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Libertadores 1996 – Grêmio 1×0 America de Cali

October 21, 2020

Foto: Ronaldo Bernardi (Zero Hora)

O último confronto entre América de Cali e Grêmio em Porto Alegre ocorreu em 4 de junho de 1996, na partida de ida da semifinal da Libertadores daquela temporada. O tricolor ganhou por 1×0 graças ao gol de falta de Goiano.

Na minha memória o resultado e atuação do Grêmio foram percebidos no estádio como frustrantes. O grande destaque da noite foi o goleiro Óscar Córdoba, que neutralizou a bola aérea gremista com suas saídas arrojadas.

Infelizmente não há como lembrar desse jogo sem contextualizar o absurdo que foi o calendário tricolor em 1996.  O jogo daquela terça-feira era o do número 40 do clube na temporada. Três dias depois o Grêmio receberia o Palmeiras pela partida de volta da semifinal da Copa do Brasil.

Em entrevista publicada no dia do jogo contra o América, Felipão disse que seria “quase impossível” o Grêmio vencer as três competições que estava disputando (Libertadores, Copa do Brasil e Gauchão) e afirmou que a Libertadores era prioridade.

O público da terça foi de 28.566 (22.045 pagantes), contra 48.266 (36,808 pagantes) na sexta, o que gerou uma interpretação, repetida com certa frequência no folclore do futebol gaúcho, de que a torcida gremista preferiu a Copa do Brasil em detrimento a Libertadores. Vale lembrar que os ingressos da semifinal da Copa do Brasil foram mais baratos do que os ingressos da semifinal da Libertadores.

Foto: Mauro Vieira (Zero Hora)

 

A UM EMPATE DA FINAL

Sem jogar bem, o Grêmio venceu o América por 1 a 0 e vai a Cali em vantagem

 

Nenhum time do Interior do Rio Grande do Sul, no Gauchão, jogou tão retrancado como o América de Cali, ontem à noite, no Estádio Olímpico pela Libertadores da América. Foi esta principal causa das dificuldades que o Grêmio encontrou para vencer a partida por 1 a 0. Um placar minguado, mas que que dá ao Grêmio a vantagem do empate no segundo jogo da semifinal da competição, na próxima quarta-feira, na Colômbia.

 O América abdicou do jogo, sobretudo no primeiro tempo. Até os oito minutos, o time colombiano sequer havia passado do meio do campo. Seu primeiro ataque, e ainda assim inócuo, aconteceu aos 11 minutos. O Grêmio passou todo o primeiro tempo atacando, cercando a área adversária e levantando bolas diante do excelente goleiro Córdoba. Houve muita insistência, mas pouca inspiração dos atacantes. Paulo Nunes foi quem mais conseguiu levar vantagem sobre os zagueiros, deslocando-se pela direita e pela esquerda. O centroavante Jardel, no entanto, errou todos os passes que tentou e nunca venceu a marcação pelo alto. No meio-de-campo, Émerson não repetiu a boa atuação que teve contra o Palmeiras e Aílton, embora tenha melhorado em relação aos jogos anteriores, também apresentou pouca força.

O gol só poderia sair de uma cobrança de falta. E só poderia ser feito pelo melhor jogador em campo, o meia Goiano que, aos 30 minutos, chutou por cima da barreira, no canto esquerdo, enganando o goleiro e abrindo o placar. Mesmo com o 1 a 0, o América não saiu para o jogo. O Grêmio prosseguiu marcando sob pressão e a equipe colombiana se restringiu ao seu campo de defesa.

