteração do artigo 28 que passa a determinar que a categoria dos Associados Infantis, composta pelos Associados com idade inferior a 12 (doze) anos, são isentos do pagamento de contribuição mensal, arcando, apenas, com as despesas da emissão da carteira social.
6. Alteração do artigo 29 que passa a determinar que o local originalmente destinado ao Associado do Grêmio ocupar na Arena poderá ser alterado, em decorrência de obras de qualquer natureza, ou motivo de força maior, pelo tempo que perdurar, de acordo com o limite das possibilidades alcançadas pelo Clube.
7. Revogação do artigo 32, que contemplava a inclusão no cadastro social dos familiares dos Associados, prática em desuso no clube desde a migração para a Arena.
8. Alteração do artigo 33 que passa a determinar que o Conselho de Administração do Grêmio poderá autorizar a inscrição de menores de 12 anos indicados por um Associado.
9. Revogação do artigo 38, que regulava a inclusão de cônjuge sobrevivente de associado no Quadro Social, prática em desuso no clube, desde a migração para a Arena.
10. Alteração do artigo 59 que atualiza os meios de convocação dos Associados para as futuras Assembleias Gerais a serem realizadas, prevendo sua divulgação através da publicação em 1 (um) jornal de grande circulação do Estado do Rio Grande do Sul, da publicação no site do Grêmio e do envio de correio eletrônico a todos os Associados com direito a voto. A convocação para Assembleia Geral que tenha a sua ordem do dia a eleição de Conselheiros Deliberativos, Conselheiros de Administração e/ou o Presidente do GRÊMIO será publicada em jornal de grande circulação no Estado do Rio Grande do Sul por três edições.
11. Adição de Parágrafo Único ao Artigo 106 determinando que o GRÊMIO aplique integralmente seus recursos na manutenção e no desenvolvimento dos seus objetivos sociais.
12. Adição do 4º Parágrafo ao Artigo 78 que assegura a participação de Atletas na composição da Diretoria não remunerada do GRÊMIO.
13. Alterar o Artigo 57 que passa explicitar que as chapas inscritas para concorrer nas eleições para o Conselho Deliberativo do GRÊMIO deverão conter os nomes dos candidatos na condição de 150 membros efetivos e 30 suplentes.
14. Adição de Parágrafo Único ao Artigo 71 prevendo a aclamação na hipótese de haver apenas uma chapa inscrita para o cargo de Presidente e Vice-Presidente do Conselho Deliberativo, e também de membros do Conselho Fiscal, dispensando a realização de escrutínio secreto.
15. Alteração do inciso II do Artigo 56 que passa a determinar que compete à Assembleia Geral, em escrutínio secreto, eleger os membros efetivos e suplentes do Conselho Deliberativo, incumbindo a este a outorga de Diplomas, Títulos e concessão da condição de Conselheiro Jubilado nos termos do Artigo 65, VIII.
16. Alteração do Artigo 63 que passa a determinar que o Conselho Deliberativo é o órgão representante dos associados do GRÊMIO, cabendo-lhe, além das matérias de sua competência privativa, todas as atribuições que não são específicas de outros órgãos; e que os Conselheiros Jubilados, com e sem direito a voto, constituam o Conselho Deliberativo.
17. Alteração do caput do Artigo 63-A que passa a determinar que a condição de Conselheiro Jubilado poderá ser adquirida pelo Conselheiro do GRÊMIO, titular ou suplente, com mais de 75 (setenta e cinco) anos de idade, que esteja no exercício do mandato ao qual foi eleito e que tenha sido eleito para o Conselho Deliberativo por período igual ou superior a quatro mandatos, de forma consecutiva ou alternada.
18. Alteração do Parágrafo Primeiro do Artigo 63-A que passa a determinar que a condição de Conselheiro Jubilado deverá ser requerida pessoalmente pelo Conselheiro interessado, manifestando-se pela opção do direito a voto ou não. Tal condição, em caráter vitalício, será concedida pelo Presidente do Conselho Deliberativo, complementada por ratificação em Sessão do Conselho Deliberativo.
