Hoje será realizada a eleição para renovação de 50% do Conselho Deliberativo do Grêmio.
Como já havia adiantado na entrevista que dei para o Darci Filho, não irei concorrer à um terceiro mandato como conselheiro (pretendo falar mais sobre isso nos próximos dias).
8 chapas estão concorrendo. Me parece uma demasia. Obviamente seria antidemocrático querer impor um número máximo de candidaturas. Contudo, não vejo tantas correntes e formas de pensar o clube que justifiquem esse número elevado de chapas e movimentos políticos. Acho que é razoável concluir que essa diluição/pulverização de forças favorece muito o status quo.
Sobre a eleição de hoje, acho válido acrescentar um ponto sobre quem pode votar amanhã. Em maio, o clube anunciou um plano onde “ todos os sócios que estejam com mensalidades em aberto junto ao Quadro Social (QS) poderão regularizar as suas associações mediante pagamento de uma taxa de regularização no valor de uma mensalidade, mais a mensalidade do mês corrente, independente do valor, além de garantir a manutenção da matrícula original e tempo de associação“.
Confesso que achei surpreendente a decisão da diretoria, uma vez que na reunião do conselho de 6 de abril de 2022, CEO Carlos Amodeo, ao ser questionado sobre o tratamento dispensado aos sócios que buscavam regularizar sua situação com o clube informou que “Atualmente, o sócio pode retornar antes dos doze meses, desde que o faça com uma nova matrícula. Se o associado quiser manter sua matrícula e o histórico associativo, terá que pagar todos os meses anteriores“.
Foi convocada uma reunião do conselho deliberativo, realizada no dia 8 de agosto, para “Interpretar e deliberar sobre o direito dos Associados que aderiram ao Plano de Regularização das mensalidades, de votar e de ser votado.”
Na reunião, o Presidente Romildo fez uma breve introdução sobre o tema, dizendo que o plano de regularização foi: “ato importante, concluído em 30 de junho deste ano, tendo sido prorrogado por duas vezes, dando nova chance àqueles que quisessem novamente se engajar no processo associativo.“. Na sequência o CEO Carlos Amodeo divulgou alguns números sobre o plano, afirmando que o clube arrecadou pouco mais de um milhão de reais com a regularização de 2.513 sócios (sendo que destes 2.513, 172 não podem votar porque tem menos de 2 anos de associação, 850 não podem ser votados pois possuem menos de 5 anos de associação e 32 são menores de 16 anos.
Foi lido o parecer da Comissão de Assuntos Legais sobre esse tema. Para mim ele foi definitivo, especialmente quando deixou claro que em nenhum momento foi feita qualquer restrição ou ressalva em relação à regularização nas regras e no material que o Grêmio usou para divulgação do plano. A palavra foi colocada à disposição dos conselheiros, eu me manifestei nos seguintes termos:
” […] O Conselheiro André Kruse sustentou que a conclusão do parecer da Comissão de Estatutos Legais e Estatutários está correta. O que o Grêmio propôs ao seu sócio foi muito claro: a regularização mediante o pagamento de uma mensalidade em atraso e mais a mensalidade vigente. Que não se pode chegar agora para o sócio, que de boa–fé aceitou a proposta, e dizer que não se trata bem de uma regularização, mas apenas de uma regularização que permite comparecer aos jogos, não para votar e ser votado. Que o Grêmio não pode agora frustrar o que havia prometido aos seus sócios. Afirmou que o problema não reside na votação de hoje, mas no fato de que, antes do seu lançamento, o plano deveria ter passado pelo Conselho Deliberativo, justamente para que fossem debatidas essas consequências que estão sendo analisadas agora e também porque, todas as vezes que se falou em recuperação de associados, foi referido que não se poderia desprestigiar os sócios que estão em dia. [….]”
Além disso, eu acrescentaria que todos os esforços feitos na política do Grêmio nos últimos 20 anos foram no sentido de aumentar e facilitar a participação dos sócios.
Os conselheiros Douglas Fischer, Marco Antônio Souza e Bruno Carvalho fizerem manifestações contrárias ao direito à voto. O primeiro se identificou como apoiador da gestão do Presidente Romildo e está concorrendo na chapa 2. Os dois últimos são integrantes do Grêmio do Prata. Faço esta referência porque me chamou a atenção que nenhum dos integrantes do Conselho de Administração, diretores e assessores presentes na reunião se manifestou sobre um tema que é consequência de um ato da gestão que eles integram.
Conforme consta no site do clube, “ficou decidido, por 122 votos a 94 que os associados que aderiram ao novo Plano de Regularização não estão aptos a votar e serem votados.”
O conselheiro Alceu “Brasinha” ingressou com uma ação para questionar esta decisão, tendo obtido uma liminar, que posteriormente foi cassada em função de agravo protocolado pelo clube.