Robertão 1967 – Grêmio 0x2 Inter

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PALCO MAGNÍFICO – Aí está o retrato fiel da grandiosidade do Grenal. José Abraham, a bordo do táxi-aéreo do Comandante Caleffi, colheu por cima esta visão espetacular do Olímpico no dia de festas. Quase tudo foi perfeito na edição de n.° 181 do choque-rei. Começando pela vitória do Inter, passando pela presença e comportamento do público e terminando no esquema de segurança, porque o policiamento foi perfeito, modelar. Uma lástima que tanta gente acima não tenha proporcionado uma arrecadação à altura. E nisto fica a exceção.” (Correio do Povo, terça-feira, 7 de março de 1967)

 

Esse jogo não traz lembranças positivas para a torcida gremista, mas achei válido abordar ele em função da imagem acima. Não são tão raras as fotos aéreas do Olímpico antigo, mas pouquíssimas são as que se encontra o registro da partida em que foram tiradas.

Em tempo de dificuldades de se fazer jogos em casa, é válido lembrar que nessa primeira edição do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, bem como no ano seguinte, Grêmio e Inter fizeram todas suas partidas como mandantes no Olímpico. O Rodrigo Cardia fez um excelente post sobre o este episódio, que acabou sendo esmiuçado em um capítulo da sua monografia.

Recomendo a leitura integral de ambos. Abaixo segue um pequeno trecho do material por ele produzido:

“Em 1967, pela primeira vez a dupla Gre-Nal participava do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que reunia os maiores clubes cariocas e paulistas desde 1950, e que em 1967 foi estendido a Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. O torneio, disputado até 1970, foi o “embrião” do Campeonato Brasileiro, que foi realizado pela primeira vez em 1971.

Como o critério para a participação no “Robertão” para os clubes de fora do eixo Rio-São Paulo era o convite – a princípio seriam convidados apenas os clubes mineiros, visto que as viagens a Belo Horizonte não eram dispendiosas para cariocas e paulistas – era preciso que as partidas em Porto Alegre fossem rentáveis, para que a dupla Gre-Nal continuasse a ser convidada para o “Robertão”. Os dois clubes jogavam no Olímpico, visto que o Inter ainda não tinha um estádio em condições de sediar jogos importantes – o Beira-Rio seria inaugurado somente em 1969.

Para obterem boas rendas, os clubes decidiram adotar o sistema de caixa único, e foi também conclamada uma união entre as duas torcidas para o “Robertão”, pela “afirmação do futebol gaúcho”. Surgia assim a “Torcida Gre-Nal”.

Parecia maluquice, mas a idéia vingou! Gremistas iam aos jogos do Inter e apoiavam o time vermelho, e colorados iam às partidas do Grêmio e apoiavam o Tricolor. E a união deu certo: os dois clubes se classificaram para o quadrangular final, junto com Corinthians e Palmeiras (que foi o campeão). O Inter foi vice-campeão, e o Grêmio acabou em quarto lugar.”

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Foto: Zero Hora

 

INTER DEU LIÇÃO DE FUTEBOL AO GRÊMIO

[…] Foram feitas duas tentativas que chegaram perto do êxito, quando, aos 22 minutos. David desceu lançado por Carlitos. Depois de fintar Airton e cortar Aureo, David atrasou rasteiro o sem muita força. Bráulio, pela meia-direita, à meia altura de pé direito, no canto direito de Alberto, estabelecia o tento inaugural do clássico. […] ” (Diário de Notícias, terça-feira, 07 de março de 1967)

 

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“AQUI TERMINOU TUDO – O lance em foco é do segundo golo do Inter. Justamente aquele que acabou selando em definitivo a sorte do cotejo e… do Grêmio. Carlinhos, sem grandes pretensões, arrematou em linha reta da intermediária. Alberto foi traído pelo pique da bola (algo como um “cocuruto”) e a bola foi parar no destino fatal. Everaldo (6) é testemunha isolada na área do desfêcho final.” (Correio do Povo, terça-feira, 7 de março de 1967)

 

GRANDE ESPETÁCULO E VITÓRIA JUSTA DO INTER
Bráulio e Carlinhos marcaram os dois tentos do GRENAL n.º 181

O Internacional somou os seus primeiros pontos no “Robertão”, com vitória espetacular de 2×0 sobre o Grêmio, numa edição emocionante do choque-rei, que levou ao Olímpico uma platéia excepcional, e que contrastou frontalmente com a arrecadação dada a conhecer: NCr$ 69.431. O triunfo do colorado nasceu com tento de Bráulio aos 22m de ações e foi sacramentado com gôlo de Carlinhos, quando o relógio assinalava 80 minutos de jôgo. E o resultado do clássico estêve perfeitamente de acôrdo. Ganhou o melhor. E êste, simplesmente, foi o Internacional. Sômente isso serviria para realçar o meritório triunfo alcançado pelo vice-campeão gaúcho. Mas um jôgo e sobretudo um Gre-Nal, merecem maiores considerações. Sobretudo pela maneira categórica com que OS rubros acabaram prevalecendo.

