Brasileirão 1975 – Vasco 2×1 Grêmio

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No Brasileirão de 1975, Vasco e Grêmio se enfrentaram em São Januário. Vitória dos mandantes por 2×1.

Nesse jogo o Grêmio voltou a usar a camisa tricolor, depois de ter utilizado a camisa celeste nas finais do Gauchão e na estreia daquele campeonato brasileiro contra o CSA em Maceió.

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VASCO MOSTRA ESPÍRITO DE COMPETIÇÃO NA VITÓRIA

Mostrando ser uma equipe competitiva, de muito espirito de luta, além de uma aplicação tática invejável, o Vasco derrotou o Grêmio por 2 a 1, ontem em São Januário, em sua estréia no Campeonato Nacional.

A equipe carioca deixou a forte impressão de que será muito difícil algum adversário derrotá-la em São Januário, onde os jogadores sentem de perto o calor da torcida, que lotou o estádio. Tanto assim que, durante todo o primeiro tempo, número grande de torcedores ainda entrava pelos velhos portões do campo do Vasco.

Quem chegou tarde teve de se contentar em assistir a partida de pé, colado ao alambrado, atrás do gol das piscinas, onde não há arquibancadas. Nas sociais, as dificuldades eram as mesmas, pois lugares não havia mais. Atrás do outro gol, a pequena e barulhenta torcida do Grêmio marcava sua presença com uma buzina que acabou servindo para que os torcedores do Vasco incentivassem o time a cada buzinada.

Até os 15 minutos de partida, a torcida do Vasco esteve com o grito de gol na garganta, porque a equipe já tinha perdido inúmeras oportunidades. Mas foi o Grêmio quem marcou aos f9 minutos, através de Zequinha, que emendou da entrada da área, aproveitando um passe de Nenê depois de um cruzamento do lateral-direito Wilson.

Após a saída, o Vasco perdeu um gol incrível, com Dé finalizando em cima de Picasso dentro da pequena área. Com a vantagem, o Grêmio recuou todo, dando ao adversário o domínio completo do jogo. Depois de várias chances perdidas, o Vasco conseguiu empatar aos 40 minutos, numa cabeçada de Roberto, após cruzamento de Luis Carlos. Picasso falho no lance, saindo mal do gol

OPORTUNISMO DE DÉ

O Vasco iniciou o segundo tempo com a mesma disposição, e até marcar o segundo gol, aos 20 minutos, seus atacantes já tinham desperdiçado várias chances. Dé fez o gol aproveitando uma jogada de Roberto. Depois do gol, o Vasco continuou melhor e se houvesse mais calma nas finalizações a vantagem poderia ter sido aumentada.

O Grêmio só mostrou poder ofensivo nos 10 minutos finais, quando, embora desorganizado, foi todo à frente, perdendo algumas oportunidades para empatar. A essa altura o nervosismo era geral e o time do Vasco procurava gastar o tempo de toda maneira.

Até o preparador físico Hélio Vigio fez cera. Ele, que assistiu a todo o segundo tempo atrás do gol do Vasco, depois de um ataque do Grêmio jogou para longe a bola chutada para fora por um atacante gaúcho. Mas, de qualquer maneira, a vitória do Vasco foi justa, principalmente porque a equipe mostrou uma indiscutível determinação de vitória.

O juiz foi José de Assis Aragão, que deixou de marcar dois pênaltis. Um de René em Cacau e outro de Ancheta em Roberto. Os bandeirinhas foram Wilson Dias Durão e José Valeriano Correia e a renda somou Cr$ 289 mil 220, com 18 mil 237 pagantes.

As equipes formaram assim: Vasco: Mazarópi, Paulo César, Joel, Renê e Alfinete (Celso Alonso); Alcir e Zanata; Jair Pereira, Roberto, Dé e Luís Carlos. Grêmio: Picasso, Wilson, Ancheta, Beto e Sérgio Vieira; Bolívar (Loivo), Cacau (Osmar) e Neca; Zequinha, Tarciso e Nenê.” (Carlos Alberto Rodrigues, Jornal do Brasil, segunda-feira, 25 de agosto de 1975)

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VASCO ENCHE SEU CAMPO E FESTEJA O BOM RESULTADO
Casa cheia, o Vasco provou que foi acertada sua decisão em marcar para São Januário alguns jogos do Campeonato Nacional.
Sem as exorbitantes taxas do Maracanã, o clube teve um bom lucro na renda de mais de Cr$ 280 mil.
E, para alegrar ainda mais, a equipe derrotou o Grêmio por 2 a 1.” (Jornal do Brasil, segunda-feira, 25 de agosto de 1975)

