
Foto: Mauro Matos (Correio do Povo)
Grêmio e Rosario Central se enfrentaram pela primeira vez em fevereiro de 1979, na semana anterior ao carnaval. Era o sexto jogo do tricolor na temporada e o segundo de uma excursão à Argentina agenciada pelo empresário Juan Figer.
O Grêmio, que começava a ajustar suas novas contratações na equipe comandada por Orlando Fantoni, venceu por 2×1 com gols de Éder e Jurandir.
“GRÊMIO CAMPEÃO NA ARGENTINA, NA FORÇA E NA REAÇÃO
O Grêmio, depois de uma virada marcante no segundo tempo, ontem à noite, venceu o Rosário Central e conquistou o título – o primeiro da temporada — de campeão do Torneio Internacional Cidade de Rosário, Argentina, No período inicial, prejudicado por uma penalidade máxima inexistente (nos 45 finais repetiu o mesmo erro) assinalada pelo árbitro, o Grêmio perdeu e foi uma equipe nervosa. Depois, com Éder empatando na cobrança de uma falta, e Jurandir concluindo jogada de Dirceu pela esquerda, o representante gaúcho estabeleceu a vantagem, Mais tarde, numa visível intenção de evitar a vitória do Grêmio, o juiz marcou outra penalidade máxima que só ele viu. Desta vez, porem, o excepcional Manga voou e caiu quieto com a bola, que Heredia bateu buscando o canto esquerdo. E, a partir daí, Grémio assegurou os 2 a 1.
PRIMEIRO TEMPO
Antes de iniciar o jogo, numa confissão apressada de boca de túnel, Orlando Fantoni deixou evidenciada uma preocupação: a ausência de lura, que poderia ter reflexos na movimentação do time. E, para azar do Grêmio, Renato Sá não teve condições de manter a rotação do meio-campo, deixando o ataque distanciado. E. assim, além de retardar a arrancada ofensiva, ainda deixava a velocidade de Tarciso se, dispersar.
No detalhe, a dificuldade tricolor. Mais ainda: uma penalidade máxima inexistente — obstrução de Éder e, não, falta em Orte — deixou o time nervoso. Com isso, de certa forma, entrando na catimba dos argentinos, especialistas em manhas, o Grêmio começou a se perturbar.
Apesar destes detalhes, se não fosse o lance isolado de Éder em Orte, uma penalidade máxima assinalada aos 11 minutos, numa interpretação errónea do árbitro, o Grêmio poderia ser sustentado o placar em branco nos primeiros 45 minutos. Prova disso, o Rosário Central teve apenas uma grande oportunidade para marcar: 42 min., pararam Vicente, Ladinho e Ancheta, deixando Orte entrar sozinho e chutar para fora. Além disso, nada mais, exceto ataques esporádicos.
O Grêmio sempre tomou as iniciativas na partida. Mesmo com a meia-cancha desarrumada, o time gaúcho forçou até mesmo com insistência. Aos cinco minutos, por exemplo, André perdeu um golo certo, quando Éder chutou forte e o goleiro Ferrero soltou.
Éder, devido a falta de solidariedade do meio-campo, passou todo o primeiro tempo se movimentando praticamente por todo o campo. E, sem dúvida, foi por intermédio do ponteiro que surgiram os melhores momentos para o empate.
No todo, um primeiro tempo para empate com muita justiça e não houvesse uma injusta penalidade máxima.
SEGUNDO TEMPO
De imediato, a constatação: Fantoni, neste período, tentou transformar todo o time do Grêmio. E as alterações foram profundas: a retirada preventiva de André — que estava ameaçado de expulsão — a entrada de Jurandir que foi para a ponta, enquanto Tarciso para o comando do ataque — Dirceu na lateral esquerda e, como medida tática, o deslocamento de Renato Sá para o lado esquerdo, passando Paulo César a jogar onde realmente sabe, pela meia-direita.
O Grêmio cresceu, cresceu muito em movimentação. E, aos 16 minutos, Éder fazia 1 x 1, cobrando uma falta com violência, venceu o goleiro Ferrero, com a bola entrando no ângulo esquerdo do Rosário Central. Um minuto após, sempre respondendo com rapidez as investidas dos argentinos, o Grêmio estabelecia a vantagem: Dirceu apoiou e fez o cruzamento, Tarciso na área deu um toque para Jurandir, que chutou para as redes. O tricolor virava o escore.
Na saída do segundo golo do Grêmio, o Rosário Central desceu perigosamente com Trama, que deu um toque com mão na bola e passou por Ancheta na área gremista. O juiz, de novo, inverteu o lance, assinalando nova penalidade máxima inexistente contra o Grêmio. Eram 19 minutos e Heredia batia forte no canto esquerdo para Manga fazer uma defesa sensacional e manter o escore de 2 x 1.
A partir do segundo pênalti e com a vantagem no marcador, o Grêmio fez o que realmente era necessário: tratou de fechar o meio-campo, colocando Valderez ao lado de Vitor Hugo, saindo Éder. Com isso, ficaram poucos espaços para o Rosário Central tentar a ofensiva. E, assim, o time tricolor ainda teve condições de ameaçar a defesa argentina. O Grêmio teve muita garra até o final, com torcida e árbitro jogando ao lado do Rosário Central. Uma vitória para recuperar o prestigio do futebol gaúcho na Argentina.
DETALHES TÉCNICOS
Primeiro tempo — 1×0 para o Rosário, através de uma penalidade máxima duvidosa, que Garcia, aos 11 minutos, cobrou com precisão. JUIZ — Alberto Lucatelli, atuação comprometida pela sinalização de duas penalidades inexistentes contra o Grémio. Na preliminar, Independiente 2, Quilmes 0. “ (Plinio Nunes, Correio do Povo, 23 de fevereiro de 1979)


