
Foto: A Hora
Na Taça Brasil de 1959 o Grêmio repetiu o placar da ida e venceu o Atlético em Curitiba por 1 a 0, gol marcado por Gessy.
O jogo foi disputado na Vila Capanema, que na época era casa do Ferroviário, e não no Joaquim Américo (estádio que deu lugar a atual Arena da Baixada)

Foto: Correio do Povo
“GRÊMIO SUOU MAS VENCEU: 1X0 SÔBRE O ATLÉTICO PARANAENSE
CURITIBA, 28 (Meridional) — Repetindo o escore infligido no embate efetuado em Pôrto Alegre, dia 13 do corrente, a equipe do Grêmio classificou-se para as semi-finais da “Taça Brasil”, ao abater na tarde de ontem, no Estádio Durival de Brito, em Curitiba, ao Atlético Paranaense. Em peleja acidentada, da qual resultaram lesionados com gravidade os atletas Milton e Elton, do Grêmio e o paranaense Izabelino, os gaúchos venceram a primeira etapa do certame nacional, estando aptos, agora, para enfrentar o Atlético Mineiro, na última série eliminatória da “Taça Brasil”.
Grêmio Sai Bem
Os primeiros instantes da peleia foram francamente favoráveis aos gaúchos que pressionaram com Insistência ante o último reduto curitibano. A ausência do zagueiro central Lindomar foi a causa primeira da insegurança da defensiva atleticana, pois Borracha esteve longe de cumprir as atuações do jogador que substituiu. Havia um enorme claro no centro da área rubro-negra por onde Gessy e Juarez penetravam seguidamente. Tocafundo, sem seu companheiro, viu-se sôbre-carregado nas funçõs, de vigiar a área penal de sua equipe. As constantes deslocações do quinteto avançado gremista causaram momentos de sério perigo para a meta do Atlético. E os tentos não se apresentavam devido já pela falta de pontaria nos arremessos dos gremistas, já pela atuação soberba do arqueiro William.
Predomínio Total
Durante o primeiro tempo todo, os gaúchos predominaram na cancha. Sérgio cumpria trabalho excepcional na meia-cancha, alimentando ininterruptamente o ataque; a linha de frente tinha em Gessy um elemento que representava constante aprêmio para os defensores do Atlético, ora por suas penetrações fulminantes, ora pela colocação para receber o passe. Se tivesse sido lançado mais vêzes, por certo os tricolores teriam marcado golos na primeira etapa. A extrema defensiva gaúcha, nesta fase, não foi exigida.Substituições
Nos minutos finais do primeiro tempo, a peleja descambou para o terreno do jôgo brusco. Milton foi obrigado a abandonar o prélio, contundido na perna direita, sendo substituído por Rudimar. No Atlético, Tião e Izabelino estiveram fora de campo por algum tempo, sendo que o último não mais retornou ao gramado, entrando em seu lugar Tiquinho.
Afinal, o Tento
No primeiro quarto de jôgo do segundo tempo, prosseguiu o domínio territorial do Grêmio. Continuavam, as características do primeiro: William se desdobrando no arco e os atacantes tricolores falhando nas conclusões. Finalmente. Juarez, após passar por três adversários, lançou Gessy dentro da pequena área, em situação privilegiada. O ponta-de-lança atirou forte, vencendo a perícia do guarda-vala adversário e assinalando o tento que daria, ao final, a vitória aos gaúchos.
Ações Emparelhadas
Após a conquista do ponto tricolor, o Atlético ensaiou uma reação. Efêmera, porém, pois a retaguarda gremista, de pronto, aparou tôdas as investidas aos rubro-negros. Não se via mais, porém, o absoluto predomínio dos visitantes, e sim, ações emparelhadas no campo. Prosseguiu o cotejo sendo disputado com excesso de virilidade, havendo os jogadores abusado do jôgo brusco e perigoso. Num dêsses lances deploráveis, Elton lesionou-se, passando a fazer número na ponta direita. Sérgio, diante da detecção de Elton, teve que abandonar a meia cancha— onde vinha registrando soberba atuação — a fim de cobrir o setor direito da retaguarda gremista. Vieira passou a formar a dupla do meia-cancha com Rudimar.
Pressiona o Atlético
Atuando, praticamente, com um homem a menos, o Grêmio sofreu duro assédio no quarto final do embate. Nessa oportunidade, pôde o esquadrão do Olímpico, mais uma vez, amparar-se em sua defensiva. Brilharam Henrique e Airton e o escore pôde ser mantido. Difíceis foram, para os gaúchos, os minutos finais da partida. Precisava, porém, o Atlético assinalar dois tentos, pois o empate seria-lhe fatal, também. Entretanto, não conseguiu vasar a meta dos rio-grandenses, defendida com invulgar disposição pelos seus zagueiros. Com êsse triunfo, os tricolores saltaram o primeiro obstáculo na “Taça Brasil” credenciando-se para as semifinais do certame.” (A Hora, segunda-feira, 29 de setembro de 1959)