19. Alteração do Parágrafo Terceiro do Artigo 63-A que passa a determinar que o Conselheiro Jubilado poderá participar dos debates e integrar as Comissões no âmbito do Conselho Deliberativo.
20. Alteração do Parágrafo Quarto do Artigo 63-A que passa a regulamentar as obrigações e penalidades atribuídas à condição de Conselheiro Jubilado sem direito a voto.
21. Alteração do Parágrafo Quinto do Artigo 63-A que passa a regulamentar a presença, o quórum e instalação das sessões que constituem o Conselho Deliberativo.
22. Alteração do Parágrafo Sexto do Artigo 63-A que passa a regulamentar a ascensão à vaga de Conselheiro Titular aberta pelo optante da condição de Conselheiro Jubilado sem direito a voto.
23. Alteração do Parágrafo Oitavo do Artigo 63-A que passa a regulamentar o pedido de renúncia da condição de Conselheiro Jubilado.
24. Acréscimo do Parágrafo 11 ao Artigo 63-A que estabelece que não há limite de vagas para a concessão da condição de Conselheiro Jubilado com e sem direito a voto.
25. Acréscimo do Parágrafo 12 ao Artigo 63-A que estabelece para os atuais Conselheiros Jubilados, e para aqueles que tenham cumprido os requisitos para jubilar, o modo, o prazo preclusivo e a submissão às penalidades por descumprimento das obrigações estatutárias.
26. Acréscimo do Parágrafo 13 ao Artigo 63-A que estabelece a regra e regulamenta o período de transição decorrente da elevação do requisito de idade para requerer a condição de Conselheiro Jubilado.
27. Alteração do Inciso VIII do Artigo 65 que estabelece a competência do Conselho Deliberativo para conceder a condição de Conselheiro Jubilado com e sem direito a voto.
28. Alteração do Artigo 66 que passa a regulamentar a obrigatoriedade da presença do Conselheiro Jubilado com direito a voto nas Reuniões do Conselho Deliberativo, estabelecendo as penalidades por ausência; prever a exclusão da Condição de membro do Conselho Deliberativo por desligamento do Quadro Social ou outro motivo estatutário; estabelecer que o Conselheiro Jubilado se submeta às regras de obrigatoriedade de suspensão do mandato nos casos cabíveis; e prever a perda do mandato do Conselheiro Eleito e Jubilado bem como sua substituição.
O associado deverá estar com os seus dados atualizados no cadastro do Quadro Social (nome completo, CPF, data de nascimento, endereço eletrônico, senha e, principalmente, número de celular com DDD), até as 23h59min do dia 05/12/2019.
O VOTO será exclusivo PELA INTERNET, apenas no dia da eleição, das 10h às 15h, e ocorrerá através do endereço eletrônico votacao.gremio.net, utilizando a matricula, senha e código SMS enviado para o celular do cadastro. Cada associado deverá ter o seu número de celular cadastrado, não podendo o mesmo número ser utilizado por mais de um sócio para receber o código SMS de votação.
A empresa SEC2B SEGURANÇA EM TECNOLOGIA S.A. foi contratada para fazer auditoria dos sistemas informatizados do GRÊMIO para a Assembleia Geral realizada pela Internet, cujo trabalho se prolongará até a proclamação do resultado.
OBSERVAÇÃO: Para efeito do art. 3º, § 2º, alínea “d”, do Regimento Eleitoral, ficam os associados cientes de que não haverá, no dia da votação, 07/12/2019, na ARENA DO GRÊMIO, computadores e outros equipamentos disponibilizados pelo Clube para a efetivação do voto via INTERNET.
A Comissão Permanente para Assuntos Eleitorais é composta pelos seguintes Conselheiros: ALMIR PORTO DA ROCHA FILHO (PRESIDENTE), CARLOS AUGUSTO PEIXOTO REIS, FABIANO SILVA BRASIL, MARCELO CABRAL DE AZAMBUJA, RAFAEL HANSEN DE LIMA, TELMO LUIZ BENEDETTI e TIAGO MALLMANN SULZBACH, além do Assessores JEFERSON THOMAS e PAULO ROBERTO DA SILVA PINTO.
Porto Alegre, 29 de novembro de 2019.
CARLOS BIEDERMANN
PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO

edital assembleia geral destaque

O edital acima foi publicado no Jornal do Comércio e na Zero Hora do dia 29 de novembro. Eu recebi um email (também em 29 de novembro), com informações sobre a assembleia geral. Contudo, creio que as pessoas que não militam na política do Grêmio terão alguma dificuldade para compreender o que está sendo colocado em votação nesta assembleia.

Chamo a atenção para os pontos 15 à 28, que tratam da alteração que permitirá que os conselheiros jubilados passem a ter direito a voto. Falei no post anterior sobre o trâmite dentro do Conselho Deliberativo dessa proposta.

Reitero que a proposta é muito ruim para o processo democrático do clube. Através dela, sera criada uma nova classe de conselheiros, escolhidos pelo próprio Presidente do Conselho. Uma classe que terá mandato vitalício, sem nenhuma necessidade de ter esse mandato periodicamente referendado pelos associados (o que por si só contraria os preceitos mais básicos da democracia representativa. E o Conselho Deliberativo é o órgão de representação de todos os sócios do Grêmio).

 Hoje são 27 os conselheiros jubilados.  Se a metade deles optar por ter direito a voto, já teremos um número suficiente para causar desequilíbrio nas votações internas do conselho. Um exemplo disso reside no fato de que nas últimas três eleições para Presidência do Conselho Deliberativo os candidatos apoiados pela gestão foram derrotados por uma diferença nunca superior a 13 votos.

Além disso, a existência de conselheiros jubilados com direito a voto fará com que o quórum para votação de novas reformas estatutárias seja aumentado. Não é demais salientar que a alteração proposta determina expressamente que “Não há limite de vagas para concessão da condição de Conselheiro Jubilado com e sem direito a voto.”

Diante disso, não é desarrazoado imaginar que uma maioria circunstancial poderá facilmente se transformar em uma maioria permanente, indissolúvel.

É de se lamentar também a forma como que esta assembleia geral está sendo conduzida. Não há clareza para o sócio sobre o que exatamente está em jogo, qual será de fato a alteração promovida no estatuto e quais as consequências dessa mudança. Não me parece que essa condução esteja de acordo com os parâmetros de transparência e governança que um clube moderno deveria obedecer. Neste aspecto, cabe salientar que, para alterações de estatuto de sociedades que operam na bolsa de valores, a CVM exige que seja fornecido aos seus acionistas “no mínimo […] cópia do estatuto social contendo, em destaque, as alterações propostas; e  relatório detalhando a origem e justificativa das alterações propostas e analisando os seus efeitos jurídicos e econômicos”. Em contraste, os sócios do Grêmio recebem pouquíssima informação sobre a matéria que será votada (não houve qualquer chamamento aos sócios nos últimos seis  “Guia da Partida“).

Nos últimos anos o Grêmio, através da luta de diversas pessoas, teve uma série de melhorias e progressos no regramento e estrutura do seu processo democrático. Infelizmente a criação dos conselheiros jubilados com direito a voto aponta para o lado oposto destas últimas alterações, significando um grave retrocesso na questão da abertura política do clube.

 

 

Artigo 63 comparação

Atualização sobre minha atuação no Conselho Deliberativo

December 4, 2019

Acho que a última vez que fiz um relato aqui no blog das minhas atividades como conselheiro do clube foi em novembro de 2016. Esse silêncio tem, em parte, uma justificativa:   A partir de 30 de março de 2015 , assumi (à convite do Presidente Milton Camargo)  a função do Secretário do Conselho, na qual permaneci (também no período gestão do Presidente Carlos Biedermann) de até 18 de outubro 2018 (quando pedi sair em razão de questões particulares). Uma das atribuições  (talvez a principal) do Secretário do Conselho é a elaboração das Atas das Sessões. E creio que eu não poderia repetir aqui no blog o mesmo texto que fiz para registro no livro de atas do Conselho.  É uma pena que mais ninguém se dispõe a falar abertamente sobre o andamento das reuniões do conselho, salvo em posts pontuais de Twitter e Facebook.