No segundo tempo, o técnico Diego Umanã tirou o atacante Zambrano do time e colocou o pequeno, mas veloz, De Ávila. A modificação deu um pouco mais de agressividade ao América, mas então o Grêmio caiu dramaticamente de produção. Os jogadores brasileiros passaram a errar passes, a sair com lentidão da defesa e a irritar os torcedores. As melhores chances ocorreram através de cobranças de falta da entrada da área. Goiano e o lateral Arce, contudo, não obtiveram sucesso. Jardel sempre errou ao tentar o toque de bola fora da área. Em alguns momentos, parou o ataque do Grêmio, tal foi a sua lentidão. Dentro da área, o zagueiro Asprilla não lhe deu a menor oportunidade de cabecear. Ao tentar as jogadas pelos flancos, com os laterais Arce e Roger, o ataque do Grêmio parou no goleiro Córdoba, que saiu sempre muito bem do gol. O técnico Luiz Felipe ficou todo o segundo tempo pedindo que os jogadores cruzassem mais aberto, na segunda trave, mas todos os lances foram curtos, facilitando a defesa. No último minuto, Émerson perdeu uma ótima oportunidade chutando sobre o goleiro. O resultado foi inquietante, mas não ruim.” (David Coimbra, Zero Hora, 5 de junho de 1996)

 

 

GRÊMIO SOFRE MAIS SUPERA A RETRANCA DO AMÉRICA DE CALI

Porto Alegre — Preso na marcação dos colombianos, o Grêmio precisou de um gol de bola parada para vencer o América de Cáli, por 1 a O, na abertura das semifinais da Taça Libertadores. Com a vantagem obtida ontem à noite, no estádio Olímpico, o time gaúcho precisa de um empate na próxima quarta-feira para chegar às finais.

Romper a barreira imposta pelos colombianos, no entanto, não foi nada fácil para o tricolor. Sem Carlos Miguel, gripado, a equipe gaúcha não teve em Emerson alguém capaz de dar velocidade à saída de bola e fazer a ligação com o ataque. Desde os primeiros movimentos, o Grêmio tratou de pressionar. Logo a 2min, Arce cobrou falta sofrida por Paulo Nunes, assustando o goleiro Córdoba. Numa cobrança perfeita de Luís Carlos Goiano, aos 30min, o Grêmio abriu o placar. A partir daí, o América saiu um pouco mais para o jogo, contudo, sem se descuidar da marcação. Aos 40min, Jardel cabeceou na trave, em rara oportunidade que venceu a marcação. Na seqüência, Paulo Nunes exigiu grande defesa de Córdoba.

No 2° tempo, com a entrada de De Ávila, o América passou a sair mais para o ataque, dando espaços para o Grêmio. Mesmo assim, a equipe de Luiz Felipe não teve tranqüilidade para marcar seu segundo gol. As melhores chances, novamente, foram através de cobranças de falta com Arce e Goiano. Na melhor delas, aos 34min, a bola passou rente ao poste. No final, Emerson ainda perdeu boa oportunidade de ampliar.” (Pioneiro, quarta-feira, 5 de junho de 1996)

 

“Público vira uma decepção 
A temperatura em torno dos 15ºC na noite de ontem e o televisionamento do jogo para Porto Alegre desestimularam os gremistas. Além disso, as dúvidas sobre a qualidade do América, de Cali, contribuíram para o torcedor se resguardar para assistir ao Palmeiras, na próxima sexta-feira. O público de 29 mil pessoas ficou aquém do esperado pela diretoria — as previsões eram de que todos os 55 mil ingressos fossem vendidos. Na entrada do Grêmio em campo, os jogadores foram festejados por 12 mil fogos, que ensurdeceram a torcida por mais de três minutos. Mas os fiéis gremistas presentes no estádio não se intimidaram com o frio e empurraram o time até o final, quando trocaram as palavras de apoio por vaias. Entre reclamações pela falta de força ofensiva do time e críticas direcionadas a alguns jogadores, imperou a confiança na presença em mais uma final da Libertadores.” (Leonardo Oliveira, Zero Hora, 5 de junho de 1996)

LUIZ FELIPE FICA MAGOADO
O técnico não gostou da reação da torcida e já pensa em deixar o Grêmio

Irritado com os torcedores que criticaram a vitória por apenas 1 a O sobre o América, de Cali, o técnico Luiz Felipe revelou ontem à noite que está pensando em sair do Grêmio. “A gente começa a se incomodar”, reclamou o treinador. “E quando a gente começa a se incomodar tem que pensar em mudar de ares”.

