
Foto: Juan Carlos Gomes (Zero Hora)
Esse clássico, válido pelo Gauchão de 1983, talvez tenha sido o principal teste da equipe antes do jogo em Tóquio com o Hamburgo.
Depois da partida, o Presidente Fábio Koff disse que o juiz Airton Bernardoni era “duplamente safado”. O Grêmio reclamava de dois pênaltis não marcados. No segundo deles, curiosamente a Folha da Tarde afirma que “Ademir tirou a bola de Caio dentro da área”, sendo que para a Zero Hora o próprio Ademir afirmou que não bateu na bola.

Foto: Juan Carlos Gomes (Zero Hora)
“INTER RESISTE AO GRÊMIO E FICA PRÓXIMO DO TRI
Empate serviu para manter a diferença de quatro pontosO Internacional manteve a vantagem de quatro pontos sobre o Grêmio com o empate de ontem em 0x0 no Gre-Nal de encerramento do primeiro turno do Octogonal decisivo do Gauchão/83. Para isso, no entanto, foi preciso que o time mostrasse em campo uma imensa capacidade de superação: primeiro para superar o melhor futebol do Grêmio, que dominou a partida, e depois, para evitar que seus problemas criados a partir de uma confusa marcação, principalmente no primeiro tempo, acabassem nos merecidos gols do Grêmio.
O Grêmio começou a partida tocando, a bola com calma e precisão, procurando os espaços para realizar suas jogadas ofensivas. Com Paulo César exibindo sua categoria, o time foi perigoso desde o Início, só parando nas freqüentes faltas cometidas pelo Internacional. Numa delas, inclusive, logo aos sete minutos, Tarciso sofreu pênalti de André Luis, mas o árbitro Aírton Bernardoni não marcou: o ponteiro-direito deslocou-se para a meia-esquerda onde recebeu o passe longo e entrou na área. André o derrubou para evitar o gol e a bola saiu pela linha de fundo.
Além desse lance perigoso, o Grêmio ainda criou outras oportunidades como a que surgiu aos 27 minutos de um lançamento perfeito de Luis Carlos — o melhor em campo — para Osvaldo, que chegou à linha de fundo e cruzou rápido. César bateu fraco de pé esquerdo, Benitez largou e Mauro Galvão atrasou para o goleiro. Os problemas do Inter cresciam na razão direta da movimentação de Mário Sérgio que recebia livre de marcação ou pelo menos carregava seu marcador — o lateral-direito Luis Carlos — para outros setores do campo, abrindo espaços naquele setor.
Domínio
Dois minutos depois, o Inter teve a sua única chance de marcar num cruzamento de Sílvio da esquerda que Geraldão ajeitou de cabeça para o chute fortíssimo de Marquinhos, de pé esquerdo. A bola entraria no ângulo direito se Mazaropi, num salto rápido, não a tocasse a escanteio. Só que o Inter raramente aparecia na área do Grêmio com perigo e aos 35 minutos Paulo César Lima teve a grande chance do Gre-Nal: recebeu de Luis Carlos, entrou na área depois de passar entre Ademir e Borracha e desviou de Benitez. A bola rasteira bateu na trave esquerda e acabou dominada pela defesa. O Grêmio continuava dominando mas não conseguia marcar o gol que merecia.
Equilíbrio
No segundo tempo, o Internacional pelo menos acertou seu esquema de marcação, dificultando um pouco mais a atividade do Grêmio e até teve um bom lance com Sílvio cruzando da direita para a cabeçada desviada de Geraldão pela linha de fundo. O lance, no entanto, não alterou o domínio do Grêmio que tinha facilidade para recuperar a bola na sua própria defesa mas enfrentava situação inversa no ataque. Especialmente porque Paulo César começou a sentir o cansaço natural de quem ficou quatro meses sem jogar e Mário Sérgio já sofria marcação mais rigorosa. Além disso, como o Inter continuava cometendo faltas, o Grêmio chegava à área com mais rapidez em bolas levantadas naquela direção e, numa delas, aos 21 minutos, quase marcou: Casemiro levantou da direita e Osvaldo saltou sozinho na área pequena mas cabeceou desviado. Com as substituições realizadas nas duas equipes, o Jogo ficou equilibrado e tornou-se mais duro na medida em que as disputas pela bola e os choques é que passaram a decidir tudo. De qualquer maneira, se resultado não foi justo para o melhor time em campo, a compensação para os torcedores surgiu da qualidade técnica da partida, no nível do último clássico (1×1) dia 4 de outubro.” (Zero Hora, quinta-feira, 03 de novembro de 1983)

Foto: Loir Gonçalves (Folha da Tarde)
“GRÊMIO MEXEU COM A TORCIDA, MAS NÃO ALTEROU DESVANTAGEM
O Inter resistiu à pressão e se aproximou bem mais do triA torcida Garra Tricolor dedicou uma faixa à Fico (Força Independente Colorada), as vice-presidências de administrações reuniram-se e chegaram a um acordo sobre o espaço reservado às torcidas. A do Inter ocupou que tinha direito. O Gre-Nal começou em ambiente tranquilo e assim foi disputado. Mas a torcida esperava mais.
Esperava os gols que o Grêmio ameaçou fazer mas não competência para isso. A direção culpou a arbitragem e a falta de sorte. Como teve Paulo César, aos 35 minutos quando pegou um rebote, desviou de Benitez e a bola bateu no poste. E como teve Osvaldo, aos 21, cabeceando nas mãos de Benitez.
O jogo, no entanto, não se resumiu aos ataques do Grêmio, que foi o melhor time durante todo o jogo. Tinha quatro no meio do campo, onde Luís Carlos dedicou-se a marcar Ruben Paz, Osvaldo foi o mais avançado, e Mário Sérgio e Paulo César articulavam jogadas para o ataque. Mas aí residiu o problema do Grêmio: seu ataque foi fraco e pouco soube aproveitar os lances criados no meio de campo.
César tinha a função de sair da área para criar espaços na defesa do Inter, onde deveriam entrar Osvaldo e Tarciso, mas poucas vezes fizeram isto. Resultado: as chances de gol foram raras.
O Inter enfrentou o jogo de maneira diferente. O empate lhe garantia a liderança de quatro pontos à frente do Grêmio e a isso se propos. Sem armar uma retranca. Borracha e Ademir marcavam no meio de campo. Ruben Paz devia criar no setor, recebendo auxílio de Sílvio e Marquinhos. O problema do Inter é que, bem marcado, Ruben Paz pouco criou. Por isso, o time só teve uma chance de gol no primeiro tempo.
O segundo tempo melhorou para o Inter. Criou três oportunidades de gol, duas em consequência das jogadas de Sílvio, pois Ruben Paz continuou sem condições de produzir. Mas melhorou também porque o Grêmio piorou. Paulo César sentiu as consequências de ficar tanto tempo sem jogar e cansou e com isso a produção do Ume também diminuiu. Róbson entrou mas não conseguiu recuperar o ritmo da equipe.
Foi nesta fase já que Ademir tirou a bola de Caio dentro da área. O atacante caiu mas não foi falta. Então, o Grêmio já tinha um motivo para reclamar da arbitragem.” (Folha da Tarde, quinta-feira, 03 de novembro de 1983)

Foto: José Doval (Folha da Tarde)

Foto: José Doval (Folha da Tarde)
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Foto: Luiz Avila (Zero Hora)
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Foto: Luiz Avila (Zero Hora)
Público: 45.517 pagantes
Renda: Cr$ 45.709.800,00
Arbitragem: Airton Bernardoni
Auxiliares: Wilson Bagatini e Manoel Catarino