Mas nesse meio tempo muita coisa aconteceu. Quem acompanha com o mínimo de interesse a vida política do clube deve saber que acabei sendo o único conselheiro a manifestar minha posição contrária a proposta levado ao Conselho Deliberativo de “alteração estatutária para o fim de consolidar interpretação do artigo 82 do Estatuto Social, com a inserção da seguinte regra nas Disposições Transitórias:Art. 124-B. Fica assegurada a atual composição do Conselho de Administração do Grêmio (gestão 2017-2019) o direito de concorrer à reeleição, para um mandato de 3 (três anos).” Na ocasião, manifestei minhas razões ao jornalista Felipe Duarte da Zero Hora. Sigo convicto delas. Sigo acreditando que é um casuísmo. Sigo acreditando que é uma manobra que pode trazer prejuízos (ao menos em longo prazo) para o clube. Sigo acreditando a interpretação dada é descabida (até mesmo porque uma “interpretação” que acrescenta artigo ao estatuto não é mais uma mera interpretação). Sigo acreditando que a alternância do poder é um dos pilares da democracia. Nas palavras de Montesquieu “Até a virtude precisa de limites“. Mas essa é uma questão que está superada.

Contudo, uma atualização necessária na matéria da Zero Hora. Não faço mais parte do Movimento Grêmio Independente (MGI) desde agosto desse ano, quando entendi que o grupo deixou de se manifestar em diversas questões que são de extrema importância para mim.

Uma delas foi a questão da biometria na Geral. Outra foi a do direito a voto dos Conselheiros Jubilados.

Aqui cabe uma breve explicação. A categoria dos Conselheiros Jubilados foi criada em julho de 2012, com o propósito declarado de abrir espaço para novos conselheiros sem prescindir da presença/vivência de conselheiros com maior experiência. Para isso se oferecia a POSSIBILIDADE dos conselheiros maiores de 70 anos e com no mínimo de 4 mandatos se tornarem jubilados, permanecendo vitaliciamente no conselho (independente da sua frequência nas reuniões), mas sem direito a voto (abaixo o texto do estatuto que, por ora, regula essa questão):

Art. 63-A. O conselheiro do GRÊMIO, titular ou suplente, com mais de 70 (setenta) anos de idade, que esteja no exercício do mandato, e que tenha integrado o Conselho Deliberativo por período igual ou superior a quatro mandatos, de forma consecutiva ou alternada, PODERÁ adquirir a condição de Conselheiro Jubilado.

§ 1°. A condição de Conselheiro Jubilado deverá ser requerida pessoalmente pelo conselheiro interessado, sendo concedida pelo Presidente do Conselho Deliberativo, em caráter vitalício, após a verificação do cumprimento dos requisitos, em decisão fundamentada.

§ 2°. A secretaria do Conselho Deliberativo publicará anualmente, no mês de março, a relação de conselheiros aptos a requerer a condição de Conselheiro Jubilado.

[…]

§ 3°. O Conselheiro Jubilado poderá participar dos debates e expressar livremente sua opinião no âmbito do Conselho Deliberativo, não tendo, porém, direito de voto.” (grifei)

Enfatizo que o “jubilamento” é um direito, uma possibilidade. Nenhum conselheiro que preencha essa condição está obrigado a se tornar conselheiro jubilado, podendo optar por permanecer concorrendo e se elegendo como conselheiro com direito a voto.