Em seus três anos de clube, o técnico ainda não havia se mostrado tão revoltado como ontem. “O que eles estão pensando?”, perguntou, referindo-se aos torcedores insatisfeitos com o placar. “Isso aqui é a Libertadores. Eles acham que vamos ganhar de 10 a O do América de Cali? Isso é idéia que só jerico possui”.

Luiz Felipe lembrou que o América já disputou 11 Copas Libertadores e que o Grêmio não passa de um time esforçado. “Um time bom, sim”, acrescentou. “Mas que não tem aquela qualidade que o torcedor pensa que tem. Temos jogadores que trabalham arduamente e que merecem o agradecimento da torcida e não isso que aconteceu hoje”. O técnico citou uni torcedor em especial que, aos 15 minutos do segundo tempo, teria dito que o meia Carlos Miguel não estava jogando nada – Carlos Miguel está lesionado e nem entrou em campo.

Luiz Felipe também fez questão de ressaltar o desgaste do time. “Os jogadores estão estourados fisicamente”, sublinhou. E revelou que o lateral-esquerdo Roger jogou todo o segundo tempo sentindo uma distensão na coxa direita e que o quarto-zagueiro Adilson sofreu uma lesão no joelho direito. Ambos podem ficar de fora da partida contra o Palmeiras, na próxima sexta-feira. E não só Adilson e Roger. Luiz Felipe contou que está cogitando de escalar o “Banguzinho” apelido do time reserva para o jogo de sexta-feira. “Estou tão chateado que vou para casa sem nem pensar nesta partida contra o Palmeiras”, confessou o treinador. “Amanhã é que vou ver o que vou fazer”.

Apesar de estar agastado, o técnico confia na classificação na segunda partida da semifinal da Libertadores, quarta-feira que vem, na Colômbia. “Lá eles vão ter que sair um pouco mais para o jogo, não vão ficar os 11 na defesa, e aí nós vamos pegá-los no contra-ataque”, observou. “Por isso que digo que este resultado foi bom. Na Libertadores a gente tem é que vencer“. (Zero Hora, 5 de junho de 1996)

Foto: Edison Vara (Placar)

 

COLOMBIANO VOLTA SATISFEITO
O técnico do América, Diego Umaña, considerou satisfatório o resultado. “Temos maior possibilidade de revertê-lo na Colômbia”, afirmou. O fato de ter que sair para o jogo para buscar a vitória não assusta. Para a próxima partida, o América contará com os retornos do volante argentino Berti e do meia Hernandez, considerado o jogador mais habilidoso do time. O técnico espera que o atacante De Ávila esteja recuperado da lesão.” (Leonardo Oliveira, Zero Hora, 5 de junho de 1996)

 

 

 

ESTRECHO TRIUNFO DE GREMIO SOBRE AMÉRICA DE CALI

Un solitario gol de tiro libre de Luis Carlos Goiano, a los 31 minutos del primer tiempo, le dio la victoria a Gremio sobre el América de Cali, en partido de ida válido por las semifinales de la Copa Libertadores disputado anoche en Porto Alegre

El conjunto colombiano mostró un planteamiento bastante defensivo a lo largo de los 90 minutos, aunque en el complemento tuvo más el balón en su poder y le quitó agresividad a los brasileños que se vieron impedidos para aumentar la diferencia.” (EL TIEMPO 05 de junio 1996)

“AMÉRICA, UNA DERROTA QUE DEJA ESPERANZAS
El primer enfrentamiento entre Gremio y América, por las semifinales de la Copa Libertadores, terminó como se preveía: con victoria del equipo brasileño

Lo que no estaba en los planes de muchos era que el encuentro apenas terminara 1-0, ventaja pírrica si se tiene en cuenta que en la revancha, a jugarse la semana entrante, el onceno colombiano tendrá a su favor el jugar de local.

Y la verdad fue el equipo de Diego Edison Umaña después de un opaco primer tiempo, en la complementaria despertó un poco y le quito ritmo y empuje a su enemigo.

Ya en el trámite del choque, desde el pitazo inicial del juez paraguayo Oscar Velásquez se notó como se desarrollaría la historia.
Gremio, como local, dispuesto a atacar con todo y América, como visitante, dispuesto a defenderse con todo. Y así fue.