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NO CAMPO, TODAS AS FACILIDADES
Os jogos em São Januário podem não ser bons para o adversário, mas para o Vasco é da maior importância. Primeiro, porque alguns dirigentes se aproveitam das facilidades e ficam atrás do gol torcendo entusiasticamente para seus atacantes. Depois, porque o comando técnico pode instruir tranqüilamente seus jogadores em campo, sem se preocupar com o juiz. Ontem, o preparador físico Hélio Vigio, que está suspenso 20 dias pelo TJD da Federação Carioca, ficou junto ao gramado, ajudando ao técnico Mário Travaglini a orientar a equipe. Os jogos em estádios menores mostram muito mais a participação da torcida e dos dirigentes do que quando são realizados no Maracanã, onde a segurança é quase perfeita. O Vasco jogou bem e não teve problemas para derrotar o Grêmio. No entanto, a situação pode ficar ruim no dia em que o Vasco perder o jogo, porque é fácil para torcida invadir o campo .” (Jornal do Brasil, segunda-feira, 25 de agosto de 1975)

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CAMPO NEUTRO – José Inácio Werneck

ESCREVI outro dia que o Campeonato Carioca com jogos de turno e returno nos campos dos clubes, como sugeriu o presidente Francisco Horta, só seria possível com a volta dos bondes. Pensaram tratar-se de piada, mas minha intenção não era apenas a de compor ambiente. Realmente, com as ruas estreitas ao redor de nossos estádios e a massa de automóveis em que hoje se locomovem os torcedores, há uma quase impossibilidade física de realizar-se um jogo importante num campo como o do Vasco.

Acredito que além, lá por Bangu e Campo Grande, ainda haja espaço para se parar. Mas em São Januário, positivamente, não é o caso. Baseado em informações otimistas, dirigi-me confiante ao pretenso estacionamento para a imprensa que, se existe, não vi. O portão estava trancado, não apenas à chave como por uma imensa massa de automóveis largados de qualquer maneira à sua porta. A massa originava-se aliás pouco depois da Quinta da Boa Vista e praticamente não se movia. Carregado em sua lenta fluência, tive que contornar duas vezes o estádio antes de abandonar o carro, também de qualquer jeito, perto da Avenida Brasil. (Com o que, aproveito para agradecer à Dona Orozimba, por ter-me permitido atravancar sua garagem).

Pude assim, já com a partida em andamento, verificar que a fila de torcedores nas apertadas bilheterias era enorme, até que afinal muitos começaram a desistir, pelo fim do primeiro tempo. Quanto o clube perdeu na renda, não sei. Mas com a sangria das arrecadações no Maracanã é possível que, umas coisas pelas outras, tudo tenha dado no mesmo.

NÃO vi, portanto, o tão falado pênalti de René em Cacau, mas o resto da arbitragem do senhor José de Assis Aragão me pareceu bom, com uma exceção. Trago-a não com o sentido de crítica, mas de colaboração com a Comissão Nacional de Arbitragem, cujo diretor anda interessado em padronizar a interpretação das regras.

Seria interessante que essa padronização fosse feita não só em termos nacionais como também internacionais. Diz a regra que o goleiro não pode ser tocado dentro da pequena área, mas nossos juízes (e não só o senhor Aragão) tendem a dilatar este limite. Houve um lance em que Mazzaropi atirou-se ali pela altura da marca do pênalti para defender uma bola aos pés de um atacante gaúcho. Machucou-se, em conseqüência de um choque natural, e ficou no chão. Não vou falar em gol anulado, porque antes de Osmar pegar o rebote na entrada da área, e chutar a bola às redes, o senhor Aragão já marcara falta. Se não houvesse o apito é possível que os jogadores do Vasco bloqueassem a conclusão da jogada, sei lá. Não reclamo em termos de marcador, falo apenas em tese: numa partida internacional, com juiz estrangeiro, o lance teria prosseguido.

TECNICAMENTE, o segundo tempo que eu vi dividiu-se com nitidez em domínio franco do Vasco, quando a defesa do Grêmio andou cometendo tolices seguidas, e reação gaúcha a partir do gol de Dé. Até então o Grêmio andava claramente interessado em garantir seu pontinho do empate e até Zequinha cometia o gesto, para os observadores cariocas inédito, de descer para lutar na defesa.