MELHOR EM TUDO — A superioridade da equipe rubra foi patente em todos os sentidos. Especialmente pelo lado técnico e tática, o elenco treinado por Sérgio Moacir esteve muitos furos acima do categorizado rival. É verdade que o Grêmio lutou bastante, chegou mesmo a manter um domínio territorial acentuado no transcurso da luta, mas tudo sempre sem aquela qualidade de acionar que se via claramente de parte do Inter. Os rubros atacaram menos mas quando o fizeram, o pânico e descontrole moraram nas linhas defensivas gremistas.

Com uma esquematização inteligente e contando com valores da estirpe de um Bráulio e Davi, lá na frente, o ataque dos Eucaliptos, quando investia, colocava em xeque o reduto de Alberto, desta feita, muito mal assessorado, especialmente pelos centrais Airton e Áureo, amiúdamente batidos pela virtuosidade dos seus marcados. Paralelamente, a meia cancha rubra tinha em Elton-Lambari-Dorinho um “tripé” de inegável capacidade, porque, apoiando ou defendendo, agiu com precisão matemática. Afora isso, contou o Inter com a reconhecida eficiência de sua zaga, onde Sadi (não tomou conhecimento de Babá) e Scala (parou completamente Alcindo) pontificaram.

O Grêmio, que iniciou com tremenda disposição, parecia querer liquidar o jôgo em seus primórdios. Seja pela disposição tática do adversário ou pelos méritos dos tricolores, durante 15 m, o, Inter foi obrigado a aguentar uma tremenda, pressão. Entretanto, os propósitos gremistas não vingaram. Primeiro porque encontraram pela frente um dispositivo bem armado e de inegável rendimento. Segundo porque Volmir e Alcindo procuraram sempre resolver as coisas sózinhos e muitas vêzes de forma nada recomendável. E nesse particular o “Bugre” ganhou realce. Depois veio aquêle lance magistral de Davi e o complemento à altura de Bráulio. Com 1 x 0, o Internacional cresceu e os defeitos gremistas começaram a ganhar extensão assustadora, No segundo tempo, apesar da insistência dos tricolores, foi ainda o acionar mais técnico e bem orientado dos rubros que acabou falando mais alto. O gôlo de Carlinhos, numa falha de Alberto, serviu apenas para consolidar de forma inequívoca a vitória do que foi melhor.

OS TENTOS — Davi recebeu entre Airto’ e ‘Áureo. Os zagueiros cercaram o paulista, que mesmo assim “limpou” magistralmente a jogada. O passe veio certinho para Bráulio, que penetrava “solito. O “garôto” encheu o pé de primeira. Era o 1 x 0 aos 22 minutos. No período complementar, aos 35 m, Carlinhos que substituiu a Davi — alvejou forte de longa distância e a bola, surpreendentemente, venceu o arqueiro Alberto!

OUTROS DETALHES — As equipes: INTERNACIONAL — Gainete; Laurício, Scala, Luis Carlos e Sadi; Lambari e Elton; Carlitos, Bráulio (Vanderlei aos 80 m), Davi (Carlinhos aos 70 m) e Dorinho. GRÊMIO — Alberto; Altemir, Airton, Áureo e Everaldo; Cléo e Sérgio Lopes; Babá (Lumumba aos 65 m), João Severiano, Alcindo e Volmir. O colorado teve em Bráulio, Davi, Scala, Sadi e Elton os seus principais valores, embora, todos alcançassem um bom rendimento individual. De parte do Grêmio, Everaldo – que “engoliu” o ponteiro Carlitos – foi a grande figura e quase uma exceção, se Volmir não merecesse também alguns elogios.

José Luis Barreto foi um árbitro que na média andou bem. Se algum defeito mostrou foi ter complascência demasiada para com alguns “valientes”, aliado ao fato de encerrar o primeiro tempo antecipadamente e quando haviam ainda minutos de descontos. Djalma Moura e Paulo Iron Lopes foram auxiliares eficientes.

A renda, que surpreendeu a todo mundo, mas de forma negativa, foi dada a conhecer como de Cr$ 69.431.000 dos antigos !” (Correio do Povo, terça-feira, 7 de março de 1967)

 

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Foto: Zero Hora

 

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