Los brasileños coparon todos los espacios, no dejaron pensar a su rival y poco a poco hacían méritos para irse en ventaja.

Los dirigidos por Umaña no querían saber nada del arco contrario. Henry Zambrano, su único delantero, nunca tuvo el espacio ni oportunidad ni nada para inquietar.

En ese orden de ideas, lo único que había que esperar era el minuto en que Gremio se iría adelante en el marcador. Y, claro, ese minuto llegó.

Eran los 31 cuando se produjo una falta en el medio campo americano y al cobro llegó Luis Carlos Goiano, quien de fuerte disparo llevó la alegría a las colmadas tribunas del estadio.

Esa fórmula, la del tiro libre, fue la preferida de los locales para llegar hasta el arco de Oscar Córdoba. Antes lo habían intentado dos veces con el paraguayo Francisco Arce (le hizo gol a Uruguay el domingo pasado, por las eliminatorias).

Otro camino ofensivo utilizado por los brasileños fue el de abrir las puntas, tirar centros y buscar el cabezazo de Jardel, táctica que casi les da resultado a los 40 minutos, pero el balón rebotó en el travesaño.

De América, muy pocas cosas para decir en el primer tiempo. Se defendió muy bien, pero no atacó.

En la complementaria, el técnico Umaña dejó en el camerino a Zambrano e ingresó al Pitufo De Avila.

Igualmente, los americanos salieron un poco más de su terreno y empezaron a tocar el balón en el medio aunque casi nunca inquietaron al arquero de Gremio.

Pese a todo, con ese toque, le quitaron velocidad a su rival, que veía como pasaban los minutos y la ventaja seguía siendo mínima teniendo en cuenta el cotejo de revancha en el Pascual Guerrero de Cali.

Las pocas oportunidades de gol creadas por el Gremio fue por intermedio de los tiros libres así consiguieron el gol en la inicial, pero en el complemento la táctica no les funcionó.” (EL TIEMPO 05 de junio 1996)

 

“TRANQUILIDAD AMERICANA PESE A LA DERROTA 1-0
Tras terminar el encuentro de ida de la Copa Libertadores jugado contra el Gremio, partido que se perdió por la mínima diferencia, el camerino de América estuvo tranquilo porque sus jugadores son conscientes que dentro de ocho días, cuando se juegue la revancha en Cali, existirán muchas posibilidades de acceder a la final de la Copa Libertadores.

Diego Edison Umaña, el técnico de América, se mostró bastante tranquilo por el resultado y dijo que con el 1-0 en contra tenemos muchas posibilidades de ganar en nuestro patio .

Hablando de lo visto a lo largo de los noventa minutos, el estratega colombiano dijo que vio mucho mejor a su equipo en el segundo tiempo. Nosotros tuvimos la pelota y le cerramos las posibilidades a ellos de llegar a la portería de Oscar (Córdoba), quien entre otras cosas tuvo una excelente noche .

Umaña dijo además que los brasileños se repitieron en los centros, lo que facilitó mucho el trabajo de la defensa americana.

Por otra parte, el estratega dijo que el 1-0 no es mucha ventaja para ellos, pero no podemos olvidar que este equipo tiene muchos pergaminos, entre ellos el de ser los actuales campeones de la Copa .

Finalmente, Umaña anotó que todavía faltan 90 minutos por jugar y que con seguridad en Cali la historia se escribirá distinto .

El volante Alex Escobar, que tuvo un buen manejo del balón especialmente en los últimos 45 minutos, dijo luego de terminado el encuentro que mostramos jerarquía y presencia. Creo que en el complemento tuvimos un poco más de manejo .

Sobre el encuentro a jugarse en Cali, El volante del barrio Obrero dijo que en nuestra cancha del Pascual haremos mejor las cosas y creo que sacaremos el resultado que nos permita enfrentar la final de la Copa .