Ocorre que, a partir 2014 alguns dos conselheiros jubilados passaram a pleitear o direito ao voto. Em 2015 a proposta de direito a voto aos jubilados foi colocada em votação no conselho, e foram registrados 112 votos a favor e 111 contra (no caso de alteração estatutárias é necessária a maioria do voto dos conselheiros e não dos presentes, por isso a proposta não passou). Em 2018 a proposta foi novamente levada ao conselho, mas dessa vez a proposta foi rejeitada uma análise prévia da Comissão de Assuntos Legais. Contudo em 2019 a proposta voltou a pauta. A Comissão de Assuntos Legais, com os mesmos componentes de 2018, deu parecer favorável a proposta. E na reunião de 19 de agosto de 2019 a proposta passou com 180 votos a favoráveis (28 contrários). O Artigo 63-A, caso aprovado pela Assembléia Geral, passará a ter a seguinte redação:

“Art. 63-A. O Conselheiro do GRÊMIO, titular ou suplente, com mais de 75 (setenta e cinco) anos de idade, que esteja no exercício do mandato ao qual foi eleito, nos moldes do art. 56, e que tenha sido eleito para o Conselho Deliberativo por período igual ou superior a quatro mandatos, de forma consecutiva ou alternada, poderá adquirir a condição de Conselheiro Jubilado.

§ 1º. A condição de conselheiro jubilado deverá ser requerida pessoalmente pelo conselheiro interessado, oportunidade na qual deverá manifestar-se pela opção do direito a voto ou não. A condição, em caráter vitalício, será concedida pelo Presidente do Conselho Deliberativo, após a verificação do cumprimento dos requisitos e inserido em pauta da próxima sessão do Conselho Deliberativo para ratificação.

§ 2º. A secretaria do Conselho Deliberativo publicará anualmente, no mês de março, a relação de conselheiros aptos a requerer a condição de Conselheiro Jubilado. 

§ 3º. O Conselheiro Jubilado poderá́ participar dos debates e expressar livremente sua opinião no âmbito do Conselho Deliberativo, podendo, ainda, integrar as comissões formadas no âmbito do Conselho Deliberativo.

[…]

§ 11. Não há limite de vagas para concessão da condição de Conselheiro Jubilado com e sem direito a voto.” (grifei)

E a obtenção dos votos necessários só foi possível em razão das movimentações  e composições que resultaram na inscrição de uma chapa majoritária (formada por 17 grupos) apoiada pelo presidente Romildo Bolzan. Para integrar o chamado “chapão”, todos os grupos assumiram o compromisso de, no mínimo, não fechar questão contra a proposta que favorece os conselheiros jubilados.

Ao meu ver, a referida proposta não tem qualquer caráter programático,  de modo que ela não deveria estar vinculada a uma negociação para uma chapa de consenso/unidade (penso, inclusive, que ela provavelmente gerará um grave desequilíbrio nas relações de poder na política do clube). A proposta de oferecer o direito a voto vitalício, sem que o conselheiro tenha seu mandato periodicamente referendado pelo sócios nas urnas, é flagrantemente antidemocrática.

E sendo essa uma alteração antidemocrática, entendo que o posicionamento contrário a ela é, por princípio, inegociável. Eu me sentiria extremamente desconfortável tendo que ficar ao lado de quem apoia, anui ou mesmo deixa de se opor a tal alteração. Isto significaria um sério rompimento com tudo o que defendi na minha atuação como conselheiro.

Atualização sobre as reuniões do Conselho Deliberativo

November 10, 2016

Ocorreram 3 reuniões desde a eleição que renovou a metade do Conselho Deliberativo no dia 24 de setembro.

A primeira foi realizada no dia 18 de outubro, para eleição e posse do Presidente e do Vice-Presidente do Conselho Deliberativo.”Carlos Biedermann, candidato representante da Chapa 2, tendo Alexandre Bugin ao seu lado, como vice-presidente, obteve 164 votos contra 154 de Gabriel Fadel, candidato da Chapa 1, com Juliano Ferrer como vice“. Votei na chapa 2, de Biedermann e Bugin, por entender que era a mais capacitada para enfatizar a função de fiscalização, transparência e governança do Conselho Deliberativo.