Dé cavava faltas, falsas e verdadeiras, mas não precisou delas. A zaga gaúcha estava insegura e o goleiro Picasso soltava bolas a toda hora, apesar de suas luvas (ou, quem sabe?, por causa delas). Depois, especialmente nos últimos 10 minutos, veio a reação desesperada do Grêmio. Duas ou três vezes o Vasco salvou-se com sorte e noutra Mazzaropi fez uma excelente defesa com o pé. Mas o Grêmio não merecia o empate, pois cometeu o pecado de tentar defender muito cedo o marcador.” (José Inácio Werneck, Jornal do Brasil, segunda-feira, 25 de agosto de 1975)

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VASCO MOSTRA RAÇA E VIRA O JOGO DE NOVO: 2 A 1

Com uma atuação firme e decidida, o Vasco venceu o Grêmio por 2 a 1, ontem à tarde, em São Januário, confirmando que é forte candidato ao bi-campeonato. Os gols foram marcados por Zequinha e Roberto, no primeiro tempo, e Dé, no segundo. O time carioca podia ter marcado o terceiro gol, mas não contou com a ajuda da sorte, num lance de Jair Pereira, que tentou surpreender Picasso, chutando de longe, mas a bola cobriu o travessão.

Os primeiros cinco minutos foram de estudos. Depois a iniciativa do jogo foi do Vasco, que foi logo à frente numa jogada de contra-ataque, onde Dé e Roberto envolveram a defesa do Grêmio. Depois dos dez minutos o Grêmio passou a marcar sob pressão, para não dar campo para o Vasco armar as jogadas. E foi assim que conseguiu abrir o escore.

O Vasco não se entregou e partiu para o empate. Dos 15 aos 30min, as jogadas de perigo foram todas do time de São Januário. Nos minutos finais do primeiro tempo, o Vasco forçou o jogo e acabou empatando.

O Vasco voltou para o segundo tempo com Celso Alonso em lugar de Alfinete que sentiu dores musculares na coxa esquerda. A alteração não quebrou o ritmo e entrosamento da equipe que passou a dominar o Grêmio até marcar o gol da vitória. O time gaúcho reagiu, mas o Vasco estava bem armado, suportou bem a pressão adversária e continuou jogando como se estivesse decidindo um título. Foi uma vitória justa. O Grêmio teve o mérito de lutar durante os 90min. Os três minutos finais foram todos do time porto-alegrense, mas a defesa do Vasco suportou e garantiu o escore.

OS GOLS

GRÊMIO 1 a O — O Jogo estava muito corrido, com os dois ataques procurando abrir o escore. O Vasco vai à frente, numa boa jogada de Zanata para Roberto, Ancheta cortou e entregou a Bolivar que com um toque rápido, passou para o lateral-dlreito Wilson, já na frente como um ponta-direita. Wilson centrou à meia altura para Zequinha, que emendou de primeira, marcando o primeiro gol, aos 19 minutos.

VASCO 1 a 1 — O Vasco passou cinco minutos praticamente dentro da área do Grêmio, forçando o Jogo pelas pontas. A defesa do Grêmio se defendia bem. Mas aos 42 minutos, Luis Carlos passou por Wilson e centrou, Roberto de lado para o gol, cabeceou com violência, vencendo Picasso, que ainda tentou a defesa.

VASCO 2 a 1 — Domínio total do Vasco, com o Grêmio se defendendo da melhor maneira possível. O meio-decampo do Vasco Jogando dentro do campo adversário. Aos 20 minutos, confusão na área do Grêmio a bola sobrou para Dé, que chutou para desempatar.” (Jornal dos Sports, segunda-feira, 25 de agosto de 1975)

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GRÊMIO SENTIU A BARRA PESADA NO 1º TEMPO

O Vasco foi bem melhor no primeiro tempo, apesar de o Grêmio fazer vários contra-ataques perigosas. O time gaúcho cuidou mais do seu sistema defensivo, por isso os primeiros minutos foram lentos. Depois o jogo ganhou maior movimentação. Aos 5 minutos, numa tabela, entre Dé e Roberto, quase o Vasco abriu o escore, Picasso agarrou firme a bola chutada por Dé. Mas o Grêmio marcou primeiro, quando o Vasco era melhor.

7 minutos — Dé foi lançado, passou por Wilson, ficou com boa situação para marcar, foi empurrado por Ancheta, mas o juiz mandou seguir o lance. O Vasco continuou dominando e, aos 10 minutos, Luís Carlos centrou para Roberto, que matou a bola no peito, chutou mas Picasso defendeu.

15 minutos — Tarciso foi lançado por Bolivar, passou por Alcir, mas Renê salvou, chutando para a frente.