Foto: Paraná Esportivo
“GRÊMIO RATIFICOU SUPERIORIDADE
Bisada a contagem de 1×0 — Gessi no segundo tempo marcou o tento da vitória — Futebol ruim e espetáculo pouco agradável para um público que estabeleceu renda de Cr$ 478.410,00 — Fraca também a arbitragem do Sr. Aparicio Viana e Silva — Detalhes complementares da pelejaA decepção não foi apenas o Grêmio… e nem só o Atlético. Foi o próprio espetáculo, foi a condição das equipes, tudo, tudo, que possa se prender a esta despedida do Atlético Paranaense da TAÇA BRASIL.
Nem a arbitragem conseguiu agradar ao bom público que foi a Durival de Brito e Silva. E o prélio, assim, foi melancólico com o placard de 1×0, pobre como a contagem mínima a favor dos gaúchos.
A torcida, assim, sentiu esta decepção em todo o transcorrer do match, que foi um jogo de predominância de sistemas, defensivos já que os ataques nunca foram vanguardas de campeões. Fracos, inconsistentes, infantis. Errando e errando bastante, errando em massa, na sequência pavorosa da deturpação de jogadas, da efetuação de passes errados e da complementação de tiros tortos e defeituosos. Francamente foi uma decepção inteira. E a palavra precisa ser repetida, porque o público foi para ver futebol, e tomou literalmente o Estádio Dorival de Brito v Silva para assistir aquilo que assjstiu. O Grêmio jogando mal. Com a defesa firme, é certo, mas jamais se preocupando com o ataque do Atlético que foi de uma neutralidade pasmante. E o Atlético, além de apresentar os desníveis de seu de ataque, ainda sem meia cancha e com a defesa apresentando falhas gritantes que apenas não eram transformadas em gola porque o ataque do Grêmio é outro atentado a tudo que há de bom dentro do futebol.
[…]
No mais lances sem importância, alguns tiros de longe dos dois ataques defendidos pelos arqueiros e o goal do Grêmio, marcado quando tínhamos decorridos 17 minutos do período complementar.
Juarez realizou grande jogada, dominando dois adversários no sentido do goal e atrapalhou- se sobrando a bola para Gessy que dominou e mandou a pelota para o funda das redes de William.” (Paraná Esportivo, 28 de setembro de 1959)

Fonte: Acervo Histórico do Grêmio

Fonte: Acervo Histórico do Grêmio
ATLÉTICO PARANAENSE: William; Belfare, Borracha e Salvador; Sano e Tocafundo; Izabelino (Tiquinho), Gaivota, Taíco, Jerônimo e Tião
Técnico: Motorzinho
GRÊMIO: Henrique; Elton, Airton, Calvet e Ortunho; Sergio e Milton Kuelle (Rudimar); Vieria, Gessi, Juarez e Cláudio
Técnico: Osvaldo Rolla
Taça Brasil 1959 – Oitavas de final – jogo de volta
Data: 27 de setembro de 1959, domingo,
Local: Estádio Durival Briyto, em Curitiba-PR
Renda: Cr$ 478.410,00
Árbitro: Aparicio Vianna e Silva
Auxiliares: Tuffi Issler e Julio Salsamendi
Gol: Gessi, aos 17 minutos do segundo tempo