Finalmente, el defensa James Cardona dijo sobre el encuentro que se saca un resultado que es remontable en la ciudad de Cali. La hinchada de aquí es buena. Estoy con optimismo y pienso que vamos a llegar a la final. ” (EL TIEMPO 05 de junio 1996)

 

 

Foto: Ronaldo Bernardi (Zero Hora)

 

OS DESEMPENHOS (Zero Hora, 5 de junho de 1996)
GRÊMIO AMÉRICA
Chutes a gol 12 2
Conclusões de cabeça 2 0
Escanteios cedidos 4 8
Faltas cometidas 10 14
Impedimentos 1 3

 

 

Grêmio 1×0 América de Cali

 

GRÊMIO: Danrlei; Arce, Rivarola, Adilson e Roger; Dinho (João Antônio), Luis Carlos Goiano, Aílton e Emerson; Paulo Nunes e Jardel
Técnico: Luiz Felipe Scolari

AMÉRICA: Oscar Córdoba; Cardona, Bermudez, Asprilla e Maziri; Digñas, Cabrera, Ortegon e Escobar (Gonzalez); Oviedo e Zambrano (De Avila)
Técnico: Diego Umana

Libertadores 1996 – Semifinal – Jogo de ida
Data: 4 de junho de 1996, terça-feira, 21h35min
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre
Público: 28.566 (22.045 pagantes)
Renda: R$ 225.740,00
Árbitro: Oscar Velazquez (Paraguai)
Auxiliares: Bonifacio Nuñez e Juan Ortiz
Cartões Amarelos: Adilson, Maziri, Córdoba e Digñas
Gol: Goiano, aos 30 minutos do 1° tempo


Libertadores 1996 – América de Cali 3×1 Grêmio

March 3, 2020

O último confronto entre Grêmio e América de Cali pela Libertadores aconteceu na Colômbia, pelo jogo de volta pela semifinal de 1996.

Os donos da casa venceram, de virada, por 3×1. Jorge Bermudez foi o grande destaque da noite na qual o Grêmio deu claros sinais de estar sentindo a maratona de jogos (era a partida de número 43 das 87 que fez naquela temporada, a quinta disputada nos primeiros doze dias do mês de junho).

A jogada ensaiada do gol do Grêmio foi muito parecida com a feita pela seleção da Suécia no jogo contra a Romênia na Copa de 1994.

Foto: Mauro Vieira (Zero Hora)

 

GRÊMIO PERDE E ESTÁ ELIMINADO
O América foi superior ao time gaúcho e vai decidir o título contra o River Plate

Só resta o Gauchão. Ao perder por 3 a 1 para o América, ontem à noite, em Cali, o Grêmio foi desclassificado da Copa Libertadores da América de 1996. Agora, o time colombiano vai decidir o título com o River Plate, da Argentina, enquanto o Grêmio apenas espera para saber contra qual equipe do Interior disputará o campeonato estadual.

Ao que parece, o técnico Luiz Felipe tinha toda a razão, quando não queria exigir demais da equipe na partida contra o Palmeiras, na sexta-feira passada. O time não apresentou nem uma centelha de toda a vibração daquele jogo. Foi um Grêmio tímido, submisso e claudicante, o que perdeu para o América, no lotado Estádio Pascual Guerrero.

O Grêmio foi mal desde o começo do primeiro tempo. Os zagueiros Luciano e Rivarola e o volante Adilson estavam afoitos. Tentando tirar a bola “de primeira” do campo de defesa, através de chutões, a afastaram seguidamente com defeito, muitas vezes até armando o ataque adversário. Mas o principal problema defensivo do time gaúcho esteve na lateral-direita. Arce foi envolvido constantemente por Oviedo, que se deslocou sempre com muito perigo pelo seu setor.

Se na defesa o Grêmio foi inseguro, ao meio-de-campo faltou inspiração. Aílton voltou a atuar com discrição e Carlos Miguel, no dia do seu 24° aniversário, se ausentou da partida. O melhor do Grêmio, na primeira etapa, aconteceu através de Paulo Nunes, habilidoso, veloz e objetivo. Foi Paulo Nunes quem cruzou para Jardel marcar o primeiro gol, aos 14 minutos, depois de uma jogada ensaiada em uma falta cobrada por Arce do lado direito do ataque. A torcida do América silenciou nas arquibancadas, mas o time não se intimidou. Continuou dominando, tocando a bola e atacando com perigo. Aos 39 minutos, Arce foi mais uma vez vencido por Oviedo, que cruzou para Bermudez empatar o jogo.