18 minutos — Boa jogada do ataque do Vasco mas a defesa do Grêmio
defendeu bem, salvando a situação. No minuto seguinte, o Grêmio abriu o escore, num bom chute de Zequinha Aos 23, novo ataque rápido do time gaúcho que Joel salvou chutando a bola para a arquibancada.

33 minutos — Cacau avançou, Renê foi na jogada, se apoiou no adversário e a jogada prosseguiu, com a defesa aliviando.

37 minutos — Falta de Beto em Zanata. O apoiador cobrou por cima, dando a impressão de gol.

40 minutos — Luis Carlos cobrou córner, Picasso falhou na jogada. Tocou mal na bola mas ninguém aproveitou o lance.

44 minutos — Nova falta de Beto. Zanata cobrou e Picasso agarrou firme.

O Vasco conseguiu manter a bola mais tempo em seu poder, criando assim mais jogadas. Seus ataques eram mais rápidos, mas a defesa do time de Porto Alegre tinha sempre em Ancheta um jogador eficiente. Picasso orientou muito sua linha de zagueiros, principalmente quando a bola caía nos pés do atacante Dé. Ele gritava e gesticulava. Roberto também foi sempre uma preocupação para o goleiro, que só deixou passar dois gols, numa tarde em que o Vasco esteve bem

FIRMEZA DE MAZAROPI TRANQÜILIZOU A EQUIPE

Os primeiros minutos mostraram o time do Vasco com mais disposição. Com cinco minutos de jogo, fez dois ataques perigosos. O Grêmio recuou seu meio-campo, para garantir o empate. Só atacou em jogadas isoladas. Mas nos dez minutos finais, o Grêmio tentou o empate no desespero, mas a defesa do Vasco, com Renê em primeiro plano, garantiu a vitória.

Ao primeiro minuto desta fase o Vasco foi à frente. Zanata lançou Dé, que entrou pela área e foi agarrado por Ancheta, chegando a cair, o juiz não marcou o pênalte, com a torcida vaiando. Aos 7 minutos nova tabela entre Dé e Roberto, mas Beto rebateu firme, evitando o perigo.

No minuto seguinte, Jogada sensacional de Jair Pereira, de fora da área, tentando encobrir o goleiro. A bola bateu na rede, junto ao travessão dando a impressão de gol.

Aos 11 minutos, penetração de Cacau, mas Mazaropi numa grande defesa salvou. Nesse lance o goleiro do Vasco deu tranquilidade à sua defesa.

21 minutos — Neca, impedido invalidou uma boa jogada do ataque do Grêmio.

25 minutos — Jair Pereira lançou Dé. Beto salvou colocando a córner.

27 minutos — Vasco perde grande chance de aumentar o escore. Luís Carlos, em boa situação, se atrapalhou na hora de chutar e permitiu que a defesa do Grêmio salvasse.

Mazaropi teve muito trabalho nos minutos finais. O time do Grêmio foi todo à frente, em busca do gol de empate. Tarciso, Loivo, Nenê e Valdir deram chutes perigosos e num deles do lateral-direito, o goleiro do Vasco salvou de pé. Foi um lance de muito perigo. O jogo terminou com a bola no meio-de-campo, com Jair Pereira caído, sofrendo falta de Beto.” (Jornal dos Sports, segunda-feira, 25 de agosto de 1975)

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Fotos: Ronaldo Theobald (Jornal do Brasil) Juscelino Sorrentino e Jair Motta (Jornal dos Sports)

Vasco 2×1 Grêmio

VASCO: Mazarópi; Paulo César, Joel Santana, Renê e Alfinete (Celso Alonso); Alcir, Zanata e Luís Carlos; Jair Pereira, Roberto Dinamite e Dé.
Técnico: Mário Travaglini

GRÊMIO: Picasso, Vilson Cavalo, Ancheta, Beto Bacamarte e Sérgio Vieira; Bolívar (Loivo), Cacau (Osmar) e Neca; Zequinha, Tarciso e Nenê
Técnico: Ênio Andrade

Brasileirão 1975 – Primeira Fase – 2ª Rodada
Data: 25 de agosto de 1975, domingo, 16h00min
Local: São Januário, no Rio de Janeiro – RJ
Público: 18.373 pagantes
Renda: Cr$ 289.220,00
Árbitro: José de Assis Aragão
Auxiliares: Wilson Dias Durão e José Valeriano Correia
Gols: Zequinha, aos 19 minutos e Roberto Dinamite aos 42 minutos do primeiro tempo; Dé, aos 20 minutos do segundo tempo

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