
Foto: Folha da Tarde Esportiva
O único confronto entre Grêmio e Operário Ferroviário em Porto Alegre aconteceu em 1962, pela Taça da Legalidade. Vitória tricolor por 4×1.
Acho muito interessante perceber como são minuciosas as crônicas dos jogos publicadas na Folha da Tarde Esportiva daquela época.

Foto: Folha da Tarde Esportiva
“GRÊMIO PASSOU BRINCANDO PELO OPERÁRIO: 4 X 1
O Grêmio Pôrto Alegrense com tranquilidade — 1.º tempo fêz 4 x O no Operário Ferroviário de Ponta Grossa, Paraná, polo Torneio da Legalidade. No tempo final aconteceu um toque de justiça: o ponto de honra dos visitantes, fixando a contagem em 4×1. Os vice-campeões doRio Grande provaram diferença fundamental de football no 1º tempo sôbre os vice da terra araucariana. Aproveitando o mau trabalho dos homens de área do Operário, sempre desatentos, aos deslocamentos dos avançados, os gremistas foram tranquilamente impondo seu melhor football.
Enquanto a peleja não tinha o sua definição espelhada e, consequentemente, obrigava a um trabalho mais árduo, a gente de Ênio Rodrigues deixou claro sua inconteste vantagem sobre os” ponta-grossenses. Isto foi irrefutável. Não pode haver um paralelo de comparação, enquanto o jogo não estava decidido.
Os avançados tricolores, na 1ª parte do espetáculo, aproveitaram-se das constantes indecisões da linha de zagueiros Paranaense. Com os costados mal guarnecidos e com Ribamar e Laércio incapazes tecnicamente, e sem velocidade para contar Marino, Juarez e com Hélio Silvestre. vendo Elton, por um “binóculo” quando o médio ingressava na área, paulatinamente o cotejo ganhava um colorido unilateral, Era o Grêmio que dava a toada do match. Impunha sua melhor ordenação geral ante um team, bravo é verdade, porém carecendo de melhor estrutura defensiva: Somando-se ao bom trabalho ofensivo, empurrado por Elton e Milton, os gaúchos contavam ainda cem o total desacerto das linhas mais recuadas dos visitantes.
Os leves pecados iniciais de Sérgio (uma vez), Brandão e Mourão (que se recuperaram rápidos) não serviram para gerar ocasiões para boas descidas da rapaziada do Paraná, isto nos 45 minutos iniciais. Elton e Milton punham em constante movimentação seus companheiros de frente e o chefe dos médios foi figura que cumpriu saliente papel nas arremetidas contra o retângulo do ótimo guardião Arlindo.
Com muita folga e os donos do Olímpico fizeram 4×0 no Operário. É verdade que nos últimos 15 minutos da 1ª fase, já se notava uma visível poupança dos gremistas.
Para o período derradeiro, o vice-campeão Paranaense despontou com mais vontade e acerto. Alguns fatores influíram para que tanto acontecesse. O Grêmio – e o marcador em parte justificava isso — parou muito e aquele ritmo rápido, nervoso e acertado do 1º tempo desapareceu. Elton e Milton excelentes no tempo primário — ”sentaram um pouco na retranca”. O ataque lutou com mais dificuldades e alguns de seus homens (Vieira por duas vezes), Marino (igual número), Adroaldo e Juarez (uma cada um), foram bisonhos e revelaram uma falta de habilidade espantosa ao perderem “goals feitos”. Deste desperdício, o vice local pagou pesado pecado; não marcou tentos no período conclusivo.