O técnico Luiz Felipe consertou o Grêmio no intervalo. O time voltou a campo melhor, no segundo tempo, passou controlar o jogo e a perder gols. Mas o treinador havia sido expulso pelo confuso árbitro Alberto Tejada e não pôde mais orientar o time do banco de reservas. Os jogadores deram a impressão de ter sentido a falta do técnico. Principalmente depois que o América marcou o seu segundo gol, numa seqüência de falhas da defesa gremista. Numa bola cruzada da direita, Goiano atrasou com o peito, Rivarola furou e Escobar fez 2 a 1. O Grêmio não soube reagir e se entregou ao desconcertante toque de bola do adversário. América se impôs, pressionou um Grêmio apático através da habilidade de seus atacantes e começou a desperdiçar oportunidades. Aos 38 minutos, Bermudez marcou o terceiro gol do América. Em sete minutos, era impossível para o Grêmio vencer seu abatimento e buscar um resultado melhor.” (Pedro Haase Filho, Enviado Especial, Zero Hora, 13 de junho de 1996)

OS DESEMPENHOS (Zero Hora, 13 de junho de 1996)
AMÉRICA GRÊMIO
Chutes a gol 12 11
Conclusões de cabeça 1 1
Escanteios cedidos 7 5
Faltas cometidas 20 16
Impedimentos 4 4

GRÊMIO ESTÁ ELIMINADO

O Grêmio está eliminado da Taça Libertadores. Foi derrotado por 3 a 1, ontem, em Cail, pelo América, que decidirá o torneio contra o River Plate. O clube argentino garantiu vaga ao bater o Universidad do Chile por 1 a 0, gol de Matías Almeyda, obtido aos 34min do primeiro tempo. Em Cali, 45 mil torcedores lotaram o estádio Pascoal Guerrero. A partida até começou calma, mas logo aos 6min, Jardel acabou sendo removido de campo com o ombro direito deslocado após choque com zagueiro colombiano.

Só voltaria aos 10min, mesmo assim, com dificuldade. Surpreenderia, quatro minutos mais tarde, marcando o gol gremista, após jogada ensaiada iniciada em cobrança de falta. Com a vantagem, a equipe gaúcha tentou esfriar a partida, se posicionando no campo defensivo e apostando nos contra-ataques. Nessa dinâmica, o América chegou a ameaçar aos 26min, com Escobar, e aos 32min, com Zambrano. Paulo Nunes deu o troco aos 37min, ao receber na área, girar e bater. Córdoba defendeu.

Aos 40min, o América chegou ao empate. Zambrado e Oviedo fizeram jogada rápida, deixando Bermudez em condições de marcar na pequena área. Antes mesmo do gol, o clima do jogo já havia esquentado. Dentro do campo, faltas violentas. Fora, tumulto entre gandulas, juízes de linha e dirigentes do Grêmio – o banco do time brasileiro era alvo de objetos atirados pela torcida, apesar da proteção da polícia local. Enquanto isso, o juiz peruano Alberto Tejada, distribuía cartões amarelos e perdia o controle sobre a partida. Sua sorte é que logo veio o intervalo.

O segundo tempo começou com pressão gremista. Aos 4min, João Antônio teve que entrar no lugar de Luciano, que recebeu falta violenta de De Ávila. Aos 11, Goiano e Rivarola falharam, e Escobar fez 2 a 1. A vantagem colombiana desestabilizou o time gaúcho, e animado, pela torcida, o América subiu ao ataque. Por cerca de 15 minutos, o Grêmio se viu no sufoco e só não tomou gol graças a má qualidade do ataque colombiano e pelo menos três boas defesas de Danrlei.

Aos 39min, o América acabou marcando. Após cobrança de escanteio, Bermudez acabou fazendo de cabeça, 3 a 1 para o América, resultado que classificava o time colombiano – o primeiro jogo, em Porto Alegre, havia sido 1 a 0 para o Grêmio. Como nos outros dois gols, os gandulas participaram das comemorações dentro do campo. Desesperado, o Grêmio tentou levar a decisão para os pênaltis. Mas seis minutos foram poucos.” (Folha de São Paulo, 12 de junho de 1996 – Fonte: Grêmio Dados)

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Foto: Mauro Vieira (Zero Hora)

UMA FESTA COLOMBIANA
A torcida lotou o estádio e nunca deixou de acreditar na vitória

O clima de decisão que envolvia América e Grêmio já ficava evidenciado ao redor do Estádio Pascual Guerrero, de Cali, mais de duas horas antes do começo da partida de ontem. Os torcedores do time colombiano se dirigiam em grandes grupos ao local do jogo e se aglomeravam nos portões de entrada. Quase todos vestindo camisas do seu time favorito ou alguma peça da roupa de cor vermelha. A presença feminina também contribuía para que o ambiente de alegria se espalhasse pela multidão. A lotação do estádio esgotou-se quando ainda faltava uma hora para que o árbitro peruano Alberto Tejada, o mesmo que validou o contestado gol de Túlio depois de ajeitar a bola com o braço, diante da Argentina, pela Copa América, autorizasse o início dos 90 minutos que levariam um dos dois times a mais uma final da Copa Libertadores. A estudante Carla Ospina, 23 anos, ao lado de seu irmão John Jairo, resumia o sentimento que tomava conta da torcida do América: “Viemos pela vitória”, exclamou a jovem.

O ambiente de festa se estendeu até a bola começar a rolar. A entrada do time de Cali em campo foi recepcionada por um grupo de animadas cheersleaders”, dezenas de garotas que comandam a vibração da torcida. Depois que o jogo iniciou-se, no entanto, o que antes era exaltação tornou-se expectativa respeitosa. O América estava enfrentando um adversário poderoso, campeão da Libertadores. A medida que o tempo passava, os torcedores da equipe colombiana pouco se manifestaram. O gol gremista, aos 15 minutos, deixou o estádio ainda mais silencioso. A animação só voltou, num espasmo de alívio, quando o zagueiro Bermudez alcançou o empate, aos 39 minutos. Daí em diante, até o final do primeiro tempo, a cada vez que o América tocava na bola, o torcedor mostrava sua esperança de que a virada ainda poderia vir.

Tão logo a partida recomeçou no segundo tempo, o estádio inteiro retomou a vibração ensaiada ao fim dos 45 minutos iniciais. Pouco a pouco, como que pressentindo a possibilidade de vitória, o torcedor do América não parou mais de incentivar sua equipe. O gol da virada, aos 11 minutos, marcado por Alex Escobar, foi como uma senha de que com seu grito, a torcida ajudaria os atletas colombianos a buscar o terceiro gol. Daí em diante, as pessoas que lotavam o Pascual Guerrero aumentavam o volume e a intensidade de sua vibração. Os cânticos ritmados de “A-merica, A-merica” tornaram-se uníssono. Então, quando o herói Bermudez transformou a esperança em realidade, os torcedores explodiram em uma alegria só, que se extravasou para as ruas.” (Pedro Haase Filho, Enviado Especial, Zero Hora, 13 de junho de 1996)

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Foto: Mauro Vieira (Zero Hora)

O ÁRBITRO

Alberto Tejada validou dois gols em impedimento (os dois primeiros), inverteu faltas, não deu descontos e permitiu lances violentos em demasia. Complicou-se e só não saiu mais contestado porque a superioridade do América justificou o resultado.” (Zero Hora, 13 de junho de 1996)

LUIZ FELIPE ACUSA TEJADA
Para o técnico Luiz Felipe, o meia Aílton fez um excelente primeiro tempo, mas no segundo esteve mal assim como todo o time. “Não posso transferir a responsabilidade para o Aílton”, disse. “Estamos todos desgastados, não tivemos tempo para segurar o América até o fim”. Luiz Felipe chegou a culpar o árbitro Alberto Tejada pela desclassificação. “Eu havia pedido um árbitro uruguaio ou paraguaio, mas não fomos atendidos”. (Zero Hora, 13 de junho de 1996)