“O Grêmio, ao vencer ontem o torneio da cidade de Rosário, confirmou que está mesmo com uma equipe preparada para grandes conquistas em 79. Ao contrário do jogo de estréia, quando goleou o Independiente e mostrou excelentes qualidades técnicas, ontem, ao derrotar o Rosário Central, virando um marcador negativo de 0 a 1 para 2 a 1, mostrou também força e valentia. Deixou-se envolver pelo nervosismo e violência da partida no primeiro tempo, sofrendo ainda as conseqüências do mau posicionamento de Renato Sá, mas, no segundo período, sem a perturbação de André e com a presença do novo lateral Dirceu, o Grêmio chegou à vitória com categoria, através de dois golos (Éder e Jurandir) em dois minutos, tendo ainda Manga, em seguida, defendido um pênalte. “(Antônio Goulart, Correio do Povo, 23 de fevereiro de 1979)

Foto: José Doval (Correio do Povo)

Rosario Central 1×2 Grêmio
ROSARIO CENTRAL: Ricardo Ferrero; Magistral, Crayacich, Van Tuyne (Heredia) e Jorge Alberto Garcia; Gaitan, Eduardo Giuliano e Eduardo Bacas; Orte, Trama e Rubén Diaz.
Técnico: Ángel Zof
GRÊMIO: Manga; Eurico, Ancheta, Vicente e Ladinho (Dirceu); Vitor Hugo, Renato Sá e Paulo César Caju; Tarciso, André Catimba (Jurandir) e Éder (Valderez).
Técnico: Orlando Fantoni
Torneio Ciudad de Rosario – Final
Data: 22 de fevereiro de 1979, quinta-feira, 22h00min
Local: Estádio Gigante de Arroyito, em Rosario – ARG
Árbitro: Alberto Ducatelli
Auxiliares: Norberto Rodrigues e Juan Carlos Mansur
Gols: Garcia (de pênalti) aos 11 minutos do primeiro tempo. Éder aos 16 minutos e Jurandir aos 17 minutos do segundo tempo