Por seu turno, os de Ponta Grossa, solidificavam sua linha de zaga com o ingresso de Pacheco como homem de área e a retirada de um homem que claudicava: Daniel, conto lateral direito. Laércio foi para a asa média e ficaram na área Pacheco e Ribamar.
Mesmo dando-se o desconto que o Grêmio parou, foi excelente estio alteração. Hélio Silvestre moveu-se um pouco melhor e Fiuza funcionou com mais rapidez e inteligência. O ataque foi pôsto em funcionamento. A defensiva, consequentemente, dos gaúchos foi chamada a arcar com a responsabilidade maior do que no 1.º tempo. Os do Operário insistiram em descidas contra a meta de Irno. Notou-se, então, certas hesitações do bloco mais recuado tricolor, O trabalho de Sérgio em Otavinho já não era aquele muito bom do começo; Airton lutava contra Sílvio, um jogador valente; Leocádio ganhava alguma progressão contra Brandão e Mourão desdobrava-se para não permitir liberdades maiores a Jairo.
Mesmo com o Grêmio deixando de marcar (criou muito mais situações aflitivas), isto por falta de habilidade de seus avantes, foi justíssimo o ponto de honra conquistado em cima da hora, por Leocádio. Não padeceu dúvidas, o liquido triunfo do Grêmio, mesmo permitindo ao adversário presença no tempo final. Foi o triunfo daquele que deixou patente ter mais condições coletivas e individuais como esquadra de football. O Grêmio valeu quando o match ainda era uma incógnita. Daí, o alto mérito de seu triunfo. Depois, com um marcador já de 4×0, relaxou bastante os movimentos e deu chance ao team de Agustin Martinez despontar com alguma inspiração. Mesmo parecendo um paradoxo, perdendo por 4×1, o Operário-Ferroviário (em que pese a diferença fundamental) deixou impressão em pouco melhor no que diz respeito á ofensiva, do que aquilo que rendeu contra o Internacional, num match que findou zero a zero. O cotejo teve em sua primeira etapa a parte mais interessante e correta. No período derradeiro não chegou a entusiasmar inteiramente, não obstante o esforço e o relativo bom comportamento dos rapazes do Paraná, .
DETALHES TÉCNICOS
Local: Olímpico.
Renda: Cr$ 567.790.00
Equipes:
GREMIO PA (4) — Irno, muito bom; Sérgio, ótimo no princípio para cair um pouco no tempo final; Airton, com momentos de alto gabarito para se descuidar no fim: Brandão, regular: Mourão, firme na maioria dos movimentos; Elton, grande peleja no início para parar no final; Milton, igual ao “Alemão”; Adroaldo, dono de jogadas rápidas e corretas; Marino muito bom no 1º tempo. Caiu de produção e foi substituído por Abílio sem vantagem alguma: Juarez, quando “aligeirou” o jogo esteve bens, depois “amarrou” muito; Vieira, perdeu dois gols impossíveis, lances que comprometeram seu excelente 1º tempo.
OPERARIO-FERROVIÁRIO (1) — Arlindo, voltou a luzir: Daniel, muito mal, depois Laércio que jogou multo mais na lateral do que dentro da área; Ribamar, vulnerável no 1º tempo. Depois cresceu um pouco; Candinho, perdeu a batalha no 1.º tempo para jogar mais desafogado no fim. Hélio Silvestre, não reeditou seu bom trabalho do jogo contra o Internacional. Foi notado quando Elton parou bastante; Fiuza pareceu no 2º tempo; Jairo, Sílvio, Leocádio e Otavinho, com nota melhor para a bravura de Sílvio. Jogou melhor o ataque do que contra o campeão gaúcho.” (ANTONIO CARLOS PORTO, Folha da Tarde Esportiva, Sábado, 24 de fevereiro de 1962)