Foto: Mauro Vieira (Pioneiro)

AMÉRICA: Oscar Córdoba; Cardona, Bermudez, Asprilla e Maziri; Berti, Oviedo, Cabrera e Alex Escobar; De Ávila e Zambrano (Digñas)
Técnico: Diego Umaña

GRÊMIO: Danrlei; Arce (Émerson), Rivarola, Luciano (João Antônio) e Roger; Adílson, Goiano, Aílton e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Jardel
Técnico: Luiz Felipe Scolari

Libertadores 1996 – Semifinal – Jogo de Volta
Data: 12 de junho de 1996, quarta-feira, 22h30min
Local: Estádio Pascoal Guerrero, em Cali
Árbitro: Alberto Tejada (Peru)
Auxiliares: Luiz Seminário e Manuel Yupanqui
Cartões Amarelos: Berti, Cabrera, Escobar, Bermudez, Asprilla, Adilson e Luciano
Gols: Jardel, aos 14 minutos e Bermudez, aos 38 minutos do primeiro tempo; Escobar aos 11 minutos e Bermudez, aos 39 minutos do segundo tempo

Libertadores 1996

February 8, 2007

Seguindo com as participaçoes gremistas na libertadores vamos para o ano de 1996. O time era quase o mesmo de 95, dos titulares, apenas Arílson tinha saído. Como campeão o Grêmio iniciava direto nas oitavas. Primeiro adversário foi o Botafogo, que o tricolor superou com alguma facilidade. Nas quartas, o regulamento obrigava o cruzamento de times do mesmo país, então o gremio enfrentou o Coritnhians. No 1º jogo no pacaembu houve muita chuva e até mesmo um apagão nos refletores, mesmo assim deu grêmio 3 x 0. Foi ali que o presidente Fábio Koff disse a clássica frase: “o Grêmio é time copeiro e lameiro”. Na volta o grêmio se classificou mesmo com a derrota de 1 x 0 para o Corinthians, gol de Edmundo no fim do jogo. Nas semifinais o gremio parou no América de Cali. No primeiro jogo no olímpico o gremio fez o primeiro gol mas parou no goleiro Cordoba. No segundo jogo na Colômbia o tricolor até saiu vencendo, gol de jardel que acabbou deslocando o ombro, mas o américa liderado pelo zagueiro bermudez virou o jogo para 3 x 1. Foi uma das poucas vezes que tive a sensação de ver aquele time do gremio “caindo sem lutar”.

Um pouco disso se explica com a maratona de jogos imposta ao gremio pelo calendário. No dia 1 de junho o Grêmio enfrentou o caxias em Caxias pelo Gauchão. Dia 4 foi o jogo de ida contra o américa no olímpico. No dia 7 recebeu o Palmeiras pelas semifinais da copa do brasil, dia 9 enfrentou o glória pelo gauchão e no dia 12 o jogo de volta em cali. 5 jogos em 12 dias.

 

O time base naquela libertadores foi: Danrlei, Arce, Rivarola (Luciano), Adilson e Roger; Dinho, Goiano, Aílton (Emerson) e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Jardel. ainda jogaram nessa libertadores o volante João Antônio e os atacantes Rodrigo Mendes e Zé Alcino.
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Foto: Valdir Friolin (Zero Hora)

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Oitavas de Final – Botafogo
01/05/96 – Rio (Maracanã) – Botafogo 1 x 1 Grêmio –
Gol do Grêmio: Jardel
08/05/96 – Porto Alegre -Grêmio 2 x 0 Botafogo – Gols: Luciano e Carlos Miguel

 

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Foto: Sílvio Ávila (Zero Hora)

Quartas de Final – Corinthians
15/05/96 – São Paulo – Corinthians 0 x 3 Grêmio – Gols: Jardel (2) e Paulo Nunes
02/05/96 – Porto Alegre – Grêmio 0 x 1 Corinthians

 

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Semifinal – América de Cali
04/06/96 – Porto Alegre – Grêmio 1 x 0 América – Gol do Grêmio: Goiano
12/06/96 – Cali – America 3 x 1 Grêmio – Gol do Grêmio: Jardel