A segunda reunião aconteceu no dia 25 de outubro e tinha a finalidade de “aprovação prévia das chapas concorrentes à eleição do Conselho de Administração“. Duas chapas estavam inscritas.  A chapa 1 é encabeçada por Romildo Bolzan Jr. como presidente, tendo como vices  Adalberto Preis, Claudio Oderich, Duda Kroeff, Marcos Herrmann, Paulo Luz e Sergei Costa. A chapa 2 é encabeçada por Raul Mendes da Rocha como presidente, tendo como vices Adalberto Aquino Filho, Airton Ruschel, Fabio Koff Junior, Jorge Bastos, Omar Selaimen e Pierre Gonçalves. A chapa 1 fez 160 votos (56,9%), enquanto a  Chapa 2, fez 117 votos (41,6%). Foram registrados ainda dois votos nulos e dois votos em branco. Eu sigo entendendo que não deveria existir esse primeiro turno dentro do conselho. Continuo sendo contrário a forma que a cláusula de barreira funciona nas votações do Grêmio. Em função disso e por entender que é fundamental a existência de contraditório no clube eu votei na Chapa 2. Entendo que a gestão Romildo está longe de ser uma unanimidade e não conseguiu fazer o que propunha. Da mesma forma entendo que a atual gestão não teve êxito em agregar pessoas diferentes e congregar esforços para o clube, tendo inclusive perdido parte da sua base de apoio inicial, sendo demasiadamente refratária as ideias que vem “de fora” (quando não agressiva com que tenta propor ideias). Assim acredito ser fundamental que algumas discussões sejam feitas através da eleição e que o sócio tenha uma alternativa de escolha no dia da votação.

A terceira reunião aconteceu em 31 de outubro e tinha como ordem do dia “Examinar os demonstrativos contábeis e financeiros do terceiro trimestre de 2016“. E aqui entra uma questão complicada. A notícia publicada no site do clube sobre essa reunião é por demais incompleta. E não é a primeira vez que isso acontece. Nestas reuniões, os números são apresentados pelo presidente do clube e pelo CEO. Na sequência é apresentado o parecer do Conselho Fiscal  (lido por um dos seus integrantes) e um relatório da Comissão de Finanças (também apresentado por um dos seus integrantes). Não há menção a estes relatórios ou as pessoas que fizeram estas apresentações, mas estranhamente as presenças dos vice-presidentes, chefe de gabinete e dos secretários da presidência do clube são referidas. Os números apresentados na notícia são poucos, quase aleatórios, insuficientes para preencher qualquer critério de transparência. Não há esclarecimento se a receita do quadro social está acima ou abaixo do orçado para o período. Não há referência se as despesas do futebol estão acima ou abaixo do orçado. Não há referência se as luvas recebidas pela renovação com o contrato com a Rede Globo influenciam ou não no resultado do período. Vou cobrar e trabalhar para que a comunicação do Conselho Deliberativo  seja mais eficiente.

Eleição para o Conselho Deliberativo 2016

September 27, 2016

Neste último sábado, dia 24 de setembro de 2016, ocorreu a eleição para a renovação da metade das cadeiras do Conselho Deliberativo do Grêmio.

Foram “1902 votos presenciais e 4553 votos pela internet […] totalizando 6455 associados participantes“.

CHAPA 1 – O GRÊMIO QUE EU QUERO – 880 votos (13,63%)
CHAPA 2 – GRÊMIO FORTE E CAMPEÃO – 1.272 votos (19,71%)
CHAPA 3 – MAIS GRÊMIO – 1.280 votos (19,83%)
CHAPA 4 – JUNTOS SOMOS GRÊMIO – 3.012 votos (46,66%)
6 votos em brancos (00,09%)
5 votos Nulos (00,08%)

Uma vez que a Chapa 1 não ultrapassou a cláusula de barreira de 15% prevista no artigo 57, §3º do Estatuto, as cadeiras no conselho ficaram assim distribuídas:

Chapa 4 – 54,00% das vagas (81 conselheiros e 16 suplentes)
Chapa 3 – 23,33% das vagas  (35 conselheiros e 7 suplentes)
Chapa 2 – 22,67% das vagas (34 conselheiros e 7 suplentes)