“OPERÁRIO NÃO RESISTIU AO PODERIO DO GRÊMIO E FOI GOLEADO NO OLÍMPICO: 4X1
[…]
Aos 14 minutos de ações, magnificamente lançado por Milton, Elton invadiu a área adversária e frente a frente com Arlindo, enviou a pelota para as redes. Seis minutos após. Marino realizou com êxito um impressionante «rush» e arrematou de pé esquerdo, anotando o tento número dois Aos 31 minutos. Marino cruzou forte e Ribamar, tentando a defesa, desfiou a pelota para dentro de suas próprias redes e o quarto tento dos tricolores foi também, fruto de uma jogada infeliz de Candinho que. Muito afoito, enviou a pelota para dentro de seu próprio arco, após uma defesa parcial de Arlindo, aos 45 minutos de jogo. […]” (Jornal do Dia, Sábado, 24 de fevereiro de 1962)

Foto: Folha da Tarde Esportiva
“GRÊMIO CONTINUA NA CAMINHADA: VENCEU O OPERÁRIO, ONTEM
4 x 1 foi o resultado do embate — Marcaram os tentos: Elton, Marino (2) e Adroaldo; Leocádio marcou para o Operário — Regular a atuação do árbitro paranaense — Renda da partida : Cr$ 567.790,00
Grêmio e Operário Ferroviário jogaram ontem, no Olímpico mais uma partida, em prosseguimento ao Torneio Sul Brasileiro Inter-Clubes. Os tricolores, pelo que realizaram na fase inicial, venceram por 4×1. Os primeiros 45 minutos pertenceram aos locais, que bens coordenados, dominaram completamente as jogadas. Já no segundo tempo, o assunto mudou. O Operário estive bem melhor, porém seu ataque não produziu o esperado, o que de resto aconteceu na fase inicial e por ocasião do primeiro jogo entre nós.
Mas o quadro visitante trabalhou a contento, em que pese alguns defeitos de seus defensor. O trabalho da defensiva do Operário foi bom e quase certo. Arlindo voltou a brilhar, tendo ainda sorte em algumas jogadas, salvando tentos certos. Por outro lado, os atacantes do Grêmio perderam grandes oportunidades, estando nessas condições Marino e Vieira. Este, em duas vezes seguidas, deixou de marcar com o arco aberto. Mas na fase final, o ataque do Grêmio não caminhou como aliás se esperava, dado o resultado do primeiro tempo. Caíram os atacantes locais na armadilha dos defensores do Operário, que com habilidade abandonavam a grande área, e em consequência, os dianteiros gremistas ficavam impedidos. Isso aconteceu várias vêzes, principalmente com Juarez. O quadro do Operário trabalhou bem na fase derradeira, tendo inclusive envolvido os tricolores, por momentos. Mas a defensiva local esteve sempre firme, claudicando apenas no tento de honra dos visitantes, ao apagar das luzes. E o tento de Leocádio, foi o coroamento do esforço do quadro, que na verdade andou bem melhor que na fase final. Há um outro detalhe interessante. O quadro do Grêmio, com o resultado do primeiro tempo (4×0) voltou desinteressado no placar, procurando apenas defender-se e esporadicamente atacar. Os tentos não surgiram mais e todos estavam certos que o jogo terminaria com o resultado da primeira fase. Mas não aconteceu. Os visitantes no final do prélio marcaram o tento de honra. A vitória do Grêmio, foi, na verdade, a conquista do melhor quadro. Apareceu a hierarquia e os tricolores continuam liderando o torneio, invictos.
QUADROS, TENTOS, ÁRBITRO E RENDA
Os dois quadros jogaram assim firmados:
GRÊMIO — Irno; Sérgio, Airton, Brandão e Mourão; Elton e Milton; Adroaldo, Marino (Abílio) e Vieira.
OPERÁRIO — Arlindo; Daniel (Laércio); Ribamar, Laércio (Pacheco) e Candinho; Hélio Silvestre e Flua; Jairo. Silvio, Leocádio e Otavinho.
— Os tentos foram assinalados por Elton, Marino (2), sendo que o último, a pelota raspou em Ribamar e Adroaldo. Antes da pelota entrar no arco, bateu em Candinho. O tento de honra do Operário foi obra de Leocádio.
— Dirigiu a partida, regularmente, o sr. José Barbosa de Lima Neto, da FPF.
— A renda do embate foi boa: Cr$ 567.790,00.” (Correio do Povo, Sábado, 24 de fevereiro de 1962)

Foto: Correio do Povo
“GRÊMIO CONTINUA SUA MARCHA EM BUSCA DO TÍTULO DA LEGALIDADE: OPERÁRIO 4X1” (Diário de Notícias, Sábado, 24 de fevereiro de 1962)
“OPERÁRIO GOLEADO PELO GRÊMIO NO OLÍMPICO: 4X1
— O Operário Ferroviário de Ponta grossa foi goleado hoje à noite, no Estádio
Olímpico, por 4×1, pelo Grêmio Portoalegrense, no cotejo de despedida dos alvinegros. A peleja apresentou duas fases distintas, e na primeira, o placar de 4 x 0. diz tudo o que foi aquela etapa, quando o “fantasma” esteve multo longe e corresponder a expectativa do público presente ao estádio do Grêmio” (Diário do Paraná, Sábado, 24 de fevereiro de 1962)

Foto: Revista do Grêmio n.º 37

GRÊMIO: Irno; Sérgio Airton, Brandão e Mourão; Elton e Milton; Adroaldo, Marino (Abílio) e Vieira
Técnico: Ênio Rodrigues
OPERÁRIO: Arlindo; Daniel (Laércio); Ribamar, Laércio (Pacheco) e Candinho; Hélio Silvestre e Flua; Jairo. Silvio, Leocádio e Otavinho
Técnico: Agustin Martinez