Eu concorri e fui reeleito pela chapa 3. Fico muito contente com isso e sigo ciente da responsabilidade envolvida. Lamento que muitos companheiros de chapa, que certamente contribuiriam  para a renovação e qualificação do Conselho, não foram eleitos. Mas em relação ao resultado da eleição só nos caber fazer análises, e não fazer questionamentos diretos a sua legitimidade (muito embora eu permaneça convicto de que não deveria existir cláusula de barreira para o conselho)

Chamou atenção o baixo número de votantes (16,98% é o menor percentual de comparecimento desde 2010), uma vez que 38 mil sócios estavam aptos a votar. A partir disso, uma parte da torcida iniciou a fazer uma série de manifestações negativas sobre a eleição realizada no sábado. Fiquei um pouco incomodado com algumas questões colocadas nessas manifestações.

Nos dias anteriores e posteriores a votação se repetiu, sem nenhum pudor, a tese (infundada) de que as eleições atrapalham o rendimento do time. Parece haver uma confusão nos conceitos. Os eventuais excessos nas disputas políticas do Grêmio são um sintoma, e não a causa, da falta de títulos do clube. E mesmo clubes vitoriosos passam por processos eleitorais acirrados (como o Grêmio entre 1981 e 1983, ou o Barcelona entre 2009 e 2011).

Ainda mais preocupante me pareceu a tentativa feita por muitos de usar o baixo número de votantes para justificar um ar blasé ou de desdém com as eleições no clube. Apesar dos pesares, a eleição para o Conselho do Grêmio teve o dobro de votantes do que as últimas eleições para PRESIDENTE do Flamengo e do Corinthians. A realização da votação custa muito dinheiro para o clube, que se obriga a contratar uma série de serviços e  mobiliza mais de uma centena dos seus funcionários para trabalhar no dia do pleito. A isto tudo se somam ainda diversas pessoas que contribuem de forma voluntária para o processo ( e aqui me incluo como Secretário do Conselho).

Sei que a abstenção é uma forma válida de participação no processo democrático. Mas ao contrário do que andam apregoando, não é uma forma revolucionária de participação. Nada no clube vai ser alterado ou aprimorado por meio de abstenção.

Entendo que as pessoas tenham restrições e queixas à forma que é feita a eleição. Mas estas queixas só podem ser atendidas através do diálogo e da participação. Nunca é demais lembrar até 2004 não havia eleição direta para presidente do Grêmio. Até 2007 a eleição para o conselho não era proporcional. A cláusula de barreira, depois de uma tentativa frustrada em 2009, foi reduzida de 30% para 20% em 2011. E foi mais uma vez reduzida, de 20% para 15%, em 2015. Em 2012 foi instituído o voto por correspondência e em 2014 foi implementado o voto pela internet. Nesse ano, sem que haja nenhum proibição nesse sentido, deixamos de ver a repetição das mesmas pessoas em mais de uma chapa. Ou seja, ocorreram significativos avanços e aprimoramentos no processo democrático, ainda que não  tenham acontecido na velocidade que muitos esperavam.

Igualmente compreendo que nem todos consigam captar plenamente quem são os agentes que participam das eleições e quais suas efetivas bandeiras, visto que muito dos materiais de campanha parecem ser feitos de maneira propositalmente genérica ou contraditória. Mas a resposta para tal fato é exigir uma melhor comunicação dos conselheiros, dos movimentos políticos e do próprio clube com o associado (Eu sempre pautei minha atuação no conselho por exigir mais transparência e melhor comunicação, e esta foi uma das propostas defendidas pela chapa que eu integrei). A tentativa de colocar todos os integrantes e todos os concorrentes numa vala comum de desprezo é, no mínimo, injusta.

É preciso entender que o Grêmio não tem dono e ninguém tem o direito divino de comandar o tricolor. A administração do clube é feita pelos próprios sócios, escolhidos pelos seus pares para representar a totalidade do quadro social nos órgãos da entidade (seja no Conselho de Administração, seja no Conselho Deliberativo). Diante disso, o processo democrático no Grêmio deve ser sempre alvo de zelo pelos gremistas e não de